Aumento dos deputados e senadores pode gerar impacto bem maior que o PL 6613/09

Compartilhe

Aumento dos deputados e senadores pode gerar impacto muito maior do que o PL 6613/09 Os servidores do Judiciário Federal, que tiveram o último reajuste em 2006, lutam com todas as dificuldades, desde o ano passado, para conseguir a aprovação do PL 6613/09, que trata da revisão salarial da categoria. Revisão esta que traria um impacto de apenas 10,12% na folha em 2011, uma vez que, conforme pretende o STF, o PCS seria dividido em quatro parcelas e duas delas pagas no ano que vem.

Enquanto a categoria enfrenta todas as dificuldades junto às cúpulas do Judiciário e Executivo, além do Legislativo, para garantir a verba orçamentária necessária e a aprovação do PCS, foi aprovado ontem (quarta-feira, 15), pelos próprios parlamentares, reajuste de 61,8% para os salários dos deputados federais e senadores. Aumento que, em efeito cascata, poderá gerar um gasto extra, somente nos estados, de R$ 121.377.285. É que, pela Constituição Federal, deputados estaduais e distritais têm direito de receber 75% do vencimento dos colegas federais. Desta forma, o vencimento mensal deles passará dos atuais R$ 12.384,07 para R$ 20.025,00.

Não obstante os 61,83% nos salários dos parlamentares federais, o projeto prevê um aumento de 133,96% no valor do vencimento do presidente da República e de 148,63% no salário do vice-presidente e dos ministros de Estado.

Os reajustes igualam em R$ 26.723,13 os salários dos deputados, dos senadores, do presidente da República, do vice-presidente da República e dos ministros do Executivo. Esse é o mesmo valor do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que serve como teto do funcionalismo público, e entrará em vigor em 1º de fevereiro, quando os parlamentares eleitos em outubro passado tomarão posse. Atualmente, o presidente da República ganha R$ 11.420,21 brutos, o menor salário entre os chefes dos três poderes. O vice-presidente e os ministros ligados ao Executivo têm salário de R$ 10.748.

O reajuste de 61,8% no contracheque dos 513 deputados federais e 81 senadores equivale a três vezes a inflação apurada entre 2007 e 2010, de 19,9%, considerando o IPCA, índice oficial adotado para o cálculo da meta da inflação no Brasil. A cada mês, o gasto do contribuinte brasileiro com os novos vencimentos dos deputados estaduais será de R$ 8.091.819. O aumento dos salários dos deputados federais e senadores, por sua vez, significará aumento de R$ 6.065.334 mensais na folha de pagamentos desses parlamentares. No ano, o valor chegará a R$ 90.986.425,19.

O impacto do novo salário é imediato nos estados onde vigoram leis prevendo que o aumento nas assembleias seja automático. Embora este seja o caso da maioria, incluindo Minas Gerais, ainda há estados em que é necessária a aprovação de uma lei prevendo o novo salário. Mas isso não será problema para os parlamentares. Aqueles que não tiverem tempo hábil para aprovar uma lei ainda em 2010 poderão fazê-lo em fevereiro, tão logo retornem do recesso de fim de ano.

Até 1998, a Constituição Federal vedava que deputados aprovassem leis tratando dos próprios salários. No entanto, a Emenda Constitucional 19, de 1998, alterou o artigo 27 da Constituição, retirando do parágrafo 2º o trecho que trazia a vedação. Desde então, o texto diz apenas que o subsídio dos deputados estaduais será fixado por lei de iniciativa de cada Assembleia Legislativa, no limite de 75% do valor estabelecido para os deputados federais.

Quem também pode se beneficiar dos novos valores são os 51.748 vereadores de todo o país. O artigo 29 da Constituição vincula o salário deles ao dos deputados estaduais, em um efeito cascata. De acordo com a população da cidade, os parlamentares podem receber de 20% a 75% do que é pago nas assembleias. Ou seja, com o novo valor, entre R$ 4.005 e R$ 15.018. A Constituição, no entanto, diz que o subsídio será fixado de uma legislatura para a seguinte. Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o gasto a mais com os vereadores pode chegar a R$ 1,8 bilhão – supondo que os novos tetos sejam empregados.

Apesar de negar o reajuste aos servidores do Judiciário Federal, alegando indisponibilidade de verba, o governo se cala diante da decisão de ontem do Legislativo, que privilegia não somente os membros daquele Poder, mas também a cúpula do Executivo. É por este e por tantos outros motivos que a categoria não pode desanimar, mas, ao contrário, continuar mobilizada e engajada na luta pela aprovação do PL 6613/09. Ainda que isso aconteça no último dia de atividades do Congresso Nacional no ano de 2010.

A propósito da aprovação da decisão de ontem do Congresso Nacional, veja matéria do Estado de Minas sobre a irônica coincidência da primeira visita visita eleito deputado Tiririca à Câmara dos Deputados exatamente no dia do aumento do reajuste dos parlamentares:

Capa
Página 4

 

 

SITRAEMG e Jornal Estado de Minas

Compartilhe

Veja também

Pessoas que acessaram este conteúdo também estão vendo

Busca

Notícias por Data

Por Data

Notícias por Categorias

Categorias

Postagens recentes

Nuvem de Tags