Nas assembleias e atos públicos nos estados, ocorridos na terça-feira 24, os servidores rejeitaram as alterações no anteprojeto de revisão salarial anunciadas, na véspera, pelo ministro Ives Gandra a dirigentes da federação nacional (Fenajufe).
O assunto foi o mais comentado e analisado no dia em que a greve deu sinais de crescimento em diversos tribunais e atingiu 20 estados do país. Em pelo menos 49 tribunais regionais do Judiciário Federal os servidores aderiram à paralisação, além dos trabalhadores do Ministério Público em Brasília e Alagoas.
O quadro da greve divulgado pela federação, com base em relatos dos sindicatos, revela visível crescimento da paralisação. Em Minas Gerais, o Sitraemg está convocando a categoria a parar por 48 horas, nos dias 26 e 27, seguindo decisão aprovada na assembleia geral, e depois definir os próximos passos da participação do estado neste movimento nacional.
No maior fórum trabalhista do país, o da Barra Funda, em São Paulo, 63 das 90 varas estão paradas (70% do prédio). O Tribunal Regional da 2ª Região publicou portaria suspendendo os prazos a partir do dia 19. “A suspensão dos prazos demonstra que a greve está forte”, avaliou Inês de Castro, diretora do sindicato paulista (Sintrajud).
Em Teresina, no Piauí, a servidora Madalena Nunes, diretora do Sintrajufe/PI, disse que os novos pontos para o projeto de revisão apresentados pelo Conselho Nacional de Justiça, que serão levados ao Supremo Tribunal Federal, afrontam a democracia. “Por que um servidor que já trabalha há 30 anos no Judiciário não pode ganhar um salário equiparado com o de um juiz substituto, que acabou de entrar no serviço público? Essa proposta vai de encontro aos valores da sociedade que queremos construir, uma sociedade mais justa e igualitária”, afirmou.
Manifesto critica associações de juízes
No Maranhão, os servidores aprovaram um manifesto no qual repudiam a interferência das associações de magistrados nas negociações da revisão salarial dos trabalhadores. “Os servidores repelem essas intromissões e exigem de sua Federação que faça o mesmo, negando-se a sentar-se à mesa de negociação com as associações, que não são parte legítima nesse processo, cabendo unicamente aos Trabalhadores negociarem diretamente com os Tribunais”, diz trecho do manifesto.
Em Curitiba (PR), a servidora Carla Rovel, do TRT e dirigente do sindicato (Sinjutra), disse que ampliar a greve é a melhor resposta que a categoria pode dar a essas associações e à tentativa de rebaixamento de um projeto que já fora aprovado pelos presidentes dos tribunais superiores. Nesta quarta-feira (25), disse, o sindicato iria a Londrina, segunda maior cidade do estado, para convocar e organizar a greve, num movimento que busca expandir a paralisação para o interior.
Em Maceió (AL), o servidor do TRE Wolfran Cerqueira disse que o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, pôs à frente da negociação um general, referindo-se ao ministro Ives Gandra, do CNJ, “porque ele não tem coragem de assumir sozinho” esse ataque aos servidores. “Vamos nos unir para lutar [contra isso]”, finalizou.
Por Hélcio Duarte Filho,
jornalista do Luta Fenajufe, especial para o Sitraemg
(colaboraram as jornalistas Janaína de Castro, do Sinjutra,
Josiane Calado, do Sindjus-AL,
Iane Carolina, do Sintrajufe-PI;
Claudio Castro, do Sintrajufe-MA, e a Redação do Sintrajud )
Quarta-feira, 25 de novembro
A greve no Judiciário Federal e MPU
EM GREVE
Tribunais de Brasília, movimento mais forte no STJ, no TJDFT, na Justiça Eleitoral, no MPDFT e na PRDF
TRE e TRT do Pará
Tribunais da Bahia (com suspensão dos prazos no TRT)
Tribunais do Rio Grande do Sul
TRT e JF/TRF de SP
Tribunais do Maranhão
Tribunais do Mato Grosso
TRT e JF de Santa Catarina
TRT do Amazonas e Roraima
TRT-15 Campinas
TRT do Paraná
Tribunais e MPU de Alagoas
TRT, JF e TRE da Paraíba
TRT Rondônia e Acre
TRT e JF do Espírito Santo
Tribunais do Piauí
JF, TRE e TRT (sede) do Rio de Janeiro
Justiça Eleitoral de Rondônia
JF do Ceará
Tribunais de Pernambuco
COMEÇAM A GREVE NO DIA 25
TRE do Amazonas
Varas Trabalhistas da Paraíba
COMEÇAM A GREVE NO DIA 26
Tribunais do Mato Grosso do Sul
PREPARAM A GREVE
TRE de SP: paralisações diárias de 2h
Tribunais de Minas Gerais: paralisações de 48h nos dias 26 e 27
JF do Pará: em mobilização
TRF do Rio de Janeiro: parou 2h no dia 23, em mobilização.
TRT Ceará: paralisação de 2h nos dias 26 e 27
TRE de Santa Catarina: paralisações diárias de 2h
TRE do Espírito Santo: atividades de mobilização
TRE Amapá: paralisações de 3h diárias a partir do dia 25
Tribunais de Goiás: assembleias dias25 e 26 tentam deflagrar a greve
TRE do Ceará: realizou ato e paralisação de 1h no dia 20
Tribunais do Rio Grande do Norte: assembleias setoriais dias 26 e 27
Tocantins: assembleia dia 25 discute a greve
*Com base em dados divulgados pela federação nacional (Fenajufe) e sindicatos.
