Durante dois dias (sábado, 26, e domingo, 27), os participantes tiveram a oportunidade de acumular conhecimentos sobre a história e a atualidade das lutas sindical e do trabalhador brasileiro e de grande parte da história política, econômica e social do país.
O curso foi ministrado pelo professor Ayran Lima, da Universidade de Brasília (Unb). Ele começou propondo uma reflexão sobre a histórica desigualdade econômica e social da população brasileira, citando alguns números atuais que comprovam essa realidade. Por exemplo: menos de 3% da População Economicamente Ativa (PEA) têm curso superior; 4% apenas recebem salário acima de R$ 5 mil; 83% vivem com apenas um salário mínimo. Essa disparidade, explicou o professor, é fruto da má distribuição de renda, que, por sua vez, se dá através da exploração dos trabalhadores.
Dando seqüência, o professor Ayran abordou, fase por fase, a luta dos trabalhadores e a evolução do sindicalismo brasileiro. O movimento sindical no Brasil começou no início do século passado, organizado pelo operariado da incipiente indústria nacional. Como esses trabalhadores eram, em sua grande maioria, imigrantes europeus, buscaram naquele continente o modelo para organização do segmento no novo país em que passaram a viver. Depois de muitas negociações, com a realização dos primeiros congressos dos trabalhadores, inclusive, optou-se pela adoção do modelo anarquista, que predominava no sul da Europa.
Ao longo do curso, com as explicações do professor Ayran Lima, os participantes puderam chegar à triste constatação de que as mais significativas conquistas dos trabalhadores brasileiros, até hoje, são devidas ainda à ação do sindicalismo anarquista, que foi sufocado inicialmente durante o governo do Marechal Hermes e praticamente enterrado pela ditadura do presidente Getúlio Vargas. Depois disso, o movimento sindical, ou acabou reprimido pelos governos ditadores ou cooptado pelos governos.
Para o professor Ayran, o sindicalismo somente se mantém forte se, além de respeitar as suas bases, conduzir-se com totais autonomia e independência em relação aos patrões, partidos políticos e governos.
É esse o caminho trilhado pelo SITRAEMG. E para que os seus filiados estejam cada vez mais preparados para essa realidade, e para as lutas em defesa e pela preservação dos seus direitos, o Sindicato pretende realizar o curso Concepção e Práticas Sindicais em outras regiões do estado.