Proposta indecente do governo só anima os servidores para engrossar a greve e parar o Judiciário no Apagão Geral de segunda e terça-feira

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E na segunda-feira, 29, tem ato em frente ao TRE da Av. Prudente de Morais, 100, com arrastões e passeata até o TRT da Rua Mato Grosso, 468

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Recorrendo ao dito popular, com a proposta de revisão salarial apresentada ontem para os servidores do Judiciário Federal, que o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, está chamando de “reajuste”, o governo está simplesmente “cutucando a cobra com vara curta”. Pelo menos é o que ficou demonstrado no ato público da categoria realizado nesta sexta-feira, 26, em frente ao prédio da Justiça Federal em Belo Horizonte. Se já havia uma adesão cada vez mais crescente à greve por tempo indeterminado iniciada em todo o País no último dia 10, os servidores que se revezaram ao microfone na manifestação de hoje não só reforçaram a convocação para que os ainda resistentes entrem em greve como também discutiram estratégias de ir até eles para convencê-los quanto à importância de cruzarem os braços neste momento, sobretudo no Apagão Geral dos dias 29 e 30 (segunda e terça-feira) para pressionar o governo, para que não impeça a aprovação do PLC 28/15, Lewandowski, para que faça valer a independência e autonomia orçamentária do Judiciário e exija respeito da presidente Dilma, e também os senadores, para que ajam com isenção e de acordo com as suas convicções, não se rendam aos “mandos” do governo e aprovem o projeto na sessão do plenário do dia 30.

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 Também foi feito um apelo a todos que se inscrevem para a caravana que está sendo organizada para ir a Brasília no próximo dia 30 e, juntamente com as caravanas dos demais estados, simplesmente “tomarem” a capital federal na próxima terça-feira, mostrarem a força e disposição da categoria para a mobilização e conseguirem a tão esperada aprovação do projeto no Senado Federal. O coordenador do Sindicato Sandro Luis Pacheco repetiu esse recado várias vezes. Qualquer servidor, filiado ou não, pode integrar a caravana. As inscrições, no entanto, já se encerraram. A caravana que se originará de Belo Horizonte sairá do Terminal JK às 18 horas de segunda-feira, 29. Haverá várias caravanas de outras regiões do estado. Todas elas retornarão na terça-feira, 30, logo após a sessão do plenário do Senado, prevista para as 14 horas.

Já pensando em esquentar ainda mais a mobilização, uma proposta feita pela servidora Mônica, do TRT, foi acatada por todos e, após o ato da próxima segunda-feira, que está marcado para o prédio do TRE da Avenida de Prudente de Morais, 100, para as 12 horas, os participantes também farão arrastões para chamar os servidores da Justiça Eleitoral para a greve e, em seguida, rumarão, em grande e animada passeata, para o prédio do TRT da Rua Mato Grosso, 468.

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Durante o ato, a servidora Juliana, que integra a Comissão Socio-Ambiental do TRE, comunicou a todos que, em razão da greve, a Semana do Meio Ambiente, agendada para o período de 3 a 7 de julho, foi cancelado. O anúncio da servidora foi recebido com aplausos efusivos dos manifestantes. Mais aplausos também para a informação dada pelo coordenador Sandro Pacheco de que, na solenidade de sua posse, ocorrida na noite de ontem (quinta-feira, 25), afirmou que apoio o projeto de reposição salarial e se empenhará por outras questões no Tribunal em favor dos seus servidores. Vilma Lourenço, coordenadora do Sindicato, informou que haverá um trabalho de mobilização no Centro de Apoio no TRE, na segunda-feira.

O coordenador do Sindicato Célio Izidoro lembrou que os funcionários do Banco do Brasil tinham excelentes salários em há algumas décadas. Porém, não se mobilizaram e, com o tempo, foram perdendo direitos tendo seus salários defasados. Hoje, ninguém fala mais em fazer concurso para como investimento e como meio de garantir um futuro tranquilo. Sobre o Apagão Geral dos dias 29 e 30, o servidor Alexandre Brandi opinou que o apagão tem que ser para fechar mesmo as portas dos órgãos do Judiciário Federal. Sugeriu até recorrerem aos piquetes, estratégia muito utilizada por grevistas, sobretudo nos finas da década de 1970, início da década de 1980, que consistia na ocupação da entrada das fábricas para não deixar ninguém entrar e garantir o sucesso da greve.

Confira, a seguir, as falas dos servidores que discursaram no ato de hoje

Sandro Luis Pacheco, TRE

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Sandro perguntou para os colegas presentes se aceitavam a proposta de reajuste apresentada pelo governo e todos disseram um sonoro “Não”.

“Não precisa ser nenhum economista para ver que a proposta do governo é indecente”.

Nestor Santiago, Justiça Federal

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“O Banco Central prevê inflação de 9% para o próximo ano. E esse governo desacreditado, corrupto, tem a coragem e falar que em 2019 vamos ter uma inflação de 4,5%. Essa proposta é inconstitucional e não vamos aceitar.”

 Nestor lembrou a todos que Portugal e Grécia reduziram salários de seus trabalhadores recentemente, mas que foi como sacrifício para recuperação da economia daqueles países. Segundo ele, não é o caso do Brasil, em que bilhões vão para o ralo do desvio de verba e da corrupção.

“Agora é apelar para quem não aderiu para radicalizarmos a greve”, convocou.

David Landau, TRT

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“Eles (governo) estão provocando os nossos brios. Tivemos coragem de comunicar aos juízes que íamos fazer a greve, por uma recomposição salarial de nove anos. A proposta é ou não é uma provocação? Não saímos para a greve para ouvir uma proposta dessas. Ela não está em discussão. É um cala-boca para os próximos anos. E nós não aceitamos proposta de cala-boca. E é enrolação do governo falar em negociação”.

“O governo precisa de 6 anos para calcular nossas perdas salariais. Se amanhã o Lewandowski concorda com a Dilma, chega na terça o Renan pede mais alguns dias com a desculpa de que o governo está negociando com o STF. Vamos aceitar isso?”

Maria Helena, TRT

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“Sem a gente não trabalhar, o magistrado nada faz, a Justiça não anda”

Célio Izidoro

Lembrou da história sindical, citando o funcionalismo do Banco do Brasil. Como eles não se mobilizavam junto com os outros bancários, ao final simplesmente assinavam o acordo do jeito que os patrões definiam. E eles foram tendo perdas de direitos e salariais. Ontem referência em termos de serviço público, embora celetistas; hoje, totalmente desvalorizados e salários inferiores aos dos tempos de outrora. “Não podemos cair na armadilha daqueles que estão o comando. Pedimos respeito ao mundo do trabalho”, defendeu.

Mônica, TRT

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“Tivemos duas notícias ruins de ontem para hoje. Ontem, a proposta indecente do governo; hoje, a transferência do PLC 28/15 do primeiro para o novo lugar na pauta do plenário do Senado do dia 20. Nós não somos moleques”, disse, propondo a realização de arrastões no ato de segunda-feira, 29, e passeata até o TRT da Rua Mato Grosso. Proposta aprovada.

Alexandre Brandi, TRE

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“Em 2009, quando eu presidente do Sindicato, nós chamamos a categoria para greve pela revisão salarial. E a categoria atendeu. Ameaçaram aplicar multas de 100 mil para atrapalhar a greve e a categoria recuou. Lewandowski disse na época que o projeto seria aprovado. Mentiroso, enrolador. Esse é o ministro que nos temos: um enrolador”.

 “Temos uma República de bandidos no Executivo, no Legislativo e no Judiciário”.

“Vamos fazer (nos dias do Apagão Geral) piquete, para ninguém entrar. Quem reclamar, vamos mandar reclamar na Justiça”.

Marco Antônio Paiva, Justiça Federal

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“Uma coisa que eles (o governo) não têm e nós temos é a dignidade, o poder de luta. Não temos mais nem medo de ter medo. Eles vieram com essa proposta. No dia 30, devem aparecer com um plus, para dizer que fizeram um “esforço”. E aí os adesistas de plantão chegam e aceitam. Vamos aceitar”. E todos responderam: “não”.

Sugeriu lotar o ato do dia 30 e o maior número de colegas possível ir na caravana a Brasília.

“Não vamos aceitar nem um por cento a menos do PLC 28/15”.

Andreia Seixas, TRT

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“Alguém aqui fez concurso para não fazer greve? para não trabalhar? para não prestar um serviço público de qualidade?”  E todos responderam, em uníssono: não! não! não!”

“A gente vai parar e voltar como se nada tivesse acontecido?”

“A greve não é só assinar a lista de presença e não trabalhar. Na greve, tem que aparecer nos atos e outras atividades de mobilização”.

Ela também denunciou a perseguição que está sendo sofrida pelos servidores grevistas de Patos de Minas, por parte de um juiz local.

Hebe-Del Kader, Justiça Federal

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“Em 2013, Gilmar Mendes (então presidente do STF) nos enrolou e tivermos que fazer greve para que ele enviasse o PL 6613/09 para o Congresso. Em 2010, nos enrolaram prometendo que o projeto seria aprovado depois das eleições. Em 2012, muitos colegas caíran no ‘canto da sereia” e tivemos que aceitar os 15,8%. Agora, mais uma vez, o canto da sereia, tapete vermelho para aqueles que não têm coragem de fazer greve. No dia 30, vamos exigir que Lewandowski  vista-se de saia  para fazer igual a Ellen Gracie (ministra, então presidente do STF) fez em 2006 e exija a aprovação do projeto”.

 Alice, TRT

“A sociedade exige de nós (servidores públicos) postura e vestuário. Se tivermos maltrapilhos, ninguém nos recebe. Já passe por situação que não quiseram me receber. A gente precisa de dinheiro inclusive para se vestir”. “

“E se chegamos aqui foi por nossos méritos, estudamos para nos formar, para passar em concurso público”.

Hélio Diogo Ferreira

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“Eles não tinham que apresentar a proposta. Lewandowski é que tinha que defender o PLC 28/15. Ele está só nos enrolando. Nenhuma atitude vai tomar. O que resta para nos é ocupar Brasília, o Congresso, para que o projeto seja aprovado”.

“Temos que fortalecer a greve. Sem a greve não terrmos mais nada”.

Alvim, Justiça Federal

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“Temos que ir à luta porque estamos nas mãos de vilões, corruptos. Temos um tsunami contra a gente, mas não vamos desistir. Vamos à luta”.

Vilma, Justiça Federal

“Lewandowski está preocupado é com a Loman, quer beneficiar é os magistrados e os ilhos dos magistrados. Isso é revoltante, uma vergonha. Benefiando quem já foi  beneficiado há pouco tempo”

José Francisco Rodrigues, TRT

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“Nossa proposta é o PLC 28/15. É isso ou não é?”, perguntou. E todos responderam: “É!”.

“Nossa contraproposta sei que se chama greve. Qual é a nossa contraproposta?”. “Greve! Greve! Greve!”, responderam todos.

Flávio, oficial de justiça

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“Meu recado é continuar a luta. O momento é agora. Passou, acabou”.

Vilma Lourenço, coordenadora do Sindicato

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“Loman, sim?” “Não”, responderam.

“PLC 28/15”, sim?” “Sim!”, responderam todos.

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