A primeira palestra do período da tarde do Encontro Regional em Governador Valadares, que se realizou neste sábado (14/03), no hotel Pedra Negra, em Governador Faladares, foi sobre “Metas e Produtividade, Assédio Moral e o Adoecimento do Servidor do Judiciário Federal”. Foi proferida pelo psicólogo Arthur Lobato, coordenador técnico do Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do SITRAEMG e membro do Comitê Gestor de Saúde da 3ª Região.
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Exibindo vídeo com imagens da organização do trabalho no Egito antigo, Lobato relatou que serviço público existe desde o início da história da humanidade, também com regras, organização e divisão do trabalho e toda a pressão do “chefe”. A tecnologia sempre foi usada para aumentar a produtividade, e a organização verticalizada – imposta, autoritária – continua.
No Judiciário, comparou ele, o servidor vem sofrendo toda a pressão das chefias e, como se não bastasse, sujeito ao adoecimento e à ameaça do assédio moral. Em busca da melhor produtividade, diante das metas que são estabelecidas, e com as mudanças constantes promovidas na tecnologia (PJe, por exemplo), com um quadro funcional cada vez mais reduzido e sem o treinamento adequado, aumenta o ritmo e carga de trabalho e, em consequência, o servidor vai à exaustão. Aí vem a sensação de incompetência, de não estar dando conta do trabalho.
De acordo com Arthur Lobaro, são muitas as manifestações de adoecimento no trabalho – esgotamento profissional, dificuldade de adaptação, desânimo-depressão, irritabilidade, conflitos interpessoais -, que levam à depressão, ansiedade, síndrome de Burn-out, somatização dos sentimentos (dores de cabeça, taquicardia, insônia etc), presenteísmo (trabalhar mesmo adoecido) e outros. Aliado a toda essa situação, tem o clima de competitividade que, e tudo isso gera um campo fértil para a prática do assédio moral.
Por isso, ressaltou Lobato, foi criado o DSCTCAM, em 2015, por deliberação da categoria presente no Congresso Ordinário do SITRAEMG, em Juiz de Fora. O trabalho do departamento é feito tendo como primeiro ponto a prevenção, dialogando com os tribunais, levando informação aos servidores; depois, a análises de cada caso; e o acolhimento do servidor, em busca de solução do problema. Todo esse trabalho, sempre contando com o apoio do Jurídico do Sindicato. Ele concluiu defendendo o fortalecimento dos sindicatos, para que a entidade que representa os servidores possa ter ainda mais força para o enfrentamento das lutas da categoria.
Inconstitucionalidades da Reforma da Previdência
O advogado Rudi Cassel, da assessoria jurídica do SITRAEMG, foi o encarregado de dar os “Informes específicos sobre as Ações do Jurídico e falar sobre reflexos da Reforma da Previdência e redução salarial”. “As notícias são ruins”, adiantou o advogado ao iniciar sua exposição.
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Ele começou falando sobre as ADIs (Ações Diretas de Inconstitucionalidade) nas quais Sindicato entrou na Justiça como, amicus curiae, contestando pontos da Reforma da Previdência (mais detalhes AQUI), explicando que a entidade optou por questionar a EC 103 de forma fatiada, uma vez que indo contra a totalidade da emenda pode resultar em estratégia infrutífera.
Cassel destacou quatro das ADIs que ele entende serem as mais importantes: 6254, 6255, 6256 e 6271. Na primeira, é questionada a contribuição extraordinária e as alíquotas extraordinária e progressiva, bem como a estipulação sobre os parâmetros adotados para a definição das alíquotas aplicáveis, além das regras de transição determinadas pela EC 103, que tornou nulas as regras anteriores estipuladas pelas ECs 41 e 47, além das regras de transição determinadas pela EC 103/2019, quanto a revogação daquelas que haviam sido estabelecidas pelas Emendas Constitucionais 41/2003 e 47/2005 e a possibilidade de anulação de aposentadorias já concedidas; na segunda e terceira, se discute a inconstitucionalidade dos artigos que tratam das alíquotas progressivas e da alíquota extraordinária; e a última discute os dispositivos que instituíram as alíquotas progressivas da contribuição previdenciária para servidores. Em todas as ações, é pedida, de forma imediata, a suspensão dos dispositivos que promovem as prejudicais mudanças citadas.
E em outra ação, coletiva em favor dos seus filiados, questiona o artigo 35, incisos II, III e IV, da Emenda Constitucional nº 103, de 2019 (Reforma da Previdência), que revogou as regras de transição previstas nas Emendas Constitucionais nº 20, de 1998, nº 41, de 2003, e nº 47, de 2005 (mais detalhes AQUI).
O advogado também mostrou aos servidores os reflexos gerais da reforma previdenciária sobre o serviço público, discutindo com os presentes, além da inconstitucionalidade, as armadilhas da emenda, e lembrando que, da forma como o governo conduz as mudanças na legislação, não se pode destacar novas surpresas de prejuízos para a calasse trabalhadora.
Confira todo o conteúdo da palestra AQUI
Ao final, os coordenadores Paulo José da Silva, Célio Izidoro e Wallace Marques agradeceram novamente a participação de todos no Encontro e reforçaram o convite para as lutas contra a Reforma Administrativa. E o Sindicato sorteou alguns exemplares de livro de autoria do psicólogo Arthur Lobato entre os presentes.