Reunião em Brasília confirma a greve por tempo indeterminado pelo PCS-4 e contra o congelamento; em Minas, atos com assembleia acontecem nos dias 5 e 6
Agora é greve. Os servidores do Judiciário Federal e do MPU ratificaram a decisão do Congresso Nacional da categoria e aprovaram o início da greve por tempo indeterminado para o dia 6 de maio, quinta-feira que vem.
Representantes de 27 sindicatos do país, reunidos em Brasília, no domingo 2, avaliaram que só a greve poderá forçar o governo a negociar e suspender o bloqueio que faz à tramitação dos projetos de lei que revisam os planos de cargos e salários (PL 6613/2009, do Judiciário, e PL 6697/2009, do MPU).
O SITRAEMG enviou representantes a Brasília, eleitos em assembleia, para participar da reunião: Áurea Parreira, Márcio Souza, Vander Quadra, Mário Alves, Elvécio Loiola e Artalidde Lopes, como delegados; José Francisco, como observadores. Gerson Appenzeller e Luiz Fernando, que foram eleitos delegados, e Leda Moraes e Osmar Souto, como observadores, não foram.
O presidente do SITRAEMG participou da reunião na condição de membro da diretoria da Federação. “Existe um viés nesse governo de não aprovar nosso plano e [para reverter isso] vai depender muito da nossa mobilização”, disse Alexandre Brandi, presidente do SITRAEMG, ao informar como está a preparação da campanha pelo PCS-4 em Minas Gerais. “No dia 6 vamos propor a deflagração da greve, é esse o desejo dos mineiros e estamos lutando para isso”, afirmou.
O estado de greve e o indicativo de paralisação para os dias 5 e 6 já foram aprovados em assembleia. Nestas datas haverá atos públicos, das 12h às 14h, em Belo Horizonte: dia 5, em frente ao TRT da Rua Mato Grosso; e dia 6, no TRE da Prudente de Morais. Durante o ato do dia 6 haverá, também, assembleia da categoria para deliberar sobre a greve.
‘Temos que responder com greve’
A ideia de que a greve é inevitável prevaleceu ao longo de toda reunião, que agora, por decisão do congresso da categoria, sempre tem caráter deliberativo. “O projeto foi retirado do dia 28 da pauta [da Comissão de Trabalho] por imposição do governo e temos que responder com greve”, disse Ana Luiza Figueiredo Gomes, diretora da federação nacional (Fenajufe) e servidora do TRF de São Paulo, ao defender a aprovação da data. “Greve já! foi o grito unitário do congresso da categoria”, recordou, referindo-se à decisão do 7º Congrejufe, ocorrido no final de março, em Fortaleza. “A categoria está perguntando: quando é que começa a greve”, ressaltou.
A reunião ampliada teve 115 delegados eleitos em assembleias nos estados. Não houve dúvida quanto à necessidade da greve, reafirmada por praticamente todos os 43 servidores, de diversos estados do país, que se inscreveram para falar sobre quais os rumos que a campanha pelo PCS-4 deveria seguir daqui por diante.
No entanto, havia dúvida quanto à data de início da greve, com duas propostas apresentadas: dia 6 ou dia 12 de maio. Prevaleceu, ao final, a indicação da quinta-feira 6, com instalação já neste dia do Comando Nacional de Greve.
PLP 549 também preocupa
Os relatos dos representantes dos sindicatos indicam que em muitos estados a categoria havia decidido por começar a greve no dia 6. Isso, porém, não foi homogêneo, já que parte das assembleias aprovou outras datas, como o dia 3, no Amazonas, e o dia 12, em Brasília. A perspectiva é de que quem não iniciar a paralisação no dia 6 trabalhe pela adesão nos dias subsequentes.
Durante a reunião, os servidores destacaram outro aspecto relevante para o início imediato da greve: o projeto de lei que pode congelar os salários dos servidores por dez anos, já aprovado no Senado, por unanimidade, no ano passado. “Vem um trem nos atropelando, que é o [PLP] 549 do congelamento. Se não reagirmos já, podemos ter toda a bancada do governo Lula, toda bancada do Serra votando contra nós”, disse Pedro Aparecido, dirigente da federação. A eventual aprovação do PLP 549 pode inviabilizar a revisão salarial do Judiciário e MPU.
É para impedir que isso aconteça e quebrar o bloqueio do governo Lula ao PCS-4 que a categoria decidiu entrar em greve.
Por Hélcio Duarte Filho, enviado a Brasília
Jornalista do Luta Fenajufe, especial para o SITRAEMG