Nesses tempos em que alas radicais de extrema-direita ascendem ao poder em todo mundo, incluindo o Brasil, as manifestações de misoginia (assim como o racismo) se tornam mais frequentes. Porém, no sentido contrário, também ganham destaque os movimentos de resistência e de proteção ao gênero feminino, sobretudo agora com o assustador aumento do número de casos de violência contra a mulher em razão do necessário isolamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus. Isso motivou, por exemplo, o lançamento da campanha “Sinal vermelho contra a violência doméstica” – uma parceria do CNJ, AMB e Câmara dos Deputados com o setor farmacêutico -, que estimula as mulheres a denunciarem as ameaças de violência contra si mesmas indo às farmácias simplesmente mostrando um “X” no centro da mão para ali acender uma luz de socorro às suas vidas.
E agora, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também promove a campanha “Mais mulheres na política”. Com a mensagem “Mais mulheres na política: a gente pode, o Brasil precisa”, que será veiculada em rádios e TVs, o Tribunal buscará inspirar as mulheres a ocuparem cargos políticos e mostrar que o aumento de lideranças femininas é bom para toda a sociedade. A voz dessa mensagem será da atriz Camila Pitanga, embaixadora da ONU Mulheres no Brasil e ativista sobre o tema.
A ideia ganhou força a partir da participação de Pitanga em uma das lives da série “Debates democráticos”, promovidas pelo TSE, realizada no mês passado. Também estiveram presentes nesse debate virtual, mediado pelo presidente da Corte, ministro Luiz Roberto Barroso, a filósofa, escritora e professora Djamila Ribeiro, e a senadora Simone Tebet.
“O debate fez parte das ações do projeto Participa Mulher, criado pelo TSE para incentivar o protagonismo feminino na política. O portal dessa campanha permanente da Justiça Eleitoral reúne informações sobre a história do voto feminino, das primeiras mulheres a conquistar espaços de relevância no meio político e notícias que abordam a atualidade dessa participação. Tanto a live quanto a escolha de Camila Pitanga para protagonizar a campanha de incentivo à participação feminina na política estão em sintonia com as ações do Projeto Participa Mulher”, explica matéria publicada no site do Tribunal Superior Eleitoral.
Conforme informações do portal Politize!, com base em dados do “Inter-Parliamentary Union – uma associação dos legislativos nacionais de todo o mundo”, no Brasil, pouco mais de 10% dos deputados federais são mulheres, ocupando o 154º lugar entre 193 países do ranking elaborado pela associação, à frente apenas de alguns países árabes, do Oriente Médio e de ilhas polinésias. Até mesmo o percentual de candidaturas femininas ainda é pequeno: pouco mais de 30%, que é o mínimo exigido pela legislação eleitoral.
Convite às mulheres do PJU
A coordenadora do Núcleo de Mulheres do SITRAEMG, Elimara Gaia, aplaude a iniciativa o TSE e conclama as colegas do Judiciário Federal a se colocarem na linha de frente da política. “Mulheres, vamos fazer valer as lutas de mulheres guerreiras do passado e conquistar ainda mais o nosso espaço. Falta-nos pouco. Já temos mulheres em importantes cargos e, se houver sororidade, teremos mulheres a nos representar. Somos a maioria e precisamos dessa maioria no poder legislativo: mulheres fortes, inteligentes e guerreiras. Mulheres, votem nas mulheres!”, convoca.
