Vitória na Comissão de Trabalho é ‘gás’ para manter a greve, avaliam servidores

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Integrantes da delegação de Minas, durante a votação na Ctaps, em Brasília (foto: Valcir Araujo)

Decisão unânime na reunião nacional, manutenção da greve tem como principal alvo pressionar Peluso a exigir de Lula respeito ao projeto do Poder Judiciário

Transcorrida após uma jornada vitoriosa, a reunião nacional que manteve a greve e marcou novo calendário de mobilizações avaliou de forma unânime que o movimento paredista continua sendo o caminho inevitável para conquistar o PCS-4 e afastar a ameaça de congelamento salarial.

Enquanto a defesa da continuidade da greve esteve em quase todos os discursos, nenhum dos cerca de 30 servidores, de diversos estados do país, que foram ao microfone avaliar a mobilização defendeu o recuo do movimento.

A reunião ocorreu poucas horas após a vitória da categoria na Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos (Ctasp), que aprovou o projeto do PCS-4 por unanimidade. “É algo que nos dá gás para fortalecer a greve para fazer com que o representante do Supremo negocie com o representante do governo a aprovação do nosso projeto”, disse Lourival Matos, servidor da Bahia e conselheiro fiscal da federação nacional (Fenajufe).

 Ele propôs que a categoria promova um acampamento em Brasília para pressionar o STF, o Congresso e o Planalto.

 Aumentar a pressão sobre Peluso

 ‘Brasília’, que havia acabado de fazer assembleia geral em frente ao Tribunal Superior Eleitoral, também levou à reunião a posição de manter a greve. “A nota que está saindo [do sindicato] é continuar a greve até a vitória do nosso movimento”, disse Cleudo, dirigente do Sindjus-DF. “Estamos no melhor momento da greve, que conquistou aquela aprovação na Ctasp, ele [o projeto] não teria sido aprovado [sem isso]”, disse Ana Paula, servidora do MPU e também diretora do Sindjus.

 “Hoje foi um pequeno passo, passo necessário mas não suficiente, porque o prometido não seria só aprovar o mérito, mas passar pela questão orçamentária e no plenário”, disse Luís Valério, também de Brasília, mas que não integra a direção do sindicato.

 “Todas as avaliações nos direcionam para manutenção da paralisação”, observou Valter Nogueira Alves, do sindicato do Rio de Janeiro (Sisejufe).

 “Muitos estão há mais de 40 dias na greve e não podemos sair desse movimento sem a vitória, temos que conclamar o senhor Cezar Peluso para que ele assuma o seu papel”, defendeu Saturnino Dantas, do sindicato do Piauí (Sintrajufe-PI).

 Risco de congelamento persiste

 Ana Luiza Figueiredo Gomes, da direção da Fenajufe e do sindicato de São Paulo (Sintrajud), disse que o governo tenta derrotar a greve porque quer aplicar no Brasil o mesmo plano de congelamentos e reduções salariais que vem sendo imposto aos servidores de países como Grécia, Alemanha e Espanha. O objetivo, prosseguiu, é economizar recursos para beneficiar grandes empresários e banqueiros. Ela alertou que é preciso manter a greve sob pena de levar a categoria a uma derrota difícil de ser superada. “Não é só não ter aumento salarial, é o congelamento que vem aí”, disse. “Nesse momento não há plano B, é greve, greve, greve”, concluiu.

Trilhando a mesma linha de argumentação, o servidor Euler Emanuel Pimentel, da Justiça do Trabalho de Recife (PE), observou que é essa busca incessante por superávit primário (economia para pagar juros das dívidas públicas) que leva o governo a se opor tanto ao projeto. “Quando o Lula numa canetada só dá 380 bilhões de reais para os banqueiros, de algum lugar esse dinheiro tem que sair”, disse, numa menção às despesas com juros em 2009.

Defesa da liberdade sindical

“Se eles querem atacar o direito de greve, nossa resposta tem que ser a greve”, disse Fagner Azeredo, do Judiciário do Rio Grande do Sul. “Temos que permanecer na greve para garantir o PCS e para que não haja ataque aos grevistas, corte de ponto e pelo nosso direito de greve”, defendeu.

Para Erlon Sampaio, servidor de São Paulo e dirigente do Sintrajud, a manutenção da greve nesse momento vai além da esfera salarial. “É uma questão de dignidade, não vamos sair com os rabos entre as pernas e acabar com nosso movimento, não vamos perder esse direito conquistado com muita lágrima e suor”, disse, referindo-se às liminares da Justiça que tentam cercear o direito de greve, concedidas em ações movidas pelo presidente Lula por meio da AGU (Advocacia Geral da União).

De volta à capital

Ao manter a paralisação, a reunião ampliada aprovou ainda novas mobilizações em Brasília, previstas para acontecer de 22 a 24 de junho. Haverá novo ato público, desta vez no STF, na terça-feira.

Todos os sindicatos devem enviar representações outra vez a Brasília. Haverá uma vigília para mostrar ao presidente do STF, Cezar Peluso, a insatisfação com o fato de até o momento ele não ter procurado o presidente Lula para defender o projeto.

A decisão sobre a realização de um acampamento na capital federal ficou para ser definida pelo Comando Nacional de Greve, a partir do resultado de uma consulta aos sindicatos nos estados, por meio de assembleias.

De todo modo, com ou sem acampamento, as caravanas a Brasília já estão definidas. As manifestações terão como principal alvo pressionar a Presidência do STF a defender o projeto que ela mesma enviou, no ano passado, ao Congresso Nacional. 

SITRAEMG presente em Brasília

Minas Gerais participou das atividades na capital com uma delegação de 35 servidores. Na avaliação dos dirigentes do sindicato, o esforço valeu a pena. “A aprovação na Comissão de Trabalho foi um avanço e aconteceu por causa da greve. Mais do que nunca temos que continuar mantendo a pressão para que o ministro Peluso vá fazer a negociação com o presidente Lula, [o PCS] é um projeto de Poder”, disse Alexandre Brandi, residente do SITRAEMG. Ele considerou que, embora o momento seja difícil face ao cansaço natural decorrente de muitos dias de greve, é “muito importante resistir” e manter o movimento.

Para Sebastião Edmar, o Tião, as tentativas de negociação entre os poderes por meio do segundo escalão estão esgotadas. “A aprovação do nosso plano historicamente sempre passa por uma variante: o presidente do STF, respaldado constitucionalmente, [procura] o presidente da República”, disse o também diretor do sindicato, referindo-se às edições anteriores dos planos de cargos e salários. Em 2002, o então presidente do STF Nelson Jobim procurou o presidente Fernando Henrique para fechar um acordo sobre o projeto. Em 2006, a ministra Ellen Gracie repetiu o gesto com o presidente Lula.

Também integraram a delegação mineira os diretores do sindicato Gilda Bandeira Falconi, Luiz Fernando e Célio Izidoro Rosa; e os servidores Wander Quadra, Helio Cangussu de Souza, Vilma Oliveira Lourenço, Helio Ferreira Diogo, Gilvane da Silva, Marcio Magela de Souza, Leonardo Luis Santos, José Henrique Paixão Lisboa, Lúcia Bernardes, Artalide Lopes Cunha, Leda da Silva Moraes, Jair Lemos, Alvilene Denise Cunha, José Francisco Rodrigues, Daniel de Oliveira, Flávio Ferreita Batista, Ana Christina de Oliveira Borges, Josimar Moreira de Almeida, Mauro Sampaio da Fonseca e Heloisa Alves da Silva Lomonaco.

Por Hélcio Duarte Filho, enviado a Brasília
Jornalista do Luta Fenajufe, especial para o Sitraemg

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