A coordenação do Sitraemg manifesta sua solidariedade aos indígenas Yanomamis de Roraima que estão sofrendo grave crise humanitária.
As imagens de crianças e idosos em quadros severos de desnutrição retratam as consequências da ação ilegal de garimpeiros na região.
Devido ao aumento de mortes de indígenas por desnutrição e por malária, em 20 de janeiro, o governo federal a decretou Emergência em Saúde Pública naquele território. Veja aqui.
Entre as medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde para controlar a crise estão a instalação de um hospital de campanha, o envio de insumos e profissionais de saúde.
Por sua vez, o Ministério da Justiça anunciou a abertura de um inquérito para “apurar o crime de genocídio” na região.
O garimpo ilegal na região
O garimpo ilegal na região é um dos problemas centrais que ameaçam a vida do povo Yanomami. De acordo com o relatório Yanomami Sob Ataque, publicado em abril de 2022 pela Hutukara Associação Yanomami e pela Associação Wanasseduume Ye’kwana, a intensidade e a escala do garimpo ilegal cresceram “de maneira impressionante nos últimos cinco anos”.
Contando com a assessoria técnica do Instituto Socioambiental (ISA), o relatório traz dados do MapBiomas que mostram a acentuação na curva de destruição pelo garimpo a partir de 2016. “Nos cálculos da plataforma, de 2016 a 2020 o garimpo na Terras Indígenas Yanomami cresceu nada menos que 3.350%”, aponta.
Segundo o levantamento das associações, em outubro de 2018, a área total destruída pelo garimpo somava pouco mais de 1.200 hectares. O número saltou para o total de 3.272 hectares destruídos em dezembro de 2021.
Saúde
As associações indígenas da região destacam que o garimpo ilegal está relacionado a três impactos imediatos na saúde da população.
O primeiro é a malária, associada diretamente a atividade garimpeira ilegal. Os garimpeiros circulam por muitas áreas mesmo estando infectados e acabam carregando o protozoário causador da doença para regiões que estavam com a situação controlada.
O segundo aspecto é o uso de mercúrio para a exploração dos minérios. Metal pesado e altamente tóxico, o mercúrio contamina a água e os alimentos consumidos pelas pessoas.
O terceiro impacto destacado pelas entidades é a insegurança generalizada imposta pelo aumento da circulação de garimpeiros armados nas diferentes regiões da Terras Indígenas Yanomami (TIY). Isso “tem causado transtornos ao atendimento à saúde das comunidades indígenas, com o total abandono de postos de saúde em alguns casos e, inclusive, a ocupação das pistas comunitárias para a operação e abastecimento do garimpo”, diz o relatório.
Estima-se 20 mil garimpeiros estejam atuando na região neste momento.
De acordo com o relatório da ISA, esses fatores ajudam a explicar as imagens compartilhadas nos últimos dias, que mostram crianças, adultos e idosos desnutridos e em estado crítico de saúde.
O mesmo relatório Yanomamis Sob Ataque traz pesados relatos sobre meninas indígenas sendo estupradas por garimpeiros. O tema foi debatido no programa Estúdio I, da Globo News.
Para a coordenação do Sitraemg é fundamental que sejam adotadas as medidas cabíveis para interromper o garimpo ilegal na região. A investigação deve buscar também os receptadores do ouro extraído ilegalmente.
Além disso, a coordenação do sindicato reforça seus votos em solidariedade ao povo Yanomami e manifesta seu apoio às medidas do governo federal em defesa daquela população.
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Assessoria de Comunicação
Sitraemg