No dia 27 de maio de 2015, depois de se reunirem na semana anterior no TRT de Contagem para discutirem o início de um possível movimento grevista em defesa da aprovação da reposição salarial da categoria, o SITRAEMG e aqueles servidores realizaram um ato público na praça Dr. Silviano Brandão, no centro de Contagem, ao lado do fórum trabalhista local, reunindo ainda dezenas de colegas também da Justiça Federal e Justiça Eleitoral de Contagem e cidades vizinhas, incluindo Belo Horizonte. Acendia-se, ali, a chama da maior greve da história dos servidores do Judiciário Federal, pela reposição salarial, que se iniciaria no dia 10 de junho e se estenderia até 24 de setembro, abrangendo todo o País. O projeto acabaria aprovado na Câmara e no Senado, mas a então presidente Dilma Rousseff o vetou e o Congresso, posteriormente, manteve o veto. Outra proposta de reposição salarial, bem inferior à derrotada em 2015, seria aprovada em 2016, já no governo Temer.
Pois bem. Diante de mais um grande desafio que se apresenta para a categoria e os trabalhadores brasileiros de modo geral, como foi visto esta semana com o governo eleito no último domingo anunciando medidas drásticas de retirada de direitos, o Sindicato decidiu recorrer à simbologia da origem da grande greve de 2015 e, nesta quarta-feira (31/10), foi ao TRT de Contagem para se reunir com os servidores daquele foro e iniciar, por lá, os primeiros contatos com a categoria para discutir e definir estratégias de mobilização visando impedir a aprovação da Reforma da Previdência; de medidas de aprofundamento da Reforma Trabalhista, que por tabela irão enfraquecer ainda mais a Justiça do Trabalho; e dos projetos que tratam da avaliação de desempenho no serviço público (PLS 116/17, no Senado; e PLP 248/98, na Câmara), que ameaçam por fim à estabilidade.
Na reunião de hoje, o Sindicato foi representado pelos coordenadores Célio Izidoro e Paulo José da Silva – este último, servidor aposentado do TRT de Contagem. Na conversa entre os participantes, foi manifestada a grande preocupação de todos com o apetite do presidente eleito, ainda maior do que o do atual ocupante do cargo, por aprovar medidas prejudiciais aos trabalhadores e camadas mais pobres da população. E o pior é que Bolsonaro, ao contrário de Temer, vem respaldado por uma significativa preferência do eleitorado que quase o elegeu já no primeiro turno. Também foi consenso entre os presentes a percepção de que a imprensa joga duro com os servidores públicos, imputando-lhes a culpa por todas as mazelas do país e taxando-os de privilegiados, reforçando o discurso do governo de que deve começar pelo funcionalismo o corte de despesas que seria necessário para ajustar as contas públicas.
Aos servidores contagenses, os representantes do Sindicato informaram que a entidade já programou iniciar um trabalho de corpo com deputados e senadores em Brasília, a partir da semana que vem. Somadas a essa iniciativa, os participantes da reunião de hoje acertaram já algumas atividades de mobilização a serem organizada pelo SITRAEMG para chamar a categoria para as mobilizações:
- Veiculação de mensagem com esse apelo e os esclarecimentos sobre os impactos das propostas do governo para os servidores, em carro de som em movimentação nos prédios dos tribunais em Belo Horizonte;
- Promoção de rodas de conversa com renomados analistas políticos, magistrados, membros do MP e advogados sensíveis às causas dos trabalhadores, para que possam traduzir de forma bastante simplificada para os servidores as propostas do governo e até mesmo oferecer dicas de estratégias de mobilização;
- Disponibilizar espaço no site do Sindicato para publicação de artigos e entrevistas com personalidades do perfil acima citado;
- Usar todos os meios de comunicação de que o Sindicato dispõe para refutar e rebater todas as notícias falsas sobre os servidores públicos noticiadas pela mídia.
- O Sindicato deve se aliar a outras entidades (ou frente de entidades) para realização de mobilizações conjuntas.
O objetivo do SITRAEMG é agir e reagir, por si mesmo, aos ataques contra a categoria, angariar apoios junto a outras classes e categorias e contribuir para que cada servidor tenha, “na ponta da língua”, a resposta certa para que cada comentário ou pergunta ofensiva aos servidores com que se deparar.