Categoria cruzará os braços na próxima segunda-feira e percorrerá os tribunais conscientizando os colegas – Sindicato colocará pontos de apoio nos principais locais de trabalho na Capital
Reunidos em Ato Público e assembleia que reuniu quase 300 pessoas hoje, 14, na porta da Justiça Federal, em Belo Horizonte, os servidores do Poder Judiciário Federal em Minas deliberaram por greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira, 20. A decisão da categoria é uma resposta ao “rolo compressor” do governo de Dilma Rousseff, que parece ter se esquecido de seu passado de luta contra a opressão do Estado para oprimir os trabalhadores em suas lutas por direitos – só o PL 6613/2009, que trata do reajuste da categoria, está parado na Comissão de Finanças e Tributação – CFT há mais de dois anos.
Aos se dirigir aos servidores, Lúcia Bernardes deu informes sobre a movimentação em Brasília (onde o SITRAEMG estará presente amanhã, dia 15, com uma caravana de 25 pessoas para representar Minas Gerais na Marcha Unificada dos Servidores), que deflagrou a greve dia 1º de agosto, e comentou a decisão do Superior Tribunal de Justiça – STJ determinando a permanência de 80% dos servidores da Justiça Eleitoral em serviço durante a greve. “O comunicado diz que 80% precisam trabalhar – mas se os 20% restantes pararem, já teremos um efeito satisfatório”, disse Lúcia. O quadro nacional de greve, lido pelo coordenador Hélio Diogo, foi saudado com aplausos e apitaços. “Minas não pode ficar de fora [da greve], temos uma grande responsabilidade nessa luta”, disse o coordenador.
Além da greve, os servidores presentes decidiram formar grupos para fazer um trabalho de convencimento e corpo a corpo nos tribunais e já deixaram agendado novo Ato Público dia 21, terça-feira, também em frente à Justiça Federal (Avenida Álvares Cabral, 1741, Santo Agostinho – Belo Horizonte), de 12h às 14h. À frente do ato desta terça, estiveram os coordenadores-gerais do SITRAEMG Hebe-Del Kader e Lúcia Maria Bernardes de Freitas e os coordenadores executivos Artalide Lopes, Débora Melo Mansur, Paulo Márcio Santos, Hélio Ferreira Diogo e José Francisco Rodrigues.
Alerta àqueles que ainda não aderiram à mobilização
Servidores das três Justiças com representação em Belo Horizonte compareceram ao ato de hoje. Nestor Santiago, da Justiça Federal, foi um dos que deu seu apoio à mobilização perante os colegas. Ao microfone, Santiago fez um apelo para que os trabalhadores ausentes se conscientizem da importância de participar das atividades do Sindicato – opinião compartilhada pelo servidor do TRT Mauro Alvim: “aos que não querem se mobilizar, eu digo que, na hora em que perdermos todos os nossos direitos, esses verão o tamanho do problema – mas aí não vai mais adiantar”, avisou. Célio Izidoro, outro servidor da Justiça Trabalhista, ressaltou que a greve precisa “intimidar” o governo federal e a cúpula do Judiciário, construindo uma unidade para a categoria: “precisamos de uma greve forte, pois a conjuntura não é favorável e o governo quer que os trabalhadores paguem a conta da crise”.
Para Marco Antônio Santos, oficial de justiça da JF, a indignação das pessoas está começando a operar mudanças, já tendo atingido até os ministros do Supremo Tribunal Federal – como prova a declaração de Marco Aurélio Mello na última semana, quando disse ao Estadão que “o Estado tripudia dos servidores” ao não negociar. “Temos 15 dias para lutar pelo nosso PCS, para garantir a verba necessária no Orçamento da União [Lei Orçamentária Anual – LOA 2013]. O momento é de concentrar forças e paralisar”, avaliou o servidor, referindo-se ao prazo de 31 de agosto, quando a LOA será enviada ao Congresso Nacional.
Cooperação necessária
Hebe-Del Kader, coordenador do SITRAEMG que também é membro da diretoria da Fenajufe, chamou a atenção dos servidores para a necessidade de mais “solidariedade entre os colegas na hora da luta”. “O colega que faz a greve está lutando pelos direitos de todos – então é justo que você [que não se mobiliza] pense nisso quando ele o chamar para participar”, aconselhou o sindicalista. Para alertar sobre a gravidade do momento que os servidores públicos federais atravessam, Hebe-Del lembrou o sucateamento da categoria dos bancários e da tentativa de desmonte da Polícia Federal, que também está em greve: “Nós carregamos essa Justiça nas costas, sem nós ela não funciona. Se não nos mexermos agora, ficaremos ‘sabe-se lá quantos anos’ sem reajuste”.
Já no dia 20, segunda-feira, quando começa oficialmente a greve em Minas, o SITRAEMG estará presente na porta dos três principais prédios dos tribunais em Belo Horizonte com barracas onde os servidores poderão assinar a lista paralela de ponto, obter informações sobre a mobilização e terão à sua disposição materiais informativos do Sindicato. Aos servidores do interior, a orientação é fazer a mobilização (baixe aqui modelos de faixas, cartazes e a lista de ponto paralelo) e enviar informes e fotos ao Sindicato, para o e-mail comunicacao@sitraemg.org.br/.
Os endereços e horários em Belo Horizonte são os seguintes:
– TRT: Rua Mato Grosso, 468, Barro Preto – das 7h às 16;
– TRE: Avenida Prudente de Morais, 100, Cidade Jardim – das 7h às 16h;
– Justiça Federal: Avenida Álvares Cabral, 1741, Santo Agostinho – das 7h às 16h.
