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SITRAEMG participa de debate sobre fechamento de empresa que prevê cerca de 900 demissões em Ouro Preto

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Participantes cobram intervenção do Estado e da União

Dentro do propósito do SITRAEMG de apoiar a luta da classe trabalhadora tanto do serviço público quanto da iniciativa privada, na viagem a Ouro Preto nessa quarta-feira, 5, além de se reunirem com os colegas nas unidades locais da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral (veja aqui), os coordenadores do SITRAEMG Célio Izidoro e Daniel Oliveira também participaram de audiência pública na Câmara de Vereadores do município que discutiu o fechamento da unidade da Novelis de Ouro Preto, previsto dezembro.

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O coordenador do SITRAEMG Célio Izidoro na audiência pública em Ouro Preto – Fotos tiradas pelo também coordenador Daniel Oliveira

Fabricante de alumínio primário, a unidade é controlada pelo grupo indiano Aditya Birla Group. Para a mídia, a alegação é de que encerramento das atividades na cidade mineira deve-se a estratégia de focar, daqui para frente, em laminação e reciclagem do alumínio no País. Sabe-se, porém, que a empresa acumula um passivo de mais de R$ 2,5 bilhões em ações trabalhistas, ambientais e fiscais. Caso se confirme o fechamento da unidade, mais de 900 pais de família podem perder o emprego: 500 empregados diretos e outros 400 de empresas terceirizadas. O objetivo da audiência é tornar pública a resistência dos trabalhadores e buscar o apoio da população e do poder público diante dessa ameaça.

Antes da audiência pública, ainda pela manhã os trabalhadores da Novelis realizaram uma assembleia na entrada do turno e votaram a participação também de representantes da Assembleia Legislativa de Minas Gerais no debate na Câmara Municipal.

Logo em seguida, com a participação do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), vários sindicatos de metalúrgicos de todo o Estado, como das cidades de São João Del Rei, Pirapora, Barão de Cocais e o apoio da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais e da CSP-Conlutas, foi fechada a BR 356, no trevo de Ouro Preto, por cerca de 1 hora e meia.

Os protestos fizeram parte de uma jornada de luta contra o fechamento da empresa, uma das  maiores produtoras de alumínio do mundo. A política da empresa, denunciam os organizadores do movimento, é fechar esta unidade para vender energia elétrica no mercado livre, pois possui 8 usinas próprias e participação em outra usina.

Confira, abaixo, as informações sobre os debates travados na Câmara de Ouro Preto, em matéria publicada no site da Assembleia Legislativa.

Novelis afirma que fechamento de unidade é irreversível

Fábrica de alumínio de Ouro Preto deve encerrar suas atividades em dezembro, desativando 350 postos de trabalho

“A decisão é dura, difícil e grave. Nós entendemos a importância da empresa para a história do município, mas é uma decisão irreversível, fruto de uma crise que não é exclusiva da Novelis”, afirmou o assessor da diretoria da empresa, Ricardo Carneiro. Ele participou de audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira (5/11/14), em Ouro Preto (Região Central do Estado), para debater o fechamento da unidade local de alumínio primário. Instalada desde a década de 1950 na cidade, a decisão da empresa de encerrar suas atividades até dezembro deste ano representará o fechamento de 350 postos de trabalho diretos e o fim da produção de 18 mil toneladas por ano de tarugos (peças metálicas).

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Composição da mesa durante os debates

Segundo Ricardo Carneiro, a decisão da Novelis partiu de uma crise mundial do alumínio primário que vem ocorrendo desde 2008, com redução do preço em dólar do metal, inviabilizando a planta em vários países. De acordo com ele, em 2008, o Brasil produziu 1,6 milhão de tonelada de alumínio primário e este ano a estimativa é que essa produção seja de cerca de 950 mil toneladas. “O Brasil passou de exportador de alumínio primário para importador”, disse Ricardo Carneiro.

Por essas razões, o assessor da diretoria da Novelis justificou a decisão da empresa e afirmou que está à disposição para dar as respostas que a comunidade e autoridades precisam. Disse ainda que a Novelis fez um esforço ao longo dos últimos anos para manter suas operações e empregos na unidade de Ouro Preto. “Uma das ações foi a concentração da operação da fábrica na produção de tarugo, abandonando a produção de placas”, disse.

Ricardo Carneiro reconheceu ainda que a Novelis possui passivos ambientais, que estão sendo identificados, e que irá apresentar um plano de mediação, com cronogramas de execução e análise de risco dessas áreas. Também afirmou que a Novelis tem saúde financeira para manter seus encargos e obrigações, principalmente as relativas às medidas ambientais.

Em contraponto à posição da empresa, o diretor de Política Sindical do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Julião, Roberto Wagner Carvalho, disse que desde 2009 tem chamado a empresa para conversar e que, quando ela afirma que a decisão de fechamento da unidade é irreversível, mostra que realmente não está disposta a conversar. O sindicalista também questionou o fato de a Novelis explorar a região e depois ir embora, e convocou os trabalhadores a lutar para que a fábrica não feche. “Temos que cobrar a responsabilidade social dessa empresa”, afirmou Roberto.

Segundo ele, o trabalhador quer a continuidade da produção e está disposto a trabalhar. Roberto Carvalho afirmou ainda que a unidade de Ouro Preto é viável e obtém lucros. Nesse sentido, o autor do requerimento para o debate, Celinho do Sinttrocel (PCdoB), ponderou que a afirmação da empresa de que a decisão é irreversível é muito pesada e grave. Por isso, fez um apelo para que a Novelis se sensibilize a debater e negociar essa decisão.

Participantes cobram intervenção do Estado e da União

Presente na reunião, o coordenador-geral das Indústrias Intensivas em Recursos Naturais do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tólio Edeo Ribeiro, disse que, em virtude da decisão da Novelis, o órgão está disposto a abrir canais de diálogo para que esses empregos permaneçam na região, que tem vocação para a metalurgia. Em sua opinião, é preciso buscar formas de manter o emprego dessas pessoas, como novos empreendimentos, que irão absorver essa mão-de-obra qualificada.

No entanto, o assessor de Formação e Política da Federação Sindical e Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Minas Gerais, Geraldo de Araújo Silva, disse que o cenário não é positivo na região, principalmente porque nada da riqueza produzida fica no Brasil, nem minério nem dinheiro. “Fica doença respiratória e buraco. Só esse ano morreram 25 trabalhadores na mineração”, disse.

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O plenário da Câmara Municipal ouro-pretana permaneceu lotada durante a audiência

Geraldo de Araújo se mostrou preocupado ao dizer ainda que o fechamento da Novelis vai atingir também 600 trabalhadores terceirizados. Segundo ele, a empresa tem lucro e o que a Novelis tem feito é especular e vender energia excedente por meio das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). “Quem deu o direito da Novelis de vender as PCHs? Era para produzir alumínio, e não vender para o mercado”, criticou Geraldo de Araújo Silva.

Em sua opinião, os governos estadual e federal precisam intervir, não podem ficar vendo postos de trabalho sendo fechados, principalmente dos oriundos de empresas que utilizaram dinheiro público. “Duvido que a empresa é deficitária. Ela não tem custo de energia, é autosuficiente”, ponderou.

O deputado Celinho do Sinttrocel também afirmou que denunciou, nos últimos quatro anos, a intenção da Novelis de fechar sua unidade em Ouro Preto. Ele disse ainda que uma fábrica não pode ser fechada pensando apenas em seus interesses, que é preciso olhar para a sociedade e os trabalhadores. Em sua opinião, o problema não pode ser tratado apenas pelo ângulo da empresa, e o Governo de Minas precisa agir para combater o desemprego e o desaquecimento da economia local. O parlamentar salientou ainda que a empresa precisa se preocupar com o passivo ambiental e resolver as pendências trabalhistas e fiscais com o Estado. ”

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