Em dia de mais protestos em Brasília, ministro recebeu Comissão de Finanças e teria confirmado reunião com Lula na sexta
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, defendeu a aprovação do PL 6613/2009 ao receber, em seu gabinete, parlamentares que integram a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Também mencionou, na reunião ocorrida no início da noite da quarta-feira (23), que a greve no Judiciário está incomodando e que é preciso buscar uma solução para o projeto.
Do lado de fora do STF, servidores de diversos estados do país davam prosseguimento à vigília pelo PCS-4, que na noite anterior já havia levado velas e quadrilha junina para porta da mais alta corte do país.
Os deputados teriam dito ao ministro que estão dispostos a ajudar na negociação que leve a um acordo orçamentário para o projeto que revisa o plano de cargos e salários dos servidores, que se encontra na comissão.
Segundo relato do deputado Valtemir Pereira (PSB-MT), a conversa teria sido ‘proveitosa’, mas não foi selado acordo em torno da aprovação do projeto.
“O deputado me disse que foi uma boa reunião, que abriu caminho para as negociações, mas que não foi fechado qualquer acordo, ao menos não ali”, relata Pedro Aparecido, dirigente da federação nacional (Fenajufe) e do sindicato do Mato Grosso (Sindijufe), que conversou com Valtemir pouco depois do término do encontro.
Também participaram o presidente da Comissão de Finanças, Pepe Vargas (RS-PT), e o deputado Cláudio Antônio Vignatti (PT-SC), além do diretor-geral do STF, Alcides Diniz.
Reuniões com Planejamento
Ao longo da conversa, os deputados teriam dito que é tecnicamente possível viabilizar a aplicação do projeto já para 2010, por meio de uma emenda ao orçamento, mas que, para isso, seria necessário um acordo político.
Para Pedro Aparecido, o fato de a reunião ter ocorrido é positivo e reforça a movimentação desta semana em busca de avanços nas negociações. “Mas como ainda não há acordo com o governo e não sabemos se vai haver um na reunião com o Lula na sexta, tem que permanecer em greve e fortalecer o movimento, até que o acordo saia”, defendeu.
A marcação da reunião do presidente do STF com o presidente Lula para manhã de sexta-feira teria sido confirmada aos deputados pelo próprio Peluso. A informação também foi ratificada por um assessor da Presidência, na tarde daquele dia, ao servidor Antonio Melquíades, o Melqui, dirigente da federação e do sindicato de São Paulo (Sintrajud).
A possível reunião do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, com Peluso não aconteceu. Bernardo teria acompanhado o presidente Lula em viagem aos estados do Nordeste atingidos pelas chuvas. Sabe-se ainda que o encontro que o titular do Planejamento teria nesta quinta-feira com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também para tratar do PCS do MPU, foi remarcada para terça-feira (29), às 10 horas da manhã.
Greve deve continuar
O Comando Nacional de Greve voltou a avaliar que as movimentações envolvendo os Três Poderes em Brasília só ocorrem por conta das mobilizações. O servidor Sebastião Edmar, que integra o Comando em Brasília, observa que o presidente do Supremo marcou a reunião com Lula no momento em que o movimento grevista decidiu que o principal objetivo é justamente tentar sensibilizá-lo a fazer isso. “Agora é fundamental mantermos a greve no Brasil inteiro, tem que manter mesmo com as dificuldades”, disse o servidor do TRE de Minas Gerais e dirigente do Sitraemg.
Para Melqui, dois aspectos devem ser destacados da reunião do presidente do STF com os deputados da Comissão de Finanças: o fato de a possibilidade de o projeto começar a vigorar ainda este ano ter sido levantada e as referências de Peluso à paralisação da categoria. “Mostra que a greve é importante e incomoda”, diz.
Por Hélcio Duarte Filho, jornalista do Luta Fenajufe, especial para o SITRAEMG
