Conforme noticiado pelo portal Folha Uol, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi preso na manhã desta quarta-feira, 25, pela Polícia Federal.
Veja as informações da Folha:
“A operação foi autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) depois que o Ministério Público Federal apresentou evidências de que ele tentava conturbar as investigações da Operação Lava Jato.
Também foi preso o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, que estaria envolvido nas irregularidades.
Delcídio havia sido citado pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que o acusou de participar de um esquema de desvio de recursos envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
O senador teria até mesmo oferecido possibilidade de fuga a Cerveró em troca de ele não aderir ao acordo de colaboração com a Justiça, revelando as irregularidades da operação. A conversa foi gravada por um filho de Cerveró.
É a primeira vez que um senador é preso no exercício do cargo, já que a Constituição Federal só permite a prisão de parlamentar em crime flagrante. Neste tipo de ação, de obstrução de investigação, a conduta é considerada crime permanente. É um dos poucos motivos que leva a corte a aceitar prisão preventiva de réu ainda sem julgamento”.
E mais:
“Além de Delcídio, o STF também autorizou a prisão do chefe de gabinete do senador e de um advogado. Também há autorização para buscas na casa do petista em Mato Grosso.
A decisão de Teori atende a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O ministro pediu que fosse convocada para a manhã desta quarta a realização de uma sessão extra da segunda turma do tribunal, que é responsável pelos casos que envolvem o esquema de corrupção da Petrobras. No encontro, ele deve discutir as prisões.
Neste terça, o ministro chegou a telefonar para o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, comunicando sobre a reunião extraordinária e também se reuniu com colegas da segunda turma de forma reservada. A ideia é dividir o peso da reunião de prender um senador, que só poderia ser preso em flagrante. Um dos argumentos para a prisão seria que a obstrução das investigações e integrar uma organização criminosa torna o crime permanente e flagrante facilitado”.
A verdadeira face do governo petista
A prisão de Delcídio Amaral expõe a situação de inversão de valores que se verifica em muitos agentes públicos que se encontram à frente dos poderes “legalmente” constituídos do País nos últimos tempos. Na condição de líder do governo no Senado, o senador tem se comportado como verdadeiro “leão de chácara” do Palácio do Planalto nas discussões e votações de matérias legislativas que tratem de reajuste ou reposição de salários dos servidores públicos. O exemplo mais recente foi o projeto de revisão salarial dos servidores do Judiciário Federal, que no Senado tramitou como PLC 28/15. Amaral tentou adiar a votação do projeto desde o início de sua tramitação na Casa, ainda na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC). Aprovado na comissão, usou de todas as artimanhas possíveis para tentar barrar a votação do projeto também em plenário.
O argumento era de que o governo estava em negociação com o STF e com a categoria. Pura balela! O Palácio do Planalto sempre fugiu ao diálogo com os servidores. E com o presidente do Supremo, houve articulações apenas no sentido de confundir a população, através da mídia, acerca dos verdadeiros percentuais de revisão salarial pleiteados e, com isso, fortalecer a pressão para que os parlamentares não aprovassem o projeto. Chegou-se ao absurdo de os presidentes da República e do Supremo se reunirem em Portugal para fazer esse acerto esdrúxulo, para não dizer obsceno, imoral. Enquanto isso, técnicos dos dois poderes acertavam o encaminhamento ao Congresso do chamado “projeto do leitinho”, uma proposta de reposição rebaixada, totalmente à revelia dos servidores.
E nas votações do PLC 28/15 no plenário do Senado e do Veto 26/15, no Congresso Nacional, Delcídio e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (também do PT, pego com dinheiro na cueca antes mesmo de se eleger deputado federal) tiveram a coragem de afirmar que projeto de revisão salarial da categoria praticamente inviabilizaria o ajuste fiscal imposto pelo governo para cobrir um rombo consequente da incompetência da própria administração federal e da roubalheira generalizada na Petrobras e em outros órgãos e empresas públicas federais ora investigada pela Polícia Federal, apurada pelo Ministério Público e julgada pelo Judiciário.
Se Delcídio Amaral está tentando barrar as investigações da Polícia Federal na Lava Jato, com certeza é porque teme a acusação que pesa contra ele de recebimento de verbas ilegais da Petrobras. E fica cada vez mais patente que o que as cúpulas dos poderes negam aos servidores e demais trabalhadores jamais visa à salvação do País. Os interesses, como se vê, são bem outros. Lamentavelmente.
“Delcídio Amaral foi uma das lideranças do governo que mais trabalhou pela MANUTENÇÃO DO VETO presidencial nº 26/15. E isso, a categoria do Judiciário NUNCA VAI ESQUECER. A categoria não vai esquecer de todas as manobras desse senador do PT nos dias das votações no Senado do PLC 28/15, e de suas articulações junto ao senador Renan do PMDB. A categoria do PJU e MPU já tem gravados estes nomes e estes partidos da bancada governista que estão afundando o Brasil e ajudando a sucatear o Judiciário Federal”, conclui o coordenador geral do SITRAEMG Alexandre Magnus.
Por isso, o SITRAEMG reforça a convocação de todos os servidores mineiros para a Assembleia Geral Extraordinária desta quinta-feira, 26/11, a partir das 13h30, em frente ao prédio do TRT da Rua Mato Grosso, 468, Barro Preto, Belo Horizonte. Todos lá, para discutir os próximos passos da Campanha Salarial da Categoria.