Acompanhe o Sitraemg nas redes sociais

Ex-presidente do Sitraemg compara instância máxima do sindicato ao Congresso Nacional

Por David Landau, coordenador-executivo do Sitraemg
Compartilhe

Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria do Sitraemg.


Em reação desesperada perante as acusações sofridas de assédio moral contra três funcionárias do sindicato, ex-coordenador destituído do cargo apelou para uma comparação que ofende a categoria e a democracia sindical.

O ex-dirigente do sindicato destituído por assembleia-geral apelou para uma comparação ofensiva aos servidores e às instâncias do seu sindicato quando equiparou a deliberação da categoria à do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que votou relatório pela cassação do deputado-federal Glauber Braga.

No caso da destituição do sindicalista, a nossa categoria foi chamada a votar em assembleia geral a partir de relatório apresentado por Comissão de Ética nossa, que foi eleita em assembleia geral anterior para apreciar denúncias de assédio moral apresentadas por três funcionárias do sindicato.

Ao fazer analogia entre o seu caso e do deputado ameaçado de cassação, o filiado diz que em ambos os casos o objetivo é “eliminar incômodos”, pois trata-se de “perseguição seletiva”, configurando-se numa “criminalização da crítica”.

Entende-se pelas acusações que ele busca responsabilizar a diretoria executiva da entidade, ou pelo menos a maioria da diretoria, da decisão tomada pela assembleia geral.

Alega que a causa dessa “perseguição” teriam sido problemas com obras irregulares e “privilégios a grupos”. Mas, por trás dessa vaga acusação, esconde o fato de que essas obras irregulares foram fruto de iniciativa tomada há duas gestões atrás, iniciativa essa fortemente criticada pelas duas últimas gestões. Esconde também que foi a ele que a atual gestão passou a atribuição de buscar encaminhar, em conjunto com uma comissão, as soluções para os problemas gerados no passado. E esconde também que as propostas que ele defendeu para solucionar o problema da obra foram aprovadas majoritariamente pela gestão.

Sobre os alegados privilégios, ele não esclarece quais seriam. Talvez se referisse à licença classista que lhe foi conferida por decisão unânime da direção ao longo de todo o tempo em que nela permaneceu como efetivo. E que uma das justificativas para tal licença era justamente o papel dele para tentar dar um encaminhamento para o problema gerado pela obra.

A Comissão de Ética que foi eleita democraticamente pela categoria em assembleia anterior não tem vínculo com a atual direção. Aliás, pelo contrário, ela é composta majoritariamente por filiados que participaram da chapa oposta, aquela que disputou o sindicato com a da atual gestão.

A partir da leitura do relatório com os depoimentos das funcionárias que apresentaram a denúncia, das testemunhas (inclusive algumas indicadas pelo acusado) e do próprio acusado, é que a categoria foi chamada a votar. Ao todo foram 322 votos, menos de 10% defenderam a manutenção do dirigente acusado na atual gestão, a destituição teve 82,3% e pouco mais de 8% preferiram se abster.

Se o dirigente se sente injustiçado pela decisão, está apontando suas críticas na direção errada. A direção cumpriu com sua obrigação de encaminhar as denúncias recebidas para apuração independente, conforme previsto no estatuto. O encaminhamento se deu depois de uma carta de três das quatro dirigentes mulheres mostrando preocupação com a gravidade dos fatos apresentados.

O ex-dirigente acusado de assédio diz que a direção bloqueou a participação da pasta da saúde na apuração dos fatos. Na verdade, a direção nem bloqueou nem envolveu a pasta da saúde na apuração dos fatos, simplesmente porque não cabe à direção a apuração dos fatos, à direção só cabe encaminhar a denúncia. A apuração fica a cargo da Comissão de Ética, que precisa atuar de forma independente.

Não cabe ao dirigente acusado querer se sobrepor às funcionárias identificadas como vítimas desqualificando suas denúncias, como ele tenta fazer no seu artigo (“acusações tardias, sem provas”). Denúncias, provas, versões só podem ser validadas ou não a partir de um julgamento.

Outra crítica apresentada é em relação aos procedimentos adotados, pois se trataria de um “processo viciado”. Mas esquece o ex-dirigente que ele está se referindo aos procedimentos previstos pelo estatuto. Aliás, o estatuto aprovado na gestão em que ele era presidente do sindicato, com preâmbulo fortemente elogioso assinado por ele. (https://sitraemg.org.br/wp-content/uploads/2024/02/livreto_estatuto_sitraemg_baixa.pdf – veja pg.6)

Inaceitável ofensa

Mas se tudo isso já seria suficiente para desqualificar o texto escrito pelo ex-coordenador, o que causa mais assombro é a comparação por ele feita.

Vejam que o ex-dirigente apela para a comparação entre deliberação de assembleia geral que decidiu por destituí-lo e a decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que aprovou levar adiante processo de cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).

Se, no caso do Glauber, o objetivo de “eliminar incômodos”, de uma “perseguição seletiva” e de “criminalização da crítica” deduz-se do fato de que o deputado é conhecido pelas reiteradas denúncias que faz do orçamento secreto e de outras práticas fisiológicas presentes naquela Casa, quais seriam os hipotéticos motivos escusos que mais 80% da assembleia da categoria teriam no caso do ex-dirigente? A comparação é está no contexto de que, como é público, vários parlamentares devem seus mandatos ao financiamento conseguido com expedientes pouco éticos e em decorrência dos vínculos com aqueles que controlam essas práticas.

Aqui, o ex-presidente do sindicato, para tentar desmoralizar a instância máxima do Sitraemg, compara o padrão ético dos seus colegas servidores com o de deputados fisiológicos. Ele quer representar a categoria, mas esquece que ela é composta por trabalhadores que não recebem do orçamento secreto ou de propina, mas de um suado trabalho conquistado com concurso público. E o papel do dirigente sindical é defender essa nossa categoria, não ofendê-la, e nem desrespeitar as instâncias às quais deveria se submeter.

Compartilhe

Veja também

Pessoas que acessaram este conteúdo também estão vendo

Busca

Notícias por Data

Por Data

Notícias por Categorias

Categorias

Postagens recentes

Nuvem de Tags