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Chacina de Unaí: penas dos pistoleiros da Chacina de Unaí somam 226 anos

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Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda foram os primeiros dos oito réus a irem a julgamento; outros acusados do crime em que três auditores foram mortos serão julgados no próximo dia 17

Os pistoleiros Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda foram condenados, na madrugada deste sábado (31) por ter matado três auditores fiscais do trabalho e o motorista que os acompanhava em 28 de janeiro de 2004, no crime que ficou conhecido como Chacina de Unaí. Eles foram os primeiros dos oito réus a serem julgados, em julgamento que começou na última terça-feira. Somadas, as penas chegam a 226 anos de prisão. Silva foi condenado a 76 anos e 20 dias de reclusão e 130 dias de multa por quatro homicídios triplamente qualificados e por formação de quadrilha. Rios pegou 94 anos de prisão pelos mesmos crimes. E Miranda foi condenado a 56 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado. Ele foi absolvido do crime de formação de quadrilha. Sua pena foi menor porque sua participação foi considerada de menor importância. A sentença foi lida por volta das 2h deste sábado (31), pela juíza Raquel Vasconcelos.

A promotoria se disse satisfeita com a sentença, assim como as famílias das vítimas, que estiveram no Tribunal de Justiça Federal durante todo o julgamento. Os advogados de defesa dos três réus afirmaram que vão recorrer.

Nos interrogatórios dos pistoleiros, Silva foi o único que confessou o crime, revelando a participação de todos os acusados. Ele contou que recebeu entre R$ 40 mil e R$ 50 mil do fazendeiro Norberto Mânica para realizar, junto com os outros dois pistoleiros, a execução dos auditores do trabalho Nelson José da Silva, Eratóstenes de Almeida e João Batista, e do motorista deles, Aílton Pereira de Oliveira.

Nessa sexta-feira, das 9h às 17h, foram realizados os debates entre defesa e acusação, que mostrou fotos dos corpos e reforçou a tese de que Silva, Rios e Miranda participaram do crime. Nesse momento, chorando, as viúvas das vítimas deixaram o salão do júri do Tribunal de Justiça Federal em Minas Gerais. A Procuradoria da República pediu que Silva fosse beneficiado com a delação premiada – redução da pena, já que ele confessou o crime. O advogado de defesa dele, Antônio Oliveira Filho, sustentou a tese de que o seu cliente não deveria ser condenado pelo crime de formação de quadrilha e pediu que os jurados considerassem que ele colaborou com as investigações quando fossem dar a pena.

Na defesa de Rios e Miranda, os advogados tentaram reforçar a tese da inocência e repetiram inúmeras vezes que os jurados deveriam absolvê-los se tivessem “uma ponta de dúvida” de que eles são culpados. O defensor de Rios, Sérgio Moutinho, tentou novamente desqualificar a investigação da Polícia Federal. “O horário da saída do meu cliente do hotel em que eles passaram a noite antes do crime foi às 8h e, segundo a investigação, as vítimas foram mortas às 7h50, o que reforça que ele não estava na cena (do crime), disse”. Moutinho tentou mostrar que a polícia fraudou as provas.

Em uma explanação quase teatral aos jurados, o defensor falou alto e bateu a mão na mesa inúmeras vezes enquanto reclamava da Justiça Federal. “Pedi um habeas corpus para meu cliente há um ano e até hoje não recebi resposta”, frisou.

Já o advogado de Miranda, Celso Gabriel de Rezende, enfatizou que não havia provas contundentes para incriminar seu cliente. “Em momento algum ele é colocado na cena do crime. Foi acusado porque é pobre e preto”, enfatizou.  Rezende também citou Jesus Cristo em diversos momentos de sua explanação e falou por cerca de 50 minutos, como os outros advogados.

Os debates se encerraram por volta das 17h, e a acusação optou por não fazer réplica. A juíza leu então os quesitos de cada réu, que foram julgados pelo Conselho de Sentença. Ela acatou o pedido feito pela defesa de Miranda, para a inclusão de participação de menor importância de seu cliente.

Relembre o julgamento

Na terça-feira (27), foram escolhidos os jurados (cinco mulheres e dois homens). No mesmo dia, foi ouvido como testemunha de acusação o delegado da Polícia Federal Antônio Celso dos Santos, duas viúvas das vítimas e um colega do auditor Nelson Silva, que teria presenciado as ameaças feitas pelo fazendeiro Norberto Mânica.

Na quarta-feira (28), foram ouvidas outras testemunhas, com destaque para Hugo Pimenta, que também é réu no caso, mas não está sendo julgado agora. Ele admitiu que Norberto foi o mandante do crime e não quis comentar a participação de Antério Mânica. A revelação, que já tinha sido adiantada pela Procuradoria da República na terça-feira, aconteceu devido um acordo de delação premiada entre Pimenta e o Ministério Público em 2007. O trato garantiu a liberdade provisória do réu na época do crime e a redução de pena em dois terços, em caso de condenação.

Na quinta-feira (29), a sessão foi marcada pelo depoimento de Erinaldo Silva, que admitiu ter matado as vítimas. Ele chorou e pediu perdão às famílias dos homens. O outro réu, Rogério Allan Rocha Rios, negou o crime e afirmou que foi torturado e ameaçado por policiais para confessar que teria participado dos homicídios. “Eu não sou santo, não, mas desse crime de Unaí eu não participei. É o Erinaldo quem tem que explicar esse crime”, disse o acusado. Já Willian Miranda não quis responder às perguntas da juíza e da acusação, e também negou participação nos assassinatos.

O crime

Os assassinatos dos quatro servidores públicos aconteceram em janeiro de 2004. Foram mortos três auditores fiscais e um motorista que trabalhavam na vistoria de fazendas e pequenas propriedades rurais de Unaí. O grupo averiguava a existência de trabalho escravo e irregularidades trabalhistas.

Fonte: O Tempo

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