Eleito o novo presidente do Paraguai

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O esperado resultado das eleições do Paraguai confirmou a vitória de Fernando Lugo para assumir a Presidência do país. Lugo venceu no domingo por quase 10 pontos de vantagem a candidata governista, Blanca Ovelar, com os paraguaios cansados de décadas de corrupção e alta pobreza, em um país que sobrevive em parte da pirataria de produtos e contrabando. O ex-bispo, de 56 anos, se disse esperançoso de conseguir a renegociação de um tratado energético com o Brasil, o que permitiria ao Paraguai obter mais receita para combater a pobreza. “É uma porta que se abriu de diálogo, de conversação depois de tantos anos. Lula mostrou-se disposto a isso”, sustentou, se referindo à reunião que teve com o presidente brasileiro em Brasília recentemente.

Lugo, eleito domingo com 40,82% dos votos, declarou buscar a chance de sentar à mesa, para debater a diversidade de opiniões. “Quremos falar sobre o tratado de Itaipu, a administração, a transferência de energia, e definir o que é um preço justo e o que é preço de mercado.” O presidente eleito, sem definir prazos, afirmou: “Esperamos que isso possa ser o mais rápido possível”. Lugo descartou que as divergências paraguaias com o Brasil sobre Itaipu pudessem levar a uma crise como a ocorrida recentemente entre o governo da Bolívia e a Petrobras, afirmando que o contrato é de Estado para Estado, e não com uma empresa. “Confio na racionalidade e na objetividade do governo brasileiro.”

DIÁLOGO

Em Acra, capital de Gana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, deixaram a porta aberta ao diálogo, mas Lula descartou a revisão do Tratado de Itaipu. “Não muda o contrato”, disse Lula. “Em Itaipu nós temos um tratado e ele vai se manter”, acrescentou o presidente. O Tratado de Itaipu formalizou a sociedade entre Brasil e Paraguai com a inauguração da usina hidrelétrica em novembro de 1982. Pelo acordo, os dois países dividem igualmente a energia produzida, mas o Paraguai, que só consome 5% da energia recebida, é obrigado a vender ao Brasil os 95% restantes da sua cota.

COMPENSAÇÃO

Para Amorim, a decisão política sobre ajuste nas tarifas está tomada, mas é necessário saber a maneira de fazê-lo. “Devemos conseguir com que o Paraguai obtenha o máximo de benefício em função da sociedade que eles têm conosco em Itaipu”, disse Amorim. O ministro fez questão de lembrar um precedente, que não exigiu nenhuma mexida no tratado: “Há uns anos, houve um reajuste numa parcela de compensação pela energia do Paraguai porque estava defasada”.

Fazendo coro com uma entrevista dada minutos antes pelo presidente Lula, que defendeu que o Brasil, “como maior economia da América Latina”, ajude os vizinhos mais pobres, Amorim disse considerar “um absurdo que o Paraguai, sendo sócio da maior hidrelétrica do mundo”, tenha uma fornecimento de energia tão ruim em Assunção e não possa investir por falta de linhas de transmissão que façam o fornecimento regular de energia. A intenção, segundo Amorim, é também “financiar linhas de transmissão e incentivar empresas brasileiras a investirem no Paraguai”.

Enquanto Lula tratou mais das questões políticas, o chanceler detalhou, depois, as questões envolvendo Itaipu. Lula destacou a importância da alternância de poder nos países, sempre que se preserve a democracia, como no caso do Paraguai. “Ele (Lugo) não é um esquerdista e nós temos que valorizar as pessoas que são eleitas como resultado da democracia. O Lugo pelejou muito tempo, batalhou muito tempo, venceu uma eleição muito disputada, reconhecida já por todos os outros candidatos”, afirmou o presidente. “Acho que ganhou de verdade no Paraguai a democracia. Houve um câmbio, e esse câmbio, se foi da vontade do povo, merece todo o meu respeito”, completou.

Fonte: Portal UAI

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