Não existe relação entre robotização do trabalho e emprego. Até porque os países mais robotizados são os que, normalmente, apresentam os níveis mais baixos de desemprego. A afirmação é do advogado, desembargador aposentado do TRT3 e professor universitário José Eduardo de Resende Chaves Júnior.
Ele é o entrevistado de Rubens Goyatá Campante em podcast que está sendo veiculado pelo Sitraemg, pela plataforma Spotfy. Filiado ao sindicato, Campante é doutor em sociologia e pesquisador do Núcleo de Pesquisas do TRT3. O tema em debate é “Máquinas e seres humanos – quem serve a quem?”.
Segundo o entrevistado, a robotização, a algoritmização e a automatização estão relacionadas é com a precarização do emprego, que se caracteriza por longas jornadas de trabalho, salários reduzidos, a exploração do trabalhador.
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Essa lógica, explica, advém da meta do capital de reduzir a “porosidade” do trabalho, eliminando o máximo que pode a possibilidade de “respiro” para o trabalhador. O novo modelo de trabalho, baseado na robotização, no domínio da máquina pelo algorítimo e pela inteligência artificial, só potencializa essas condições precárias.
Indagado se o serviço público está ameaçado de extinção pelas novas tecnologias, Chaves respondeu que estas assumem as tarefas mais repetitivas e até podem tornar o serviço público mais “autoritário”. Isto porque obrigam o servidor a dialogar com a máquina, e não mais com seres humanos.
Porém, disse não acreditar que as novas tecnologias sejam capazes de chegarem ao ponto de beneficiar uma fatia ínfima da sociedade, em detrimento do coletivo. “Esse é o grande desafio nosso: humano, sociológico e jurídico”, aponta.
Novas tecnologias e a capacidade humana
O desembargador aposentado apresentou os conceitos para as expressões inteligência artificial, algorítmo e aprendizado de máquina.
A inteligência artificial e o algoritmo, explica, já existem há décadas. A diferença é que, antes, o programador detinha todo o controle sobre o sistema. Agora, os seres humanos desenvolvem o algoritmo, mas com o tempo, o sistema ganha seu próprio caminho.
Isso significa que as novas tecnologias vão superar as capacidades humanas, disse o entrevistado. “Só não se sabe quando”, completou.
Assessoria de Comunicação
SITRAEMG