Em 20 de novembro celebra-se o Dia da Consciência Negra. Trata-se de uma data de reflexão e de luta contra o racismo. Um racismo que violenta e mata, que encarcera e nega direitos sociais, que restringe e proíbe acessos, um racismo que moldou a sociedade brasileira.
Nesta data de celebração, é o momento de nos propormos a refletir sobre o racismo que nos cerca e sobre aquele que praticamos, diariamente. E a melhor forma de refletir é nos propondo a conhecer a História.
Pensando nisso, o Sitraemg fez uma seleção de filmes, séries, podcasts, documentários e livros que vão te ajudar a refletir sobre o racismo e o preconceito.
A lista aqui apresentada não está finalizada, portanto, sugestões e outras dicas são bem vindas. E vale um alerta: após assistir essas obras de arte, você não será mais o mesmo!
Filmes e séries disponíveis na NETFLIX
Emicida: AmarElo – É Tudo para ontem
Documentário
Usando o show do rapper Emicida no Theatro Municipal (2019) como espinha dorsal, o filme explora a produção do projeto de estúdio AmarElo e, ao mesmo tempo, a história da cultura negra brasileira nos últimos 100 anos.
Direção: Fred Ouro Preto
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Cara gente branca
Série
Baseado no aclamado filme independente, essa série original da Netflix satiriza as relações “pós-raciais” dos EUA acompanhando alunos negros que entraram numa universidade de elite.
Direção: Barry Jenkins, Justin Simien, Tina Mabry
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What happened, Miss Simone?
Filme
Gravações inéditas, imagens raras de arquivo e suas músicas mais populares contam quem foi a lendária cantora e ativista Nina Simone.
Direção: Liz Garbus
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A voz suprema do blues
Filme
Chicago, 1927. A sessão de gravação de um álbum da lendária Ma Rainey é mergulhada em tensão entre seu ambicioso trompista Levee e a gerência branca que está determinada a controlar a incontrolável “Mãe do Blues”. Porém, uma conversa no local revela verdades que irão abalar a vida de todos.
Direção: George C. Wolf
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Sangue e água
Série
Uma adolescente da Cidade do Cabo conhece uma nadadora famosa em uma festa e decide descobrir se a atleta é sua irmã que foi raptada após seu nascimento.
Direção: Nosipho Dumisa
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Olhos que condenam
Série
Cinco jovens negros do Harlem foram injustamente acusados de estuprarem uma mulher no Central Park. Com criação, roteiro e direção de Ava DuVernay, a série expõe falhas da Justiça dos EUA em um dos mais polêmicos casos de erro judiciário de sua história.
Direção: Ava DuVernay
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Youtube
Olhos Azuis
Documentário
Olhos azuis, olhos castanhos: um exercício com Jane Elliott documenta o trabalho dessa professora, socióloga estadunidense que em resposta a intolerância racial que culminou no assassinato de Martin Luther King há 40 anos, iniciou suas experiências empáticas de educação para a igualdade racial em uma sala de terceira série primária.
“Olhos Azuis” é o documentário sobre este trabalho e há cenas do documentário de 1968 e o emocionante encontro dela com seus alunos da terceira série já adultos e com filhos.
Direção: Bertram Verhaag
Veja a íntegra
Branco sai, preto fica
Direção: Adirley Queiroz
O filme cria suas imagens e sons a partir de uma história trágica: dois homens negros, moradores da maior periferia de Brasília, ficam marcados para sempre graças a uma ação criminosa de uma polícia racista e territorialista da Capital Federal. Essa polícia invade um baile black. Tiros, correria e a consumação da tragédia: um homem fica para sempre na cadeira de rodas, o outro perde a perna após um cavalo da polícia montada cair sobre ele. Mas esses homens não se sentem confortados em contar a história de maneira direta e jornalística. Eles querem fabular, querem outras possibilidades de narrar o passado, abrindo para um presente cheio de aventuras e ressignificações, propondo um futuro.
Íntegra
Uma Onda no Ar
Direção: Helvécio Ratton
É um filme de drama brasileiro, de 2002, baseado na história real da Rádio Favela, uma rádio comunitária criada na década de 1980 na favela Aglomerado da Serra em Belo Horizonte, e mostra como ela foi perseguida pela polícia, enquanto quatro amigos tentam mantê-la. Alexandre Moreno, Adolfo Moura, Babu Santana e Benjamim Abras foram escolhidos para estrelar o filme, após 3 mil pessoas participarem de audições para os papéis. O filme foi gravado na própria favela, e usou cerca de 300 moradores locais como figurantes.
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Roda Viva entrevista Emicida
Íntegra
Roda Viva entrevista Silvio Almeida
Íntegra
Canal Curta
Orí – Raquel Gerber e Beatriz Nascimento
Ôrí significa “cabeça”, “consciência negra”, em língua yorubá. A música, a dança, o gesto, o ritual, na expressão da cultura mais antiga da Humanidade. Ôrí documenta os movimentos negros brasileiros entre 1977 e 1988, passando pela relação entre Brasil e África, tendo o quilombo como ideia central de um contínuo histórico e apresentando como fio condutor a história pessoal de Beatriz Nascimento, historiadora e militante negra, falecida prematuramente no Rio de Janeiro, em 1995. O filme mostra a comunidade negra em sua relação com o tempo, o espaço e a ancestralidade, através da concepção do projeto de Beatriz, do “quilombo” como correção da nacionalidade brasileira.
Direção: Raquel Gerber
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Exibição
Canal Curta
Dia 20/11
11h30
Nos cinemas
Marighella
A produção conta a história dos últimos anos de Carlos Marighella, guerrilheiro que liderou um dos maiores movimentos de resistência contra a ditadura militar no Brasil, na década de 1960.
Comandando um grupo de jovens guerrilheiros, Marighella tenta divulgar sua luta contra a ditadura para o povo brasileiro, mas a censura descredita a revolução. Seu principal opositor é Lucio, policial que o rotula de inimigo público nº 1.
Quando o cerco se fecha, o próprio Marighella é emboscado e morto – mas seus ideais sobrevivem nas ações dos jovens guerrilheiros, que persistem na revolução.
Direção: Wagner Moura
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Pixinguinha, um homem carinhoso
Vida e obra de Alfredo da Rocha Vianna Junior (1897-1973), o Pixinguinha, pai da MPB. Gênio incompreendido e muito à frente de seu tempo, só teve sua importância reconhecida muitos anos depois. A vida do famoso músico, menino negro de classe média baixa é contada desde suas primeiras performances antológicas na flauta; a composição de suas muitas obras primas, dentre as quais “Carinhoso” o verdadeiro hino popular brasileiro, que faz 100 anos em 2017; sua temporada de 6 meses em Paris em 1922 com o retumbante êxito de seu conjunto “Oito Batutas”; seus arranjos como primeiro diretor musical para a Victor americana nos anos 30, sua decadência e ressurgimento nos anos 40; sua consagração nos anos 60 pelas mãos das novas gerações da bossa nova e do jazz; e sua morte na igreja N. S. da Paz no Rio de Janeiro em pleno carnaval de 1973 durante a passagem da Banda de Ipanema.
Direção: Allan Fiterman e Denise Saraceni
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Outras plataformas de streaming
Selma: uma luta por igualdade
Direção: Ava DuVernay
Narra a luta histórica do dr. Martin Luther King Jr. para garantir o direito ao voto para os afro-americanos – uma campanha perigosa e apavorante que culminou na épica marcha de Selma a Montgomery, no Alabama, que galvanizou a opinião pública americana e persuadiu o presidente Johnson a apresentar a Lei do Direito ao Voto de 1965.
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Infiltrado na Klan
Direção: Spike Lee
Em 1978, Ron Stallworth, um policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas, quando precisava estar fisicamente presente enviava um outro policial branco no seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.
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Amistad
Direção: Steven Spielberg
Costa de Cuba, 1839. Dezenas de escravos negros se libertam das correntes e assumem o comando do navio negreiro La Amistad. Eles sonham retornar para a África, mas desconhecem navegação e se vêem obrigados a confiar em dois tripulantes sobreviventes, que os enganam e fazem com que, após dois meses, sejam capturados por um navio americano, quando desordenadamente navegaram até a costa de Connecticut. Os africanos são inicialmente julgados pelo assassinato da tripulação, mas o caso toma vulto e o presidente americano Martin Van Buren (Nigel Hawthorn), que sonha ser reeleito, tenta a condenação dos escravos, pois agradaria aos estados do sul e também fortaleceria os laços com a Espanha, pois a jovem Rainha Isabella II (Anna Paquin) alega que tanto os escravos quanto o navio são seus e devem ser devolvidos. Mas os abolicionistas vencem, e no entanto o governo apela e a causa chega a Suprema Corte Americana. Este quadro faz o ex-presidente John Quincy Adams (Anthony Hopkins), um abolicionista não-assumido, sair da sua aposentadoria voluntária, para defender os africanos.
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Podcasts
- Meteora
- Negra Voz
- Mano a Mano
- Papo Preto
Livros
Racismo Estrutural, Silvio Almeida
Nos anos 1970, Kwame Turu e Charles Hamilton, no livro “Black Power”, apresentaram pela primeira vez o conceito de racismo institucional: muito mais do que a ação de indivíduos com motivações pessoais, o racismo está infiltrado nas instituições e na cultura, gerando condições deficitárias a priori para boa parte da população. É a partir desse conceito que o autor Silvio Almeida apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira.
Pequeno Manual Antirracista, Djamila Ribeiro
Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito. Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
Mulheres, raça e classe – Angela Davis
Mulheres, raça e classe, de Angela Davis, é uma obra fundamental para se entender as nuances das opressões. Começar o livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, nos dá a dimensão da impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para possibilitar um novo modelo de sociedade. Davis apresenta o debate sobre o abolicionismo penal como imprescindível para o enfrentamento do racismo institucional. Denuncia o encarceramento em massa da população negra como mecanismo de controle e dominação. Dessa forma, questiona a ideia de que a mera adesão a uma lógica punitivista traria soluções efetivas para o combate à violência, considerando-se que o sujeito negro foi aquele construído como violento e perigoso, inclusive a mulher negra, cada vez mais encarcerada.
Quilombos, resistência ao escravismo – Clóvis Moura
Este é um texto clássico e atual de Clóvis Moura sobre os quilombos como unidade básica de organização e resistência das trabalhadoras e trabalhadores negros contra o escravismo, publicado em 1993, reeditado pela Expressão Popular em parceria com o Andes-SN. O autor apresenta a análise histórica sobre a formação do escravismo brasileiro com relevância numérica em todo território nacional, o que diferencia do escravismo nos Estados Unidos e na América Latina, cuja contradição principal era a exploração da força de trabalho dos negros e negras africanos escravizados pelos senhores. E desde então a questão racial está associada à estruturação da sociedade brasileira escravista colonial, formação do capitalismo dependente no Brasil.
Mito e verdade da revolução brasileira – Guerreiro Ramos
“Mito e verdade da revolução brasileira” é retrato do clima intelectual e político do início da década de sessenta e condensa, sobretudo, a intensa polêmica no interior da esquerda entre os socialistas e os nacionalistas, capítulo incluso da Revolução Brasileira. Guerreiro Ramos era o intelectual mais importante do país antes da ditadura; era também a cabeça pensante mais importante e fecunda do trabalhismo brasileiro e do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros).
O genocídio do Negro Brasileiro: Processo de um racismo mascarado – Abdias Nascimento
Ao longo do século passado, prevaleceu a visão de que os descendentes dos africanos se encontravam, no Brasil, numa condição muito mais favorável do que a vivida pelos negros no sul dos Estados Unidos ou na África do Sul do apartheid. Mais do que estabelecida, essa era uma visão oficial: o Brasil seria uma democracia racial, um lugar em que o grande problema do negro era a pobreza e não o preconceito de cor. Foi contra essa falácia que Abdias Nascimento se insurgiu ao apresentar, no Segundo Festival de Artes e Culturas Negras, em Lagos (Nigéria, 1977), em plena vigência da ditadura militar, um texto combativo, a começar pelo título, demonstrando que a condição dos negros no Brasil não era realmente como aquela nos EUA ou na África, era pior, vítimas que são de um racismo insidioso, de uma política que conduz a um genocídio, para usar o termo do autor, que, ausente das leis e dos discursos políticos, se revela cotidianamente.
Primavera para Rosas Negras – Lélia Gonzalez
Trata-se de uma coletânea, organizada e editada pela União dos Coletivos Pan Africanistas (UCPA) que reuniu, se não todos, a imensa maioria dos textos da intelectual feminista negra brasileira Lélia Gonzalez. Pela primeira vez, a jovem geração de intelectuais e ativistas negras, que cresce no país, poderá ter acesso ao conjunto da produção bibliográfica da autora que revolucionou os estudos sobre a mulher negra no Brasil. O livro é cuidadosamente apresentado por Raquel Barreto, jovem feminista negra que, desde sua dissertação de mestrado (Barreto, 2005), se dedica a investigar a trajetória de nossa rosa azeviche. Da dificuldade com os termos “embolados” que Lélia recupera da psicanálise freudiana e lacaniana, do diálogo com Althusser, das críticas ao pensamento social (racista) brasileiro e dos embates com o movimento feminista, com reivindicações que escamoteiam a dominação e a exploração presentes na relação entre mulheres brancas e negras, vão sendo tecidas as ideias teóricas de Gonzalez.
Discos
Sobrevivendo no inferno – Racionais Mc’s
Nada como um dia após outro dia volume 1&2 – Racionais Mc’s
Amarelo – Emicida
Nó na orelha – Criolo
Djonga – Histórias da nossa área
Assessoria de Comunicação
Sitraemg
Esta lista foi elaborada a partir da contribuição de Luciana Araújo, Laura Astrolábio, Thiago Leonardo Souto Soares, Paulo José da Silva e Alexandre Magnus.