As muitas mentiras ditas por Bush sobre o Iraque

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Washington – Duas organizações independentes de jornalismo, dos Estados Unidos, ambas sem fins lucrativos, fizeram uma pesquisa conjunta e constataram que o presidente George W. Bush e seus assessores mais importantes e influentes deram centenas de declarações falsas ou enganosas sobre a ameaça que o Iraque representava para a segurança dos norte-americanos, a fim de preparar a nação para a guerra ao presidente Saddam Hussein. A decisão de atacar Bagdá fora tomada quando a poeira das torres gêmeas do World Trade Center, derrubadas pela Al-Qaeda, ainda nem havia se assentado, sobre Nova York.

Os resultados da pesquisa foram divulgados no endereço eletrônico do Center for Public Integrity, parceiro no trabalho do Fund for Independence in Journalism. O porta-voz do governo, Scott Stanzel, evitou entrar no mérito do estudo, mas reiterou a posição já conhecida da Casa Branca, segundo a qual a opinião da comunidade internacional era favorável à guerra porque via em SaddamHussein uma ameaça. “As ações tomadas em 2003 (invasão do Iraque) foram baseadas no julgamento coletivo de agências de inteligência de todo o mundo”, ressaltou o funcionário.

CONTESTAÇÃO – O estudo contou 935 declarações falsas no período de dois anos. Foram encontradas em discursos, entrevistas e em comentários rápidos feitos por autoridades governamentais. Bush e seus colaboradores atestaram inequivocamente em pelo menos 532 ocasiões que o Iraque tinha armas de destruição em massa, ou estava tentando produzi-las ou obtê-las, e, para tornar o país ainda mais suspeito, mantinha ligações com a rede terrorista Al-Qaeda, de Osama bin Laden.

“Agora ninguém mais contesta que o Iraque não tinha armas de destruição em massa nem tinha laços significativos com a Al-Qaeda”, escreveram Charles Lewis e Mark Reading-Smith num resumo do estudo. “A verdade é que a administração Bush levou a nação a uma guerra com base em informação errônea que ela propagou metodicamente e que culminou com a ação militar contra o Iraque em 19 de março de 2003”.

Foram citados no estudo, além de Bush, o vice-presidente Dick Cheney, a então assessora de Segurança Nacional Condoleezza Rice, o secretário de Defesa Donald Rumsfeld, o secretário de Estado Collin Powell, o subsecretário de Defesa Paul Wolfowitz e os assessores de imprensa da Casa Branca Ari Fleischer e Scott McClellan.

Bush foi quem deu mais declarações falsas: 259 – 231 sobre armas de destruição em massa no Iraque e 28 sobre ligações de Saddam Hussein com a Al-Qaeda. Em segundo ficou Powell – 224 sobre as armas e 10 sobre a Al-Qaeda. “O efeito cumulativo dessas declarações falsas – amplificadas por milhares de matérias na mídia – foi maciço. A cobertura da mídia criou um ruído quase impenetrável, nos meses críticos, antes da guerra”, concluiu o documento.

PERSEGUIDOS O governo norte-americano admitiu que não foi possível cumprir as metas que estabeleceu no programa de admissão nos EUA de iraquianos cujas vidas estão ameaçadas por terem trabalhado com os invasores, no país árabe. O porta-voz do Departamento de Estado, Gonzalo Gallegos, informou que 821 iraquianos – tradutores e intérpretes e suas famílias – foram recebidos entre setembro de 2006 e setembro de 2007. Outros 39 iraquianos foram recebidos no fim de outubro, em um programa especial de vistos.

O porta-voz admitiu que os números estão longe da meta de 12 vistos fixada para o ano fiscal de 2008, que termina em setembro. “Garantimos a segurança dos EUA, ao mesmo tempo que processamos os pedidos o mais rápido possível”, disse ele. Quase 2,4 milhões de iraquianos viram-se obrigados a deixar suas casas desde a invasão norte-americana, em março de 2003, sendo que 2 milhões permanecem abrigados no próprio território iraquiano, informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Os deslocamenteos provocaram crises humanitárias na Síria e Jordânia.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, aceitou convite para visitar Bagdá, anunciou ontem o vice-ministro das Relações Exteriores do Iraque, Labeed Abawi. A viagem, se concretizada, entrará para a história, porque fará dele o primeiro governante iraniano a pôr os pés em território do país com o qual a nação islâmica travou guerra de oito e perdeu milhares de cidadãos, militares e civis.

As relações entre os dois países melhoraram depois da deposição e morte do presidente Saddam Hussein, pelos Estados Unidos e seus aliados, e de os xiitas terem assumido o comando da administração, em Bagdá. Um assessor de Ahmadinejad, que pediu para não ter identificado, disse que o convite, realmente, foi aceito, mas ainda não foi marcada uma data para a viagem. Tanto o presidente Talabani quanto o primeiro-ministro Nouri al-Maliki já visitaram o Irã.


Fonte: Jornal Estado de Minas

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