Em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho, da CUT nacional, o coordenador Júlio Turra, da executiva nacional da CUT, destaca a necessidade das entidades cutistas colocarem toda força nesta reta final para a Marcha Nacional do dia 15 de agosto, envolvendo toda a classe trabalhadores, dos setores público e privado.
Confira a entrevista do diretor da CUT:
Como está a preparação do 15 de agosto?
A uma semana da mobilização nacional da CUT em Brasília, em vários pontos do país se preparam caravanas para levar à capital federal as reivindicações dos trabalhadores. Várias CUTs estaduais fizeram plenárias com os sindicatos filiados e hoje organizam ônibus para ir a Brasília. Só de São Paulo está prevista a saída de 50 ônibus [incluindo os que levarão os lúrgicos para o acampamento que se instala em 14 de agosto]. Mesmo de um estado distante, como Pernambuco, a mobilização já garantiu 7 ônibus.
Os eixos propostos pela CUT estão sendo desdobrados pelas confederações dos distintos ramos. Assim, por exemplo, a Conticom [construção civil] organiza sua caravana reivindicando o enquadramento da categoria como periculosa e um piso nacional para o setor. Também os aposentados participarão com suas reivindicações específicas e o 15 de agosto recebeu o apoio de Encontros estaduais do PT que se realizaram neste período. Nas caravanas também haverá presença de estudantes e militantes do movimento popular.
Assim, se jogarmos toda a força nesta reta final de preparação da ida a Brasília, certamente atingiremos o objetivo de concentrar milhares e milhares de trabalhadores na capital federal.
O que destacaria da plataforma levantada pela CUT?
Neste momento marcado pelas medidas anti-sindicais adotadas contra a greve dos metroviários de São Paulo [2 e 3 de agosto], que incluem multa milionária imposta pela Justiça e a demissão de 61 grevistas pelo governo Serra [PSDB], a defesa do irrestrito direito de greve ganha destaque na mobilização.
Ainda mais que Serra acaba de se dirigir ao governo Lula pedindo urgência na adoção do projeto de lei que coíbe a greve no setor público, projeto repudiado pela CUT e pelo conjunto das entidades do funcionalismo.
Além disso, o fantasma da Emenda 3 continua rondando o Congresso Nacional, e os patrões não desistiram de encontrar um substitutivo que lhes permita burlar a legislação trabalhista. Quanto ao PLP 01, na audiência que a CUT manteve com o presidente Lula e ministros em 24 de julho, o ministro Paulo Bernardo até sinalizou a possibilidade de alterar seu conteúdo, mas insistiu que algum ‘limitador’ de salários tem que existir, o que para a CUT e sua grande base nas entidades de servidores públicos é inaceitável.
Penso também que a afirmação categórica da CUT de que não aceita qualquer redução de direitos numa eventual Reforma da Previdência, é um ponto forte da mobilização, Mas o principal é que o conjunto da plataforma levantada por nossa central unifica os trabalhadores dos setores público e privado, do campo e da cidade, os ativos e aposentados, permitindo que seus eixos se desdobrem em reivindicações concretas de cada setor.
Qual é o significado, então, desta mobilização nacional?
Os milhares de manifestantes que ocuparão Brasília em 15 de agosto querem fazer valer o mandato popular que reelegeu Lula. E Lula foi reeleito não para atender a agenda dos patrões, que seguem pressionando por ela dentro e fora do governo, mas sim para dar respostas positivas às reivindicações dos trabalhadores.
Por isso é fundamental que a passeata que ocorrerá na manhã do dia 15 [concentração na Catedral], se dirija ao Palácio do Planalto, onde uma delegação da CUT deve ser recebida por Lula. O presidente já recebeu a pauta de dirigentes da central que se entrevistaram com ele em 24 de julho, ocasião em que Luiz Dulci, presente na reunião junto com outros ministros, registrou que a CUT voltaria em 15 de agosto para receber respostas do governo.
O 15 de agosto também deve ser um ponto de apoio para a mobilização de toda a base cutista para o Plebiscito pela Anulação do Leilão de Privatização da Vale do Rio Doce na primeira semana de setembro, no qual a CUT intervirá, ao lado de outras entidades da Coordenação de Movimentos Sociais como a UNE e a CMP, agitando uma única questão: o Não, para que a Vale – cujo leilão pode ser anulado se o governo federal intervir nesse sentido – continue em mãos privadas.
Agora é ampliar a mobilização organizando mais ônibus para ir a Brasília e dizer bem alto: contra a agenda dos patrões, Lula atenda a CUT.