Uma caravana de filiados do SITRAEMG, organizada pela entidade, participou de diversas atividades de mobilização nesta semana, em Brasília (DF), contra a Reforma da Previdência, cuja tramitação acabou sendo suspensa anteontem (segunda-feira, 19) em razão do decreto do presidente da República, Michel Temer, que determinou a intervenção federal na segurança pública no estado do Rio de Janeiro, período em que, segundo a Constituição Federal, não pode haver votação de qualquer proposta de mudança da carta magna brasileira.
Na audiência pública que debateu “A situação dos aposentados e pensionistas”, promovida ontem (terça-feira, 20) pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, no auditório Senador Petrônio Portela, o coordenador do SITRAEMG Paulo José da Silva foi convidado pelo presidente da Comissão, senador Paulo Paim (PT/RS), para compor a mesa e também e para se manifestar como representante do sindicato mineiro.
Confira o vídeo – a fala do coordenador do SITRAEMG está entre 2:44:44 e 2:48:40:
Depois de tantos elogios a Paim manifestados nas falas de colegas sindicalistas que o antecederam, o coordenador do SITRAEMG ressaltou que o senador gaúcho merecerá todos os aplausos e elogios, por muitos e muitos anos, por ter um histórico de luta diária pela valorização do salário, pela recomposição do salário mínimo, sempre pelo trabalhador menos favorecido. Ele também reclamou que, nos últimos anos, os servidores do Judiciário Federal foram pegos como “bode expiatório”, acusados de ganhar muito, trabalhar pouco e aposentar cedo. Enquanto isso, dão pouco importância ao fato de que o presidente Temer se aposentou aos 55 anos, o ministro Eliseu Padilha também se aposentou votou cedo e com alto vencimento, assim como todos os principais ministros da tropa de choque do governo. Já os servidores públicos, lembrou o sindicalista, aposentam-se com idade mínima de 60 anos, com um mínimo de 25 anos no serviço público.
Diante disso, conclamou todos os colegas do funcionalismo federal, estadual e municipal a se unirem e se engajarem na luta pela valorização do servidor público. “A nossa união foi feita. E foi dessa forma que derrubamos essa Reforma da Previdência. Foi a união de todos os trabalhadores”, frisou, lançando um desafio ao governo: “Não vamos deixar passar nenhuma reforma que vier pela frente. Seja qual for o presidente, vão estar aqui pessoas que irão lutar contra qualquer tentativa de retirada de direitos dos servidores”.
Por último, Paulo José da Silva, dirigindo-se a “um certo deputado do Mato Grosso do Sul”, sem citar nome mas claramente se referindo ao deputado licenciado e atual ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB/MS), que vinha sendo um dos principais articuladores no Congresso em defesa da Reforma da Previdência, parodiando (cantando e dançando) um trecho da música “Tudo está no seu lugar”, do cantor e compositor Benito Di Paula: “Tudo está no seu lugar, graças a Deus, graças a Deus… Tudo está no seu lugar, e o senhor não vai voltar”.
Confira a seguir, na íntegra, matéria sobre a audiência pública publicada no site do Senado:
“Em audiência na CDH, Pimentel aponta razões administrativas para déficit da Previdência
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) promoveu audiência pública nesta terça-feira (20) para discutir a situação dos aposentados e os devedores da Previdência Social. A reunião foi a segunda do ciclo de debates sobre o tema.
O senador José Pimentel (PT-CE), que foi ministro da Previdência Social entre 2008 e 2010, relatou que, até o ano de 2015, o caixa da Previdência dos trabalhadores urbanos apresentava saldo positivo. Para ele, o rombo apareceu quando a pasta foi integrada ao Ministério da Fazenda.
— É por isso que o Ministério da Previdência foi extinto em 16 de maio de 2016. Porque ao extinguir o ministério, o cofre da Previdência foi para o Ministério da Fazenda.
Pimentel avaliou ainda que o governo privilegia os grandes devedores da Previdência e trata com desdém os contribuintes das micro e pequenas empresas.
Propaganda
O representante da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura, Francisco Urbano, pediu a mobilização da sociedade para impedir que o governo utilize propaganda para plantar informações desfavoráveis aos aposentados e pensionistas.
— Antes de começar as eleições, eles vão inventar que não têm dinheiro pra pagar os aposentados, nós da Previdência. Para mostrar o calote que nós estamos dando e não eles. Vamos apostar, vamos ficar atentos a isso.
O senador Paulo Paim (PT-RS), autor do pedido da audiência, agradeceu a mobilização de parte da sociedade contra a Reforma da Previdência.
— A Previdência é do povo brasileiro, e não é dos banqueiros. Vida longa a esse povo querido que se mobilizou no pais inteiro e por isso eles recuaram.
Durante a audiência, a decisão de suspender a análise das Propostas de Emenda à Constituição (PEC) até o dia 31 de dezembro foi comemorada.
Fonte: Agência Senado