Transeuntes que circularam pela Praça Sete de Setembro, no centro de Belo Horizonte, na manhã deste domingo, 18, tiveram que parar por pelo menos alguns minutos para assistir a uma verdadeira aula sobre a Previdência Social brasileira e a reforma previdenciária que está sendo proposta pelo governo através da PEC 287/16, em tramitação na Câmara dos Deputados. Do alto de um carro de som estacionado no quarteirão fechado da rua Rio de Janeiro com avenidas Afonso Pena e Amazonas, advogados especializados em direito previdenciário ou representando as OABs estadual e de várias subseções municipais, dirigentes de sindicatos, centrais sindicais, associações e dos movimentos sociais, além de trabalhadores avulsos de várias categorias do serviço público e da iniciativa privada, revezando-se ao microfone, informavam que a Previdência, ao contrário do que diz o governo, é superavitária, e não deficitária; que se existe um rombo no sistema é decorrente da desvinculação de receita (antes 20%, agora 30%) para ser usado livremente pelo governo, de uma dívida de grandes sonegadores que o governo nunca se digna a cobrar efetivamente e da renúncia de receita que é permitida às empresas para desonerá-las a pretexto de gerarem empregos mas só contribui para conferir-lhes lucros ainda maiores; e que as reformas têm o único objetivo de induzir os trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada a migrarem da Previdência pública para a privada, para enriquecer ainda mais o sistema financeiro. Todos gritaram palavras de ordem contra a reforma.
Discursos no ato deste domingo denunciam os estragos trazidos pelas reformas da Previdência
Tão importantes quanto o público que esteve na Praça Sete especialmente para o ato foram os grupos de pessoas que aos poucos foram se aglomerando, atraídos pelas explicações e alertas que ouviam sobre o tema da reforma da Previdência que, afinal, diz respeito à aposentadoria e afeta todos os cidadãos brasileiros. O que se viu, ao longo de toda a manifestação, foi uma grande união de gerações – desde crianças de colo a idosos – de olhos abertos e ouvidos afiados aos perigos que rondam a todos com a “reforma das reformas” da Previdência que o governo Temer insiste em aprovar, sob forte pressão do sistema financeiro e do grande empresariado e com o apoio incondicional e devidamente remunerado dos grandes veículos de comunicação.
O ato foi fechado com “chave de ouro” com a chegada de várias famílias das ocupações Isidora, Dandara e Rosa Leão, que se dirigiam em passeata para grande ato na Praça da Estação comemorativo ao fim do mandato do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, que tanto perseguiu essas comunidades ao longo dos últimos oito anos. “Fora Lacerda, fora Lacerda, fora Lacerda!”, gritavam em coro, sob a liderança do incansável ativista comunitário Frei Gilvander Moreira, que, também do alto do carro de som, bradou: “Não à reforma da Previdência!”.
O SITRAEMG recebeu os elogios dos participantes pela iniciativa do ato, organizado ao longo de apenas uma semana, em parceria com outras entidades, a partir de diálogo com interessados de outros segmentos através de um grupo criado pelo aplicativo whatsapp. No embalo do sucesso da iniciativa, o presidente da FAP/MG (Federação dos Aposentados e Pensionistas de Minas Gerais), Adilson Rodrigues, anunciou o segundo ato contra a reforma da Previdência, para o dia 24 de janeiro, Dia Nacional dos Aposentados, às 10 horas da manhã, também na Praça Sete. Os participantes também parabenizaram e agradeceram o jornalista Rogério Reis, do programa Agenda Minas, da TV Bandeirantes Minas, pelo apoio e ampla cobertura do ato.
O SITRAEMG compareceu ao ato com faixas e adesivos com protestos à reforma da Previdência, e tendo como representantes os coordenadores Alan da Costa Macedo, Sandro Luis Pacheco e Henrique Olegário Pacheco. Macedo começou conduzindo os trabalhos no carro de som e depois passou o bastão para Sandro Pacheco. Atendendo ao chamado do Sindicato, também estiveram presentes vários servidores do Judiciário Federal, inclusive de Divinópolis, João Pinheiro e outras cidades do interior. Outras entidades presentes: OABs estadual e de várias subseções, CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), FAP/MG, Sindibel, Instituto IEPREV, Brigadas Populares e outras.
Fotos do ato