Realizada nesta sexta-feira, 24, a Reunião Mensal de Aposentados e Pensionistas do SITRAEMG teve uma programação diferenciada, devido às comemorações do Dia do Servidor. Além dos informes de costume, a reunião trouxe também palestra do médico mastologista e vice-presidente da Associação Médica de Minas Gerais Gabriel de Almeida Silva Junior, que falou sobre o câncer de mama como um problema de saúde pública – tema altamente importante, especialmente por estarmos no Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre a doença.
Na primeira parte da programação, a filiada Marlene Francisca da Silva relatou como foi a participação da caravana de aposentados mineiros na última mobilização pela aprovação da PEC 555/2006, dias 14 e 15, em Brasília (veja aqui), e no 4º Encontro Regional Sudeste de Aposentados e Pensionistas, realizado pelo Sintrajud-SP na cidade de Santos, em São Paulo.
A aposentada elogiou muito a recepção dada às caravanas pelo Sindicato de São Paulo e destacou a palestra sobre a Auditoria Cidadã da Dívida, que ela considerou de fundamental importância – inclusive chamando os colegas a conhecerem mais a causa e aderirem ao pleito. Ela também ressaltou que os participantes mostraram-se muito felizes e ansiosos pelo próximo encontro, em 2015, em Minas Gerais, devido à “fama” de bom anfitrião que os mineiros têm. Por outro lado, Marlene também disse que os organizadores cobraram a participação de mais aposentados mineiros no evento e nas lutas da categoria, já que eles sempre estiveram muito mobilizados para todas as atividades – seja em nível estadual ou federal.
Uma das coordenadoras do Núcleo de Aposentados e Pensionistas do Sindicato, Etur Zehuri, que conduziu a reunião (os demais coordenadores, Dirceu José dos Santos e João Baptista Sellera Bárbaro, também estiveram presentes), falou a respeito do II Simpósio de Qualidade de Vida no Trabalho, promovido pelo Tribunal regional do Trabalho da 3ª Região, do qual ela participou. A coordenadora disse que fará um relatório detalhado posteriormente, mas adiantou que uma reflexão sobre o trabalho está sendo muito necessária, posto que ela está reparando a categoria amedrontada com a grande incidência de adoecimentos e suicídios entre os servidores. “É necessário um espaço para se pensar o trabalho”, disse.
Etur ainda convidou os colegas para o IV Seminário de Convivência com a Maturidade (veja aqui), que será realizado amanhã, dia 25, na Paróquia Nossa Senhora Rainha, no Belvedere, uma indicação da filiada e ex-diretora do SITRAEMG Gilda Bandeira Falconi e, ao final, a aposentada Eliane Ribeiro recitou uma crônica de sua autoria, em homenagem ao Dia do Servidor Público. No texto, Eliane relembrava um antigo colega de trabalho do TRT, muito conhecido dos servidores à época.
Câncer de Mama: um problema de saúde pública
O médico Gabriel de Almeida Silva Junior é mastologista e ginecologista e iniciou sua palestra dizendo que preferia “falar sobre saúde, porque um câncer é um acidente na vida de uma mulher”. Médico desde 1989, desde 1990 ele trabalha com pacientes de câncer de mama. Segundo ele, esse tipo de tumor deve ser considerado sim um problema de saúde pública, já que tem como características o impacto individual e na sociedade, tem prevenção e também tratamento.
De acordo com números de 2014 da Organização Mundial de Saúde (OMS), são 1 milhão de novos casos todo ano, com 250 mil mortes; sendo que, no Brasil, são 57.120 novos casos, com 10 mil mortes. Os números no Brasil são altos, segundo o especialista, porque as mulheres descobrem tarde a doença – 32,4% delas descobrem o tumor quando ele já está muito grande, com pouca possibilidade de cura. “Por isso o autoexame e a prevenção são tão importantes”, alertou.
Apesar dos números impressionarem, o médico disse que 80% dos nódulos que aparecem nas mamas são benignos, especialmente em mulheres jovens. Não significa que estas não terão câncer, mas o Silva Junior disse que a doença assume características bem diferenças dependendo da idade. Falando com base em sua experiência de cerca de 3 mil consultas, 57% dos casos que ele atendeu não eram câncer – apenas 19% se revelaram a doença. Interessante apontar que a maioria das pessoas, de acordo com o mastologista, não morre em decorrência do câncer em si, mas sim por problemas em outros órgãos que ele atinge (metástase).
Sabe-se, conforme explicou o palestrante, que 1 em cada 10 mulheres terá câncer de mama; no entanto, só é possível estimar qual será analisando o histórico familiar e outros fatores de risco – que incluem a ausência de hábitos de vida saudáveis (tanto físicos quanto mentais). “Todo câncer tem origem numa alteração genética, mas não é necessariamente hereditário”, esclareceu.
A mamografia é o exame fundamental para se descobrir a doença. Ela deve ser feita periodicamente, pois o desenvolvimento do tumor é lento, levando, na maioria dos casos, entre 5 e 7 anos entre sua formação e o estágio onde ele pode ser detectado – e tratado com grandes chances de cura, sem que a mulher precise recorrer à mastectomia, por exemplo. O médico também chamou a atenção para a descoberta da doença já em estágio avançado na terceira idade. Para ele, um câncer aos 70 ou 80 anos é devido à idade avançada, mas o diagnóstico tardio deve-se, principalmente, à resistência, ou preconceito, que as pessoas mais velhas têm de se tocar e fazer o autoexame.
Tratamento e acolhimento
O médico Gabriel Almeida explicou em sua palestra que o tratamento do câncer é cirúrgico, radioterápico, químio e hormonioterápico, além de se preocupar também em preservar a fertilidade da mulher. Hoje, 80% das cirurgias são conservadoras (aquelas que buscam preservar a mama), com 20% das mulheres apenas precisando de mastectomia.
O especialista ainda destacou a grande importância dos grupos de ajuda mútua, em que mulheres que tem ou tiveram a doença compartilham suas experiências e se apoiam nesse momento tão delicado. Os grupos, na visão dele, desmistificam a ideia de que ter câncer é sinal de “fim da linha”. “Nesses grupos a gente vê como é fazer de um limão uma limonada”, exemplificou.
Frente ao grande interesse da plateia no tema, o mastologista tirou várias dúvidas, respondeu perguntas e ainda falou sobre alguns mitos que circulam, principalmente na internet, sobre o que causa ou não câncer de mama – desodorantes antitranspirantes e soutiens apertados, por exemplo, não tem nada a ver com a doença, afirmou.