A ‘proposta’ apresentada pelo ministro do Planejamento ao Comando Nacional de Greve – criar uma comissão e jogar o PCS para depois das eleições – foi rechaçada pelos servidores em assembleias realizadas pelo país afora, na segunda-feira (5), que mantiveram a greve nacional da categoria.
Na Bahia, os servidores não apenas aprovaram a continuidade da paralisação em todos os tribunais, como decidiram não iniciar a convocação de 160 mil mesários para as eleições na Justiça Eleitoral, programada para começar esta semana.
O presidente Lula e o ministro Cezar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal, foram os principais alvos das críticas nas assembleias.
Em São Paulo, a ‘proposta’ que apresentaram aos servidores após a reunião entre os chefes dos dois poderes recebeu vaias e uma “vuvuzelada”, como foi batizado o som coletivo das perturbadoras cornetas que viraram marca dessa campanha.
Reunião cujo resultado foi qualificado como “fiasco” na assembleia de Porto Alegre (RS), que, assim como em São Paulo, manteve a paralisação por tempo indeterminado.
Em Curitiba, a servidora Rosicler Bonato, de São José dos Pinhais, disse que os servidores não têm alternativa nesse momento. “Se nós pensássemos em algo diferente do que manter a greve, seria um desrespeito com aquilo que temos feito até agora. Por isso, devemos continuar firmes e convocar aqueles que ainda não aderiram. Só a força da nossa mobilização pode conseguir algo nesse momento”, afirmou durante a assembleia convocada pelo Sinjutra, que decidiu pela continuidade do movimento na Justiça do Trabalho do Paraná.
Muda o sotaque e o extremo geográfico do país, mas a decisão não. Os servidores do Maranhão, reunidos em assembleia geral em São Luis, mantiveram a greve e prometem jogar peso em concentrações diárias em frente ao Tribunal Regional Eleitoral.
Em Maceió (AL), Marcus Robson, diretor do sindicato no estado (Sindjus-AL), disse, segundo o site da entidade, que o resultado da conversa entre Peluso e Lula se constituiu numa “agressão” aos servidores e ao movimento sindical. Ele fez um alerta para a ameaça que o PLP 549/2009, que congela os salários por dez anos, ainda representa para o funcionalismo. A greve foi mantida.
‘Luta está longe de acabar’
Em Cuiabá, capital do Mato Grosso, onde a assembleia também aprovou a continuidade da greve, Pedro Aparecido afirmou, segundo notícia divulgada pelo site do sindicato, que o PCS ainda está em disputa e que é possível conquistá-lo. “Se acompanharmos as notícias sobre a reunião entre Lula e Peluso estampadas nos principais jornais do Brasil, como no Correio Braziliense, é fácil notarmos que existem indicações de que a luta está longe de acabar. Em nenhum momento é dito que o nosso debate chegou ao fim com o governo, assim como outras categorias tiveram que aceitar. Muito pelo contrário. No que precisamos ficar atentos é que existe um jogo muito grande por trás de tudo isso e devemos ser inteligentes para não desmobilizarmos neste momento”, disse o servidor, que é dirigente do sindicato no estado (Sindijufe-MT) e da federação nacional (Fenajufe). Os servidores também fizeram um ato ‘com ocupação’ no TRE.
No vizinho Mato Grosso do Sul, a assembleia em Campo Grande aconteceu antes, na tarde de sexta-feira (2), e igualmente aprovou manter a greve.
Estados que não realizaram assembleia após a reunião entre Peluso e Lula, que ocorreu sob enorme expectativa, também mantiveram a greve.
Em Minas Gerais, a assembleia precedida de ato público acontecerá na quinta-feira (8), mesmo dia para o qual está prevista a nova reunião de negociação no Ministério do Planejamento.
A notícia que destoa, até o momento, refere-se à Justiça Eleitoral de Santa Catarina, que iniciou a greve no dia 6 de maio e suspendeu a paralisação na assembleia de segunda, 5 de julho. Por outro lado, na Paraíba, onde a categoria já esteve parada, os servidores decidiram retomar as mobilizações e já preparam possível paralisação para quinta-feira, com o objetivo de ajudar a pressionar as negociações.
Seguem em greve os servidores das Justiças do Trabalho e Eleitoral do Amazonas, primeiro estado a iniciar a paralisação, e do Judiciário no Espírito Santo e nas Justiças Eleitoral e Trabalhista do Ceará, entre os que aderiram ao movimento mais recentemente.
Em Brasília, Recife, Campinas (TRT da 15ª Região) e nas Justiças Eleitoral e Federal do Acre também houve assembleias na segunda-feira (5). Em todas, as respostas ao governo Lula e ao ministro Peluso foram a mesma: a greve continua.
Por Hélcio Duarte Filho, jornalista do Luta Fenajufe, especial para o SITRAEMG(com informações das Redações dos sindicatos citados e da Agência Fenajufe de Notícias)