E para terça-feira, 23, todos estão convocados para concentração em frente ao prédio da Justiça Federal, 1.741, às 12h, e passeata para o TRE da Av. Prudente de Morais, 100, onde haverá ato público; e na quarta-feira, 24, assembleia geral extraordinária, às 13 horas, em frente ao prédio do TRT da Rua Mato Grosso, 468
Vestidos de preto, como sempre, com barulhaço de apitos e vuvuzelas, faixas e cartazes expressando toda a indignação com o governo e Lewandowski e a disposição para a greve até a aprovação do PLC 28/15 no Senado Federal, cerca de 800 servidores do Judiciário Federal em Minas, em greve desde o último dia 10, realizaram mais uma atividade de mobilização em Belo Horizonte. Depois de se concentrarem em frente ao prédio da Justiça Federal em Belo Horizonte, saíram dali em animada passeata, até o prédio do TRT da Rua Mato Grosso, onde realizaram mais um ato público. Diante de um quadro de greve que já abrange bem mais da metade dos locais de trabalho em todo o estado, os servidores presentes reiteraram o recado ao governo: “Ajuste fiscal não se fazem às custas dos trabalhadores. Estamos há nove anos sem reajuste. Queremos a aprovação do PLC 28/2015 já!”.
A concentração na Justiça Federal reuniu os servidores desta e das Justiças do Trabalho e Eleitoral. Servidores das três Justiças de Contagem também vieram, de ônibus, para engrossar a manifestação. E uma caravana de grevistas de Betim também esteve presente. Da Justiça Federal, liderados por carro de som, e contando a escolta da BHTrans e da Polícia Militar, os servidores seguiram para o TRT da Rua Mato Grosso. Em frente à Assembleia Legislativa, eles pararam por instantes, fizeram um “apitaço” e pediram o apoio dos parlamentares mineiros à luta da categoria, lembrando que daqui a três anos temos mais eleições para o cargo. “Queremos salários dignos. Se quiseram fazer alguma coisa, que façam agora”, disse Mauro Alvim, da Justiça Federal. Próximo a hospital, foi pedido silêncio a todos para não incomodar.
Recados para Dilma e Lewandowski
Ao longo de todo o trajeto, os servidores que se revezavam ao microfone pediam desculpas à população e que tivesse paciência pelos transtornos. “Estamos na rua para mostrar ao povo o que a imprensa não quer mostrar: a intransigência do governo e a nossa luta”, explicou Hebe-Del kader, acrescentando que os servidores estão adoecendo, com problemas psíquicos, e que essa intransigência em relação aos servidores faz parte de um plano do governo de “sucateamento” do serviço público. “Estamos com uma defasagem salarial de nove anos. E o que queremos não é nem reajuste, mas apenas reposição salarial”, esclareceu David Landau. “O governo diz que está negociando e ficou de apresentar proposta, mas não apresentou. Não negocia, não nos recebe e não nos houve”, protestou. E tomem recados para o governo. “Se o governo não quer negociação, vamos conseguir (a aprovação do projeto) na marra”, avisou José Francisco da Silva. E mais, bradados em coro por todos: “O povo na rua. Dilma, a culpa é sua”, “Não é justo não. São nove anos perdendo pra inflação”; “Não é mole não. São nove anos perdendo pra inflação”. E, como não poderia deixar de ser, sobrou também para Lewandowski: “Todos merecemos um Judiciário forte, um Judiciário respeitado”, defendeu José Francisco Rodrigues. “Queremos um Judiciário independente, não um Judiciário que fica de ‘pires na mão’ para o Executivo. Lewandowski tem que tomar uma postura (de chefe do Judiciário)”, reforçou o coordenador do SITRAEMG Sandro Luis Pacheco.
A luta é nas ruas, no chão
Os colegas que ainda não aderiram à greve também não foram poupados. “Quem não luta por seus direitos não merece os direitos que tem”, alertou Sandro Pacheco, parafraseando Rui Barbosa. Ao se aproximarem dos prédio do TRT da Avenida Augusto de Lima e da Rua Mato Grosso, e durante o ato no mesmo local, os servidores, ao microfone e olhando para os colegas que os observavam do alto, dos locais de trabalho, cobraram – dos colegas que estavam trabalhando – compromisso com a luta. “A luta é aqui no chão”, convidou David Landau. Àqueles que detêm função ou cargo comissionado, a servidora Andreia Seixas, do TRT, lembrou: “Eu sou assistente de juiz e não estou com medo (de fazer greve). Não tenham medo. A gente não tem que pedir permissão para entrar na greve”. Ronaldo da Silva lançou um desafio também aos colegas do setor de informática. Destacando que há alguns deles em greve, propôs que mais servidores do setor de Informática parem de trabalhar para, aí sim, parar tudo na Justiça do Trabalho. “É aqui (na Justiça do Trabalho) que os cidadãos vêm reivindicar seus direitos”, lembrou Hebe-Del Kader. “Esta construção é de concreto, mas a estrutura não funciona sozinha”, emendou David Landau. Também o servidor Hélio Diogo Ferreira, Nestor Santiago e outros colegas chamaram os colegas para a luta. E Ronaldo da Silva lançou outro desafio: que servidores que normalmente não vinham se pronunciando nas atividades de mobilização fossem falar ao microfone. De pronto, a servidora Izabela, da Escola Judicial do TRT, foi para cima do carro de som e disse que essa foi a primeira vez que falou durante uma manifestação e também a primeira que viu uma manifestação tão bonita. Bonita e “whatsAPPeada”, frisou, referindo-se à organização da mobilização também pelo aplicativo WhatsAPP.
Próximas atividades
Durante as atividades desta segunda-feira, 22, os servidores foram novamente convocados para concentração nesta terça-feira, 23, às 12h, em frente ao prédio da Justiça Federal, 1.741, e realização de mais uma passeata, até o TRE da Av. Prudente de Morais, 100, onde haverá ato público; e na quarta-feira, 24, assembleia geral extraordinária, às 13 horas, em frente ao prédio do TRT da Rua Mato Grosso, 468. Também foi exaustivamente informado que o SITRAEMG está organizando uma caravana para Brasília para acompanhar a votação do PLC 238/15 no Senado, no dia 30/06. O ônibus sairá de Belo Horizonte no dia 29. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail caravanabrasilia@sitraemg.org.br/
Fotos da concentração, passeata e ato de hoje