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Nota de solidariedade aos presos na manifestação

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NOTA de Solidariedade à Manifestação de Estudantes e Movimentos Populares, em Belo Horizonte, no escritório da Vale do Rio Doce, reprimida com violência e autoritarismo pela Polícia Militar do Governo de Minas Gerais.

Ontem, dia 22 de agosto de 2007, em Belo Horizonte , um grupo de mais de  250 estudantes e integrantes dos movimentos sociais, fizeram um protesto pacífico no escritório da Vale do Rio Doce, na Rua Sapucaí, 383 – Floresta, por volta das 15h00, quando a polícia militar, de forma violenta e autoritária reprimiu a manifestação. 126 jovens foram presos e algemados, conduzidos em vários camburões e ônibus que os levaram sob forte escolta policial a delegacia. Partes dos jovens eram menores.

A manifestação faz parte da jornada nacional de luta pela educação e também chamava a atenção da população para o plebiscito popular a ser realizado nos dias 1 a 7 de setembro próximo. Um dos temas debatidos no plebiscito é o cancelamento do leilão de privatização da Vale do Rio Doce – também debate a divida pública,  o preço da energia elétrica e a reforma da previdência.

A Polícia Militar, sob o comando do Coronel Teatini, chegou com bastante truculência – muitos policiais encapuzados quando começaram a ação – , algemou e levou 126 manifestantes para a delegacia. Entre eles vários estudantes  secundaristas. Os jovens foram levados para o DEOESP, onde ficaram presos até por volta da meia-noite. Onze manifestantes continuam detidos no intuito de incriminá-los. A polícia acolheu a alegação de dois funcionários da CVRD que disseram ter sido vítimas de cárcere privado por alguns minutos, mas esta alegação foi desmentida  por uma  reportagem da TV Alterosa(http://www.uaimidia.com.br/html/sessao_noticias,id_sessao=3/sessao_noticias.shtml?video_play=11578#), onde os funcionários alegam não ter tido violência por parte dos manifestantes. Veja a transcrição:

Funcionário: _Estamos indo embora porque não dá  para  trabalhar.
Reporter: _ Teve violência?
Funcionário: _ não teve.
Uma funcionária declara: _ “Chegaram gritando que a vale era deles, mas que eram uma manifestação pacifica”.
Uma das manifestantes relata que “a Tenente Elisabeth, na tentativa de nos humilhar, fez algumas de nós passarmos por revista íntima várias vezes, e ainda ameaçou  dar-nos bofetões. Muitos adolescentes foram retirados algemados e encaminhados para a delegacia de menores, entre outras violências psicológicas.”.

Muitos estudantes e outras pessoas se fizeram solidários aos detentos e permaneceram toda a noite na frente do DEOESP, indignados com a postura truculenta da Polícia Militar de Minas Gerais e também com a arrogância da Vale verificada na mentira de dois funcionários que cinicamente alegaram terem estado em cárcere privado por alguns minutos. Mentira!

Em nota a Vale do Rio Doce diz repudiar a ação, falseando a manifestação com atos que não são verdadeiros, não correspondem ao protesto dos manifestantes. E ao contrário do que afirma, é uma ação coletiva que traz a convicção de muitas entidades, movimentos, pastorais sociais da CNBB que afirmam que o Leilão da Vale do Rio Doce em 1997 foi ilegal, imoral, um roubo, um crime.

A privatização da Vale é questionada pela sociedade e existem 107 ações na justiça contra esse processo. Eis alguns das ilegalidades e imoralidades: “O vínculo entre avaliadores e arrematantes; a participação direta de avaliador (Bradesco) no leilão; a sonegação de um documento em língua inglesa (não é o Edital de venda) preparado pelo consórcio avaliador para ser dirigido a possíveis concorrentes estrangeiros, por mala direta, e jamais divulgado no Brasil em português; a oferta no Edital de venda de cláusula de irrevogabilidade e irretratabilidade para atividades dependentes de concessão governamental”;

Foi um roubo – “O preço da Vale foi subestimado em relação aos lucros possíveis, já previstos na época antes do leilão. O que ela lucrava na época já indicava ter sido fixado abaixo do preço de mercado”;

Foi inconstitucional; uma violência à soberania brasileira. E por isso estamos convocando a população para se manifestar no plebiscito popular.

Este ano, o 13º Gritos dos Excluídos – organizado pela Igreja, pelas Pastorais Sociais e Movimentos Populares – traz a temática convocando toda a população para soltar seu grito de repúdio ao leilão da Vale, com o seguinte slogan: Isto não vale. Queremos participação no destino da nação!

Assumindo esta decisão, a 11ª Romaria das Águas e da Terra do estado de Minas Gerais, realizada no dia 19 de agosto último (com a participação de mais de 20 mil romeiros e romeiras de todo o estado)  em Belo Horizonte,  a Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais, Arquidiocese de Belo Horizonte, CEBs, CIMI, Cáritas e dezenas de entidades participantes, em uma carta compromisso declararam: “As lutas populares ecoam vida, entre essas somamos esforços na campanha que repudia o programa de desestatização das empresas nacionais com a apropriação do patrimônio público pelo capital privado. Situações ilegais exigem a anulação do leilão que vendeu a Companhia Vale do Rio Doce por preço insignificante”, apenas 3,3 bilhões de reais quando valia mais de 100 bilhões.

Por isso, é errônea a declaração da CVRD. Não há uso  de massa de manobra para atingir metas, e sim um povo organizado consciente de que é preciso ir às ruas exigir a devolução de seu patrimônio. E disposto a buscá-lo no Congresso, na justiça e principalmente nas ruas. Pois, queremos uma Vale que participe da construção de um projeto de nação soberana, popular e sustentável e que não contribua com a entrega das riquezas brasileiras para o mercado internacional, não cause uma  miséria social e nem destrua o meio ambiente – como tem feito.

O alto comando da Polícia Militar de Minas Gerais, vem demonstrando qual o tratamento que dá aos movimentos sociais e população organizada. São vários os casos de truculência, violência, espancamento e arbitrariedade. Sempre tratando os manifestantes legítimos como bandidos. Este é mais um capítulo lamentável desta polícia e do governo Aécio Neves que está a serviço das grandes empresas, sejam elas nacionais ou transnacionais.  Estes, nunca colocam a vida em primeiro lugar. Por isso, repudiamos a ação militar contra os manifestantes. Apoiamos e solidarizamo-nos com todos que sofreram as barbáries de uma ditadura retrógrada, ainda presente na  atualidade.

Exigimos a libertação imediata dos 11 presos, o julgamento da truculência da PM e repudiamos a arrogância e mentiras da Vale.

Comprometemo-nos em continuar a luta para que a Vale volte a ser do povo, seu legítimo dono!

Assinam:

Comissão Pastoral da Terra de MG – CPT
Cáritas Brasileira/ Regional MG
Movimento Capão Xavier Vivo
Pastoral na Universidade  Puc – Minas/ Betim
Pastorais da Juventude – Regional  Leste II da CNBB
Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial
Articulação Popular pela Vida do Rio São Francisco
MST, Via Campesina, UNE, UBES, Andes, Conlutas, CMP, CMS, CONLUTAS, CONSULTA POPULAR, CONTRAPONTO, CPT, ABONG, CÍRCULO PALMARINO, DCE/PUC-PR, DCE/UFBA, DCE/UFPR, DCE/UFSE, DCE/UNIBRASIL, DCE/Unicam, DCE USP, Educafro, Denem, Enecos, ENEF, ENEFAR, Enen/ Nutrição, Exneto/ Terapia Ocupacional, , FEAB, FEMEH, GAVIÕES DA FIEL, INTERSINDICAL, JULI-RP, LEVANTE POPULAR, MAB, MAIS-PT, MARCHA MUNDIAL DE MULHERES, MCL, MMC, MMM, MOVIMENTO CORRENTEZA, MOVIMENTO MUDANÇA, MPA, MSU, PJR, REPED, ROMPER O DIA, UJC, UJR, UJS, UEE, UEE-SP, DCE UFV, ABEEF, todos os movimentos estudantis que organizam a Jornada Nacional de Luta pela Educação.

CONTATOS:

Maju (Consulta Popular): (31) 99816141

Fred (Cáritas Brasileira): (31) 99031777

Bruno Pedralva: (31) 96713248

Frei Gilvander Moreira, cel 031 9162 7970.

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