Desde sempre, o principal mote do governo para justificar as sucessivas reformas defendidas por ele para a Previdência é o déficit ou rombo do sistema. Ao explicá-lo, no entanto, considera fontes de arrecadação somente as contribuições dos trabalhadores e empregadores. Esquece-se de informar que também incluem-se nesse rol as contribuições sociais oriundas do Financiamento da Seguridade Social (Cofins), sobre o Lucro Líquido (CSLL), sobre a Renda Líquida de Concursos de Prognósticos e sobre a Renda Líquida da Loteria Federal Instantânea.
O governo também não leva em conta que, ao longo dos anos e décadas, os sucessivos governantes, para se perpetuarem no poder, deixam de arrecadar bilhões e bilhões com a adoção de políticas irresponsáveis de renúncia fiscal e com o afrouxamento no processo de cobrança dos grandes devedores e na fiscalização que possam evitar fraudes, desvios e roubos de recursos do sistema. Outro detalhe importantíssimo que o governo não gosta nem de tocar: os 30% do orçamento da Previdência que desvia, através da DRU (Desvinculação de Receitas da União), para gastar livremente.
E foi a DRU que fez o secretário da Previdência, Marcelo Caetano, engasgar-se durante recente entrevista concedida a jornalistas do programa Roda Viva, pela TV Cultura de São Paulo, quando questionado sobre o fato de o governo alegar déficit para a justificar a reforma, mas, ao mesmo tempo, tirar 30% do orçamento da Previdência para gastos completamente distintos.
Marcelo Caetano, dizem, representa o sistema financeiro na Secretaria, o que reforça a tese defendida pela classe trabalhadora de que o governo não dialoga sobre a reforma porque seu único objetivo é induzir os beneficiários do sistema a migrarem para a Previdência privada.
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