Diretoria do Sindicato iniciou nesta sexta-feira os contatos com as administrações dos tribunais para negociar uma flexibilização nas novas determinações para o período grevista
Os informes prestados pelo coordenador geral do SITRAEMG Alexandre Magnus na abertura do ato público realizado pelos servidores do Judiciário Federal na tarde desta sexta-feira, 3, em frente ao prédio do TRE, em Belo Horizonte, acabaram pautando as falas daqueles que discursaram ao longo de mais essa atividade do movimento grevista pela vitória final na luta pela aprovação do PLC 28/2015, que seria a sanção do projeto, pela presidente Dilma Rousseff.
Magnus informou: que o Sindicato está providenciando uma campanha publicitária de esclarecimento à população sobre o movimento grevista e o projeto de reposição salarial, em out doors, em backbus (na traseira dos ônibus do transporte coletivo de BH e cidades do interior) e em emissoras de rádio e televisão; que o coordenador geral da Fenajufe Adilson Rodrigues concedeu entrevistas fazendo tais esclarecimentos, ao Jornal Nacional da TV Globo e à TV Record, lamentando que na primeira cortaram quase toda sua fala, deixando apenas ínfima parte do depoimento dado, mas que na segunda ele pôde fazer uma exposição mais ampla, inclusive sobre o orçamento familiar dos servidores do Judiciário; que as administrações do TRT, TRE e Justiça Federal já publicaram novas portarias sobre a greve, sendo que a da Justiça do Trabalho não altera em muito os atuais procedimentos em relação à greve, mas que mesmo assim o Sindicato se reunirá inda hoje com o diretor geral Ricardo Marques e reivindicar a redução ou retirada dos 40% como percentual de servidores a ser mantido em serviço durante a greve, e que a da Justiça Eleitoral, aí sim, praticamente cerceia o direito de greve, mas que também se reunirá com o novo presidente do Tribunal para falar sobre o tema, e que conversará também com o diretor do foro da Seção Judiciária de Minas Gerais. Pela portaria do TRE, destacou Alexandre Magnus, chefes de cartórios nas Zonas Eleitorais, não poderão fazer greve. “Ora, quando os chefes de cartórios entram em férias, quem substitui são requisitados, já que o quadro é insuficiente. Tem que permitir isso também agora na greve”, cobrou. “Esta portaria atenta frontalmente contra o direito constitucional de greve”, protestou.
Campanha de esclarecimento
A propósito dos ataques da imprensa à categoria, com a aprovação do PLC 28/15 no Senado, o servidor do TRE Alexandre Brandi, membro do Conselho Fiscal do Sindicato, apoiou a iniciativa da direção da entidade na campanha de esclarecimento à população. “A mídia informa que o aumento é de mais de 80%. Pura balela, pressão. Temos que mostrar na imprensa a nossa realidade, que nós não tivemos nenhum reajuste em 2012”. “A imprensa está se calando em relação ao nosso projeto. A pauta hoje é que o Delcídio recebe dinheiro do ´sacolão´´, disse Nestor, procurando tranquilizar os colegas.
Todos à greve
Aos colegas do TRE e das outras Justiças que ainda não aderiram ao movimento grevista, os recados foram contundentes. “Vão ficar só cumprindo metas? Conquista só com greve”, alertou a coordenadora do SITRAEMG Vilma Oliveira Lourenço. “Vencemos uma batalha, mas não vencemos a guerra”, avisou o também coordenador Sandro Luis Pacheco. “Vamos aderir à greve”, completou. “Vamos aumentar a greve, porque nós queremos é o nosso PLC 28/15. Os nossos próprios representantes no Congresso disseram claramente que nós precisamos e merecemos a nossa revisão salarial”, argumentou Alexandre Brandi. “O soldado quando está na guerra tem que dar o sangue, tem que estar disposto a ir até o final”, reforçou Laine Campos, do TRE.
“Portarias não são leis”
Foram gerais os protestos contra as portarias emitidas pelos tribunais nessa nova fase da greve. Mas, ao mesmo tempo, o recado para a categoria reagir. “Não vamos nos intimidar por causa das portarias. Portaria é arbitrário. Não é lei. Vamos ajudar os colegas da Justiça do Trabalho, que estão sendo pressionados”, comentou Nestor Santiago. “É que a greve está incomodando e é para incomodar mesmo. O nosso inimigo não é o só governo, mas também o Poder Judiciário (STF): esse pessoal tinha que negociar e não negociou”, emendou Alexandre Brandi. “Isso (a portaria do TRE) é assédio moral. Não podemos aceitar isso de um presidente que está começando. Colegas, não se submetam”, aconselhou Ercile Resende, servidora do TRE. “Não podemos nos mover por portarias. Não podemos aceitar medidas tomadas unilateralmente. Mas se as portarias existem é porque existe greve. Vamos fortalecer a greve para alcançarmos o nosso objetivo”, convocou o coordenador do Sindicato Célio Izidoro.
Emoção e força da pressão
Vilma Lourenço tentou traduzir, em palavras, a sensação de ter participado das caravanas que estiveram em Brasília e acompanharam a aprovação do PLC 28/15 no plenário do Senado. “A emoção de ver nosso projeto ser aprovado não tem igual, assim como o convívio com os outros servidores”, resumiu.
A força de mobilização e pressão da categoria também foi lembrada com entusiasmo durante o ato de hoje no TRE. “No nosso trabalho de corpo com os senadores dia 30, o assessor da senadora Lídice da Mata reclamou por, ao abrir sua caixa de e-mails, ter encontrado milhares de mensagens dos servidores do Judiciário. Isso é pressão. Nós tornamos o dia a dia dos senadores insuportável. Renan fez toda pressão contrária, mas não adiantou. Nós não arredamos pé. Se tiver o veto, vamos levar 20, 30, 50 mil servidores a Brasília. Brasília é uma ‘ilha da fantasia’, mas só funciona com pressão”, narrou o coordenador do SITRAEMG Igor Yagelovic. E o servidor Tiago, do TRE, sugeriu outra frente de pressão: “É um absurdo. O STF manda um projeto para o Legislativo, este aprova e, agora, Lewandowski quer negociar. Peço a todo mundo que mande e-mail para os ministros pedindo o apoio ao PLC”. E o coordenador do SITRAEMG Sandro Luis Pacheco recomendou a todos enviarem mensagens aos deputados (pelo “Alô Câmara”, 0800.619.619) e aos senadores (Pelo “Alô Senado”, 0800.612211), com apelo para que não deixem Dilma vetar o PLC 28/15 e, caso vete, que o derrubem na votação no Congresso Nacional.
“Dia da Vitória” e “casamento” inusitado
Entusiasmado com a estupenda vitória da categoria com a aprovação do PLC 28/15 no Senado, o diretor de base José Francisco Rodrigues, dirigindo-se à direção do Sindicato, sugeriu que se institua e passe a comemorar o dia 30 de junho, com a categoria, como o “Dia da Vitória dos Servidores do Judiciário Federal”. Já o filiado Nestor Santiago reforçou o convite para que os colegas não só estejam presentes no ato público e AGE da próxima quarta-feira, em frente ao prédio da Justiça Federal, mas que também levem suas famílias, para assistirem juntos ao inédito “casamento” entre Dilma e Lewandowski.
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