Por menos que conte a história
Não te esqueço meu povo
Se Palmares não vive mais
Faremos Palmares de novo
– José Carlos Limeira
Neste mês de novembro, em memória dos 320 anos da resistência e luta de Zumbi e Dandara, é preciso resgatar a força e resistência do povo negro e trabalhador. Assim como os líderes das rebeliões quilombolas, precisamos relembrar a luta de Acotirene, Luiza Mahim, João Cândido, Solano Trindade, dos Panteras Negras, de Malcolm X, e todos aqueles que lutaram contra a opressão racial no Brasil e no mundo.
Quase 500 anos se passaram desde que os primeiros negros escravizados começaram a serem trazidos ao continente americano. Apesar de toda a luta do povo negro no Brasil, e em outras parte do mundo contra o racismo, nosso país é marcado por políticas sistemáticas de embranquecimento e guetificação da população negra. Essas políticas que remetem a época do império, persistiram durante a república até os dias de democracia em nosso país, e levaram a verdadeiros genocídios do povo negro. A luta contra o racismo e por igualdade étnico-racial é uma luta que tem como plano de fundo a democracia e a justiça social.
Hoje, em pleno século XXI, ainda existem muitas lutas a construir. Segundo o IBGE o 71% dos brasileiros em situação de miséria são pretos ou pardos, em uma perspectiva geral, negros ganharam 57% do salário dos brancos em 2013. Os números também são alarmantes em relação ao nível de instrução. Enquanto para o total da população a taxa de analfabetismo é de 9,6%, entre os brancos esse índice cai para 5,9%. Já entre pardos e pretos a taxa sobe para 13% e 14,4%, respectivamente. Mas o dado mais preocupante ainda tem a ver com as vitimas de violência, os negros são 71,4% das vítimas de homicídios no Brasil, e 67% da população carceraria do país também é negra.
Segundo o coordenador do SITRAEMG, Célio Izidoro, abrir esse debate com outros trabalhadores permite ao poder judiciário construir a unidade com as demais categorias na busca por um mundo melhor onde não haja diferença de gênero, raça e diversidade sexual. “Como servidor negro, e militante do movimento Quilombo Raça e Classe, vejo que o momento é propício para fazer o debate dentro do seguimento do judiciário. Este debate já ocorre nacionalmente na Fenajufe, e em sindicatos de outros estados. Por isso precisamos aprofunda-lo também aqui em Minas Gerais. Além da luta pela reposição salarial, e pela garantia dos direitos adquiridos, temos que lutar por um judiciário aberto a todos os trabalhadores”, concluiu o coordenador.
Dado a grande importância da data e a dívida histórica que o nosso país carrega com a população negra, o SITRAEMG não pode se furtar a esse debate, e por isso convida todos os servidores do judiciário a participarem das atividades promovidas pelo Sindicato, pela Fenajufe e por outros movimentos sociais e sindicais da cidade. Veja o calendário de atividades sobre o tema:
20/11 – Marcha da Periferia – BH
Concentração: Praça Sete – Centro, às 16h30
20 de novembro é o dia da consciência negra. Para celebrar essa data de luta e resistência, a periferia vai marchar em BH. O ato estará na rua pra dar um basta ao genocídio do povo negro e dizer não a proposta de lei de redução da maioridade penal, que pretende encarcerar ainda mais a juventude negra do país. Contra o retrocesso e os cortes dos governos nas áreas sociais faz-se necessário a presença e força nas ruas e lutas. Clique AQUI para acessar o evento do facebook.
20 e 21/11 – 3º Seminário Nacional de Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial da Fenajufe – São Luis (MA)
Programação:
20/11/2015 – Sexta-feira
15h – Participação na 10ª Marcha da Periferia
Local: Av. Gomes de Castro, Praça Deodoro, São Luís, MA.
21/11/2015 – Sábado
Local: Auditório do Sindicato dos Bancários
Rua do Sol, 413/417, Centro.
10h – Abertura
Claudiceia Durans – Quilombo Raça e Classe
Saulo Costa Arcangeli – Coordenador de Comunicação da Fenajufe e Coordenador do Sintrajufe/MA
Cledo de Oliveira Vieira – Coordenador Geral da Fenajufe
Mara Rejane Weber – Coordenadora Geral da Fenajufe
10h30 – Painel: Discussão sobre a implementação das Cotas no Poder Judiciário Federal e MPU
Palestrantes: Rosenverck Estrela Santos – Mestre em educação e professor da Universidade Federal do
Maranhão
12h30 – Intervalo para almoço
14h – Painel: O Racismo Institucional e o Mito da Igualdade Racial
Palestrantes: Hertz Dias – Mestre em educação, professor da Rede Pública Estadual e do Quilombo Raça e Classe.
16h – Discussão de propostas para apresentar em instância da Fenajufe
17h30 – Encerramento e Lanche
12/12 – Encontro de Formação de Negros e Negras nos Sindicatos
Em parceria com outros sindicatos, movimentos populares e de combate a opressão. O SITRAEMG convoca os servidores e entidades parceiras a participarem do Encontro de Formação de Negros e Negras nos Sindicatos. O encontro tem como objetivo debater a relação do movimento negro com o sindicalismo, as suas pautas e bandeiras de luta, além de uma debate sobre a cultura negras e suas expressões. A programação ainda está em construção, e assim que estiver confirmada será divulgada nesse site.