Na manhã e início da tarde desta quarta-feira, 8, foi realizado na Praça 7, em Belo Horizonte, o segundo ato público promovido pela Frente Mineira e Popular em Defesa da Previdência Social contra a PEC 287/16, da reforma da Previdência, em 2017 (o primeiro foi em 24 de janeiro, no mesmo local). A manifestação reuniu centenas de pessoas, incluindo representantes das entidades componentes da Frente, filiados das diversas bases dessas entidades, além de transeuntes atraídos pelos discursos inflamados com apelo aos deputados para que rejeitem a proposta de Temer em tramitação na Câmara dos Deputados.
O SITRAEMG, que integra a Frente, esteve representado pelos coordenadores Igor Yagelovic, Sandro Luis Pacheco, Célio Izidoro e Dirceu José dos Santos. Outras entidades representadas: OAB/MG, Anfip-MG, Sindsemp-MG, Sinjus-MG, Serjusmig, Affemg, Sindifisco-MG, Sintsprev-MG, Sinfisco-Bh, Sindrede-MG, Aafit-MG, Sindpol-MG, Auditoria Cidadã da Dívida, Sinait, Simpro-Minas, Sindsaúde-MG, CSP Conlutas, Nova Central, CSB, Força Sindical, CUT e várias outras. Da Praça 7, carro de som e trabalhadores seguiram, em passeata, para a frente da sede da Previdência Social, em Belo Horizonte, que fica logo abaixo, na avenida Amazonas, onde encerraram a manifestação.
A indignação dos participantes foi expressada em faixas, panfletos e adesivos. Até um caixão, com manequim, apareceu para mostrar que a PEC 287/16 veio para “matar” os trabalhadores e aniquilar a aposentadoria. No carro de som, as falas que se sucederam ao microfone foram no sentido de que a reforma é uma tentativa do governo de destruir a Previdência. Com o objetivo de “desconstruir” o mote oficial veiculado pelo governo em propagandas pró-reforma em rádios, TVs, jornais, revistas e outros meios de comunicação, bancadas com recursos públicos, os esclarecimentos durante o ato foram de que o Palácio do Planalto sustenta sua defesa da PEC 287 só com mentiras.
“Não existe rombo na Previdência. Existe é desvio de recursos e má gestão”, garantiu Ilva França, coordenadora da Frente Mineira e Popular em Defesa da Previdência Social. “Ele quer é destruí-la”, alertou, lembrando também que o sistema previdenciário é, sim, superavitário. O governo é que omite grande parte das fontes de receita para mostrar, erroneamente, que é deficitária. Para outro sindicalista presente, o dinheiro da Previdência é desviado para outros gastos, inclusive para o pagamento da dívida. “Se passar a reforma da Previdência, vai passar também a reforma trabalhista e vai ser um desastre para a classe trabalhadora”, vaticinou.
“Queremos chamar a população para a ‘facada’ chamada Reforma da Previdência, que de reforma não tem nada. É a demolição da Previdência Social. Então, nós temos que nos unir e cobrar dos nossos parlamentares, os 53 deputados aqui de Minas Gerais. Vamos ter que chamar a atenção deles que essa reforma, da forma que está aí, vai prejudicar a todos. Eu acredito que ninguém que está aqui está a fim de trabalhar, no mínimo, 65 anos de idade. E vocês aí, estudantes, vocês que estão ingressando no mercado de trabalho? Vocês só poderão se aposentar com no mínimo 65 anos. Você sabe que a sua pensão pode ser reduzida quase pela metade? Pois é. A sua esposa, ou o viúvo, vai receber pouco mais da metade da sua aposentadoria. Você que está aposentado, a sua família também vai ser prejudicada. Então, é hora de todos nos unirmos – trabalhadores, servidores, aposentados, estudantes, enfim, a população em geral. Querem prejudicar a todos”, convocou o coordenador do SITRAEMG Sandro Luis Pacheco.
“O servidor não quebrou o Brasil, nem o trabalhador urbano, nem o trabalhador rural. Não vamos aceitar essa reforma”, avisou Adilson Rodrigues, presidente do Sinap-MG. “A lógica da reforma é fazer os trabalhadores trabalharem mais tempo e receber muito menos quando se aposentarem. Vão sofrer, sobretudo, a mulher e os trabalhadores mais pobres”, denunciou a deputada estadual Marília Campos (PT).
Apesar de todas as dificuldades, não só pelo forte apoio com o governo conta no Congresso Nacional, há uma “luz no fim do túnel” na luta dos trabalhadores contra a PEC 287/16. “Os deputados estão todos fechados para a reforma. Mas, se a população for para as ruas, eles vão pensar duas vezes. Ano que vem tem eleição. Vamos mostrar que somos contra a reforma e não vamos aceitar deputados traidores”, analisou o advogado Ânderson Avelino, presidente da Comissão Previdenciária da OAB/MG. “É através da luta que vamos manter a Previdência”, acrescentou o presidente do Sindifisco-MG, Lindolfo de Castro.
Mas essa luta tem que ser intensificada e urgente. “Vamos ter que fazer o enfrentamento agora, não depois que (a reforma) já tiver sido aprovada”, avaliou Sandra Silvestrini, presidente do Serjusmig.
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