A proposta, que regulamenta o trabalho terceirizado no setor privado, será enviada ao Senado. Entre outros pontos, o texto cria regras de sindicalização dos terceirizados; e prevê a responsabilidade solidária da empresa contratante e da contratada nas obrigações trabalhistas.
A Câmara dos Deputados concluiu nesta quarta-feira (22) a votação do projeto de lei da terceirização (PL 4330/04). Foi aprovada em Plenário uma emenda que permite a terceirização das atividades-fim das empresas do setor privado e que alterou diversos pontos do texto-base da proposta. O texto seguirá para o Senado.
A emenda, de autoria do PMDB e do Solidariedade, foi aprovada por 230 votos a 203. O texto não usa os termos atividade-fim ou atividade-meio, mas permite a terceirização de qualquer setor de uma empresa.
Assinada pelo relator do projeto, deputado Arthur Oliveira Maia (SD-BA), e pelo líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ), a emenda também ampliou os tipos de empresas que podem atuar como terceirizadas, abrindo a oferta às associações, às fundações e às empresas individuais (de uma pessoa só). O produtor rural pessoa física e o profissional liberal poderão figurar como contratante.
Outra mudança em relação ao texto-base é a diminuição, de 24 para 12 meses, do período de quarentena que ex-empregados da contratante têm de cumprir para poder firmar contrato com ela se forem donos ou sócios de empresa de terceirização. Os aposentados não precisarão cumprir prazo. A quarentena procura evitar a contratação de ex-empregados por meio de empresas individuais.
Já a subcontratação por parte da contratada (“quarteirização”) somente poderá ocorrer quando se tratar de serviços técnicos especializados.
Empregos ou precarização
O líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), criticou a proposta. “Querem transformar celetistas em PJ [pessoa jurídica]. O projeto original falava em 24 meses e, agora, está em 12. Vai facilitar a burla do projeto legítimo da terceirização”, afirmou.
Para o relator, Arthur Oliveira Maia, o projeto foi debatido durante bastante tempo. Ele ressaltou que a diferenciação entre atividade-meio e atividade-fim foi criada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). “Essa diferenciação só existe no Brasil e não foi criada por esta Casa, que tem a função de legislar”, criticou.
A terceirização da atividade-fim é condenada pelos sindicalistas com o argumento de que fragilizará a organização dos trabalhadores e, consequentemente, sua força de negociação com as empresas. Já os empresários argumentam que essa sistemática de contratação trará mais agilidade e redução de custos para a contratante, com efeitos na economia. (Fonte: Agência Câmara)
Veja como votou a bancada mineira no texto-base das terceirizações:
A favor
Carlos Meles (DEM)
Misael Varela (DEM)
Mário Heringer (PDT)
Marcelo Aro (PHS)
Laudívio Carvalho (PMDB)
Leonardo Quintão (PMDB)
Mauro Lopes (PMDB)
Newton Cardoso Júnior (PMDB)
Saraiva Felipe (PMDB)
Silas Brasileiro (PMDB)
Rodrigo Pacheco (PMN)
Dâmina Pereira (PP)
Dimas Fabiano (PP)
Luiz Fernando Faria (PP)
Odelmo Leão (PP)
Toninho Pinheiro (PP)
Aelton Freitas (PR)
Bilac Pinto (PR)
Marcelo Álvaro Antônio (PRP)
Júlio Delgado (PSB)
Stéfano Aguiar (PSB)
Tenente Lúcio (PSB)
Raquel Muniz (PSC)
Diego Andrade (PSD)
Jaime Martins (PSD)
Marcos Montes (PSD)
Caio Nársio (PSDB)
Domingos Sávio (PSDB)
Eduardo Barbosa (PSDB)
Marcus Pestana (PSDB)
Paulo Abi Ackel (PSDB)
Rodrigo de Castro (PSDB)
Luiz Tibé (PTdoB)
Pastor Franklin (PTdoB)
Delegado Edson Moreira (PTN)
Fábio Ramalho (PV)
José Silva (SD)
Contra
Jô Moraes (PCdoB)
Wadson Ribeiro (PCdoB)
Ademir Camilo (PROS)
Adelmo Carneiro Leão (PT)
Lincoln Portela (PR)
Margarida Salomão (PT)
Padre João (PT)
Weliton Prado (PT)
Eros Biondini PTB)
Bruni Gomes (PTC)
Não votaram
Bonifácio Andrada (PSDB)
Renzo Braz (PP)
Grabriel Guimarães (PT)