Centrais sindicais divergem sobre próximos passos

Compartilhe

As maiores centrais sindicais do Brasil estão divididas quanto às estratégias a serem adotadas após a aprovação da reforma trabalhista pelo Senado na terça-feira. Enquanto UGT e Força Sindical apostam na negociação com o Planalto para obter vetos e a edição de uma medida provisória alterando pontos da reforma, a CUT diz que não negocia com “governo golpista” e avalia que Michel Temer não tem força para aprovar uma MP no Congresso.

As centrais reúnem-se hoje, em São Paulo, para definir os próximos passos da mobilização. Segundo Vagner Freitas, presidente da CUT, a entidade pretende adotar dois caminhos: recorrer à Justiça regional solicitando o reconhecimento da inconstitucionalidade da reforma e fortalecer a campanha por eleições diretas, para tentar reverter a mudança da CLT com a eleição de um presidente contrário à medida.

“A CUT não acredita em medida provisória de um governo golpista que está caindo e não apoia isso”, diz Freitas. “Temer não tem força, nem condição moral agora, sendo indiciado, para fazer tal medida. Até pode mandar [para o Congresso], mas daí aos deputados votarem, é quase impossível”, afirma o sindicalista.

Após a aprovação da reforma pelo Senado na terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou que não reconhecerá o acordo feito entre Senado e o presidente Michel Temer para promover ajustes no texto por meio de medida provisória. Em sentido semelhante, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), também afirmou não ter compromisso com a edição de uma MP.

Apesar das declarações dos líderes do Congresso, Força Sindical e UGT ainda colocam suas fichas nos vetos presidenciais e na medida provisória. “A UGT esteve com Michel Temer quatro vezes e foi confirmado na última vez que vai ter essa MP, com acordo com as lideranças. Se não fosse esse acordo, o Senado não votaria como votou”, acredita o presidente da central, Ricardo Patah.

Segundo ele, em reunião com Temer prevista para o início da próxima semana, sete pontos principais deverão ser tratados: a retirada das homologações dos sindicatos; a possibilidade de dispensa do apoio sindical na negociação de acordo trabalhista em empresas com mais de 200 empregados; limites ao trabalho intermitente; a possibilidade de acordo individual; o veto ao trabalho de mulheres grávidas e lactantes em lugares insalubres; limites à terceirização; e, por fim, a questão do custeio sindical.

CUT, Força Sindical e UGT se dizem todas favoráveis a contribuição sindical negocial – acordada pelas categorias em assembleia, no processo de convenção coletiva. O modelo difere do atual, no qual a contribuição é obrigatória, equivalente a um dia de trabalho e descontada diretamente na folha de pagamento. As centrais também são contrárias à extinção gradual do imposto sindical, como cogitado no Senado.

Passada a trabalhista, as centrais voltam-se agora à reforma da Previdência. Na visão de João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, a pauta tem maior potencial de mobilização, por envolver um universo de afetados mais amplo do que os trabalhadores com carteira assinada. “Pode escrever aí: reforma da Previdência não vai ter nesse governo”, diz Patah, da UGT.

Compartilhe

Veja também

Pessoas que acessaram este conteúdo também estão vendo

Busca

Notícias por Data

Por Data

Notícias por Categorias

Categorias

Postagens recentes

Nuvem de Tags