A coordenadora do SITRAEMG Elimara Gaia e o psicólogo Arthur Lobato, ambos integrantes do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM), participaram do 3º Seminário sobre Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, realizado por meio virtual na segunda-feira (24). Ambos também já haviam participado do 1º e 2º seminários, realizados em março e setembro do ano passado.
Nesse 3º seminário, além dos painéis “Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário: Panorama e perspectivas” e “Retorno às atividades presenciais: atuação dos Tribunais com representantes Estadual, Federal, Trabalhista e Eleitoral”, houve a apresentação dos resultados de pesquisa sobre o impacto que as mudanças de hábito – surgidas no contexto da pandemia do novo coronavírus – tiveram na saúde mental de magistrados e servidores do Poder Judiciário.
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A pesquisa foi realizada de forma virtual, entre os dias 1º e 15 de julho. E o SITRAEMG, inclusive, a divulgou e conclamou os servidores do PJU em Minas a participarem respondendo as 34 perguntas relacionadas às condições que o servidor e o magistrado têm para desenvolver as atividades remotas; volume de trabalho recebido durante o período da quarentena; sentimentos que têm vivenciado nesse período; seus hábitos; medos; o acúmulo de tarefas; e a responsabilidade por cuidados de crianças ou idosos.
Maior demanda e trabalho remoto têm impacto na saúde de magistrados e servidores
Pesquisa aponta mais depressão e ansiedade entre juízes e servidores na pandemia
Dados da pesquisa
Ao todo, 46.788 magistrados e servidores responderem ao questionário, sendo 30.314 (64,8%) das Justiças estaduais, 7.255 (15,5%) da Justiça do Trabalho, 4.292 (9,2%) da Justiça Eleitoral, 3.963 (8,5%) da Justiça Federal, 484 (1,0%) dos Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, TSE, STM), 229 (0,5%) das Justiças Militares estaduais, 141 (0,3%) dos Conselhos e 110 (0,2%) da Justiça Militar da União (auditorias militares).
Dos que responderam, 47,8% declararam se sentir mais cansados do que antes da quarentena e 48% se queixaram de alteração na rotina do sono. Entre os sentimentos mais comentados, um dos mais citados foi o medo (50%), desânimo (36%), piora no humor (53%), pensamentos negativos (17%), raiva e melancolia (25%).
Pelo menos 34% dos respondentes informaram que residem com pessoas que exigem cuidados diários, ou idosos, ou com deficiências. Quanto à preocupação diante da ameaça do coronavírus, 47% disseram que saem de casa, em média, uma ou duas vezes por semana; 35% raramente saem de casa; 12% três ou quatro vezes por semana e 7%, cinco ou mais vezes por semana. Do total, 75% estão em trabalho remoto integral e 18% em trabalho remoto predominantemente. Apenas 6% estavam predominantemente ou integralmente no trabalho presencial. A maioria dos entrevistados (95%) disseram que a maior parte de seu tempo estava sendo ocupada pelo trabalho.
O levantamento aponta que os transtornos mentais constituem a quarta maior causa de ausências ao trabalho no âmbito do Judiciário. Em 2018, foram 18.716 ocorrências de ausências, o que corresponde a 10% do absenteísmo causado por doença, sendo que a ansiedade e a depressão foram as mais relatadas pelos servidores e magistrados.
Reflexos do volume de trabalho na saúde dos servidores e magistrados
O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, afirmou nesta segunda-feira (24/8) que o grande número de judicialização de questões relativas à pandemia da Covid-19 se somou ao alto número de demanda judicial, o que reflete diretamente na saúde dos magistrados e servidores do Poder Judiciário. “Eles tiveram que reforçar a usual dedicação ao trabalho e se adaptar rapidamente às novas ferramentas de trabalho a distância. Trata-se de uma soma de fatores que impacta na saúde mental”, afirmou.
“É necessário que não percamos nossas diretrizes para seguirmos sempre no caminho de levar ao cidadão respostas rápidas e eficientes. É crucial que possamos garantir as condições saudáveis e seguras de trabalho para todos os magistrados e servidores, pois não estaremos protegendo apenas os integrantes do Judiciário, mas a própria sociedade, pois é a ela quem servimos”, afirmou o ministro Humberto Martins, corregedor nacional do CNJ.