Acompanhe o Sitraemg nas redes sociais

Ato em Brasília dá “adeus” a Ari Pargendler com lavagem da entrada do STJ

Compartilhe

Todos os protestos dos servidores presentes podiam resumir-se em uma frase: “o presidente do STJ já vai tarde”. Manifestantes também lamentaram a submissão do tribunal ao Executivo e esperam mais abertura para o diálogo agora

Foi com muito sal grosso, água e detergente que cerca de 600 servidores do Judiciário Federal e Ministério Público da União fizeram o “bota-fora” do presidente do Superior Tribunal de Justiça – STJ Ari Pangendler (que deixa o cargo amanhã, 31), em ato organizado pela Fenajufe e Sindjus-DF. Com muita disposição, eles lavaram a entrada e a placa do tribunal em Brasília, na tarde desta quinta-feira, 30 de agosto. A despedida sucedeu outro ato, realizado pela manhã, no mesmo local, em que servidores vestidos de branco deram um abraço simbólico no prédio do STJ.

Com disposição e irreverência, servidores lavaram a entrada do STJ na tarde de hoje, 30 (Foto: Janaina Rochido)

Animados e munidos de baldes e vassouras, os trabalhadores esfregaram o chão enquanto os colegas entoavam palavras de ordem e seguravam faixas e cartazes evocando a aprovação do PL 6613/2009 e o respeito aos trabalhadores do Judiciário. Também não faltaram pessoas fantasiadas e usando máscaras da presidente Dilma Rousseff, além de um caixão de papelão com a foto de Pargendler. Tudo para lembrar os seis anos sem qualquer revisão salarial e a luta cheia de retaliações contra a intransigência do Planalto, que, após várias recusas em negociar, ofereceu 15,8% de reajuste, reaformulados para 33% em reunião posterior (leia detalhes aqui).

Representantes dos sindicatos de servidores do Judiciário foram convidados a revezaram-se ao microfone para “contar uma maldade” que Ari Pangendler tivesse “plantado” em seu estado. Na fala de todos, o denominador comum era a indignação por ver o STJ, outrora chamado de “Tribunal da cidadania”, voltar-se contra os trabalhadores do próprio Judiciário, por meio de liminares boicotando a greve. Em todo o momento e com muitas vaias, os participantes também lembraram com indignação o assédio moral sofrido por servidores do próprio tribunal e o episódio ocorrido em 2010, quando o presidente do STJ demitiu de forma arbitrária um estagiário simplesmente porque ele estaria “perto demais” do ministro enquanto ambos esperavam para utilizar um caixa eletrônico do posto bancário dentro do tribunal.

Em críticas contundentes, os sindicalistas acusaram Pargendler de ser “menino de recados” da Advocacia Geral da União – AGU por omitir-se quanto às reivindicações dos servidores e, dessa forma, prejudicar a mobilização em torno de um direito previsto na Constituição – a revisão salarial. O coordenador executivo do SITRAEMG José Francisco Rodrigues, ao dirigir-se aos manifestantes em nome da categoria em Minas Gerais, apontou a conivência do tribunal no desrespeito aos servidores e concluiu sua fala com um “fora Ari, você não deixa saudades”.

O coordenador José francisco Rodrigues falou pelo SITRAEMG durante o ato (Foto: Janaina Rochido)

Futuro do STJ

A expectativa geral é que o tribunal retome sua autonomia e volte a ser uma Casa democrática, aberta ao diálogo. Para Joaquim Castrillon, coordenador-geral da Fenajufe, o STJ “retrocedeu ao tempo da vassalagem, da submissão”, referindo-se ao cumprimento de determinações contra os servidores. “Esperamos que qualquer ministro que assuma aquela cadeira [da presidência] tenha a dignidade de sentar e negociar com a população. O tribunal não é de nenhum ministro, é do povo”, disse Paulo Falcão, coordenador da federação e diretor do Sindjus-AL.

Na avaliação do coordenador José Francisco, o ato cumpriu seu papel enquanto “despedida” de Ari Pargendler e instrumento de pressão para que o tribunal realmente retome seu papel de órgão de Justiça. “Nossa expectativa é que, com a saída de Pargendler, haja uma maior abertura de comunicação entre tribunal e servidores”, opinou Rodrigues.

Servidores de Minas Gerais representaram a categoria no "bota-fora" de Ari Pargendler (Foto: Janaina Rochido)

O ato também contou com a presença do diretor da CUT-DF e do Sindicato dos Aeroportuários, Francisco Barros, que declarou seu apoio à luta da categoria e criticou, duramente, na condição também de trabalhador da Infraero, o pacote do governo Dilma, que privatiza aeroportos, além de portos e ferrovias.

Participaram do ato na tarde de hoje delegações do Sindjufe-BA, Sintrajusc-SC, Sindiquinze-SP, Sitraemg-MG, Sintrajufe-RS, Sindjus-AL, Sinjufego-GO, Sinsjustra-RO, Sintrajurn-RN, Sindjuf-PB, Sintrajufe-PI, Sinje-CE e Sindjus-DF.

Em cima de um trio elétrico que acompanhou a manifestação, o servidor do TRT mineiro Mauro Alvim cantou o jingle da greve, "Dilma má" (Foto: Janaina Rochido)

Janaina Rochido, de Brasília – com informações da Fenajufe

Compartilhe

Veja também

Pessoas que acessaram este conteúdo também estão vendo

Busca

Notícias por Data

Por Data

Notícias por Categorias

Categorias

Postagens recentes

Nuvem de Tags