Encontro Regional – polo Montes Claros – contou com palestra sobre "Direito e Movimento Sindical"

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Palestra sob o título: “Direito e Movimento Sindical”: Greve do Serviço Público; Criminalização do Movimento; Organização dos Trabalhadores, foi apresentada por Gustavo Machado – Pesquisador do Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos – ILAESE – aos servidores presentes no Encontro Regional realizado em Montes Claros, neste sábado, 7.

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Fotos: Generosa Gonçalves

Abrindo sua exposição, o palestrante relembrou que o servidor público é sempre visto como o grande culpado pelo “inchaço” da máquina pública. Contudo, estudos mostram que o gasto com este setor já vem sendo enxugado há muito tempo, então, caso fosse verdade, se realmente o serviço público fosse o grande vilão dos cofres públicos, a solução já deveria ter sido solucionada.

Machado discursou sobre a crise do Estado Brasileiro, que está relacionada aos limites da própria forma de organização da sociedade, baseada na distribuição não planejada e irracional dos serviços e produtos através do mercado. “Os Estados funcionam como verdadeiros salvadores das empresas privadas falidas com a crise”, aponta o pesquisador, informando que, sob a justificativa dessa crise, os governos passam a cobrar a conta do servidor público, por meio das retiradas de direito trabalhistas, perdas salariais, aumento do ritmo de trabalho e a tão temida terceirização. Machado informou que nos últimos 30/40 anos os servidores dos setores público e privado não tiveram ganhos, “apenas retiradas”, destacou.

Os principais ataques ao servidor público, pelos governos, apontados pelo palestrante são a municipalização do Ensino; Reforma Administrativa de 1997, que trouxe, dentre outros a ampliação das possibilidades de demissão dos servidores e o limites de gastos – LRF; Reforma da Previdência, iniciada em 1998, no governo Fernando Henrique e complementada no governo Lula, em 2003; privatizações; terceirizações, que, antigamente eram dirigidas apenas às atividades meio e, hoje, por meio da PEC da Terceirização, também são viabilizadas às atividades fim; Reforma Trabalhista e Política de Superávit primário crescente.

Gráficos apresentados pelo palestrante mostram que nos últimos 20 anos a receita corrente líquida da União cresceu mais de 900%, enquanto o gasto com o pessoal a ampliação foi pouco mais que o dobro, ampliando assim o abismo entre a arrecadação total da União e os gastos com o servidor. Hoje, o governo tem gastado cerca de apenas 35% com o pessoal, percentual bem abaixo do limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Há 20 anos, o governo utilizava 54,5% com o pessoal e, de lá pra cá, uma grande redução neste gasto. Então para onde vai a receita do Estado? Assunto já bastante debatido entre a categoria, Machado mostrou que 45,11% da receita da União vai para o pagamento de juros e amortizações da dívida pública brasileira, valor este sendo mais de três vezes o gasto com pessoal de todas as carreiras e poderes, ativos, aposentados e pensionistas.

Segundo o pesquisador não existe milagre para tal situação e a saída é a organização dos trabalhadores para a luta, pois o Estado não é um parceiro. “Tudo na sociedade funciona por causa do trabalhador, por isso é necessário a união dos servidores – e sabemos que é difícil essa organização”, lembra o palestrante, informando que é neste  momento que entra o sindicato como ferramenta de luta e organização, sendo este independente de classe, agente mobilizador, além de unir os diversos setores do trabalho, principalmente quando o inimigo for o Estado.

Debate

Após a apresentação de Gustavo Machado, foi abeto espaço para um debate, no qual os servidores se manifestaram e se conscientizaram ainda mais sobre a luta da categoria.

Henrique Olegário, coordenador do SITRAEMG, disse que é necessário que a categoria abrace agora a luta pela data base. “Não podemos nos dispersar. Depois da luta pela reposição salarial, vamos abraçar esta. E temos a necessidade de ter alguém da nossa categoria nos representando no Congresso. O Brasil mostra um crescente número na arrecadação enquanto nós não”.

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Alan Macedo, também coordenador sindical, reforçou que a o objetivo do Sindicato é a luta de classe. “Temos uma PEC de nossa autoria que vai tratar da nossa data base. Aproveitamos esse oportuno momento político para conseguir apoio no parlamento e buscar essa Emenda Constitucional”.

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Célio Izidoro, também coordenador do SITRAEMG, fez uma crítica à modernização no mundo do trabalho. “Com o avanço da modernização tecnológica no mundo do trabalho, que deveria proporcionar ao trabalhador melhores condições no trabalho e de vida, além de garantir novos empregos e manutenção de direitos, vimos, hoje, que ela trouxe malefícios à classe trabalhadora, uma vez que visa garantir cada vez mais o lucro das grandes empresas, latifundiários, banqueiros, dentre outros”.

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Luiz Fernando Rodrigues, diretor de base do Sindicato, citou a mobilização dos servidores na última greve acreditando que poderia ter sido ainda maior a adesão.  “Lamento, contudo, mesmo tendo tido nós, servidores do TRT, o respaldo de desembargadores, diretores, e até mesmo da presidente do Tribunal à greve, a adesão ainda foi pequena. Mas nunca perdi a esperança, pois, vemos hoje, à frente do Sindicato, uma diretoria altamente combativa. Temos que confrontar o sistema, saber dizer não. E devemos acreditar no Sindicato, pois esta direção age e pode agir ainda mais em favor dos servidores.

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“Estamos num cenário onde o governo dos ‘trabalhadores’, que nasceu entre as décadas de 80/90, está governando o país, e estamos lutando com os principais representantes sindicais e vemos, nos últimos anos, a criminalização da greve. Exemplo disso, a AGU com pedidos de liminares para barrar nossa greve, multando sindicatos. Um cenário no qual perguntamos o que trazer para a categoria, além da união? Defendi uma tese, que levamos para Brasília, na Plenária da Fenajufe, acerca de termos um representante do PJU no Congresso Nacional. Existem muitas bancadas no parlamento e nós não temos nenhum representante. Não serei candidato, mas serei maior cabo eleitoral para o servidor que querer nos representar. A Federação pediu, que sindicatos conversassem com suas bases. Somos operadores do direito, faremos diálogo e debateremos junto com a sociedade, pois precisamos ter alguém lá, representando fielmente às nossas necessidades”, destaca Alexandre Magnus.

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Daniel de Oliveira, também coordenador sindical, defendeu a necessidade de ampliar forças acerca da PEC 555/06 (que acaba com a taxação dos aposentados e pensionistas). “Ela está escondida, arquivada há mais de um ano. Temos que lutar por esse nosso direito. Vamos batalhar pela aprovação da PEC 555”.

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Carlos Alberto, do TRT de Montes Claros, parabenizou a atuação da atual gestão, por trazer de volta aos sindicalizados a credibilidade perdida durante um tempo no Sindicato. “Acompanhamos, em alguns momentos, servidores que não entendem a necessidade de fazer sua parte frente a luta da categoria. Ao servidor novo, que ainda não sabe o que já perdemos, é necessário entender que precisa lutar”.

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Geraldo Souza, também do TRT Montes Claros, parabenizou ao Sindicato pela realização do evento nesta cidade. “Participo sempre das atividades do Sindicato e acredito que temos que lutar contra a imprensa e governos, pois estão sempre atrás da gente. Parabéns, também, coordenadores sindicais, pela campanha na imprensa, para mostrar a nossa realidade. E temos que levar para os ambientes de trabalho, as discussões sobre as nossas necessidades. A greve fez com que buscássemos nossa dignidade”.

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