A política voltou ao centro do debate neste terceiro dia da XX Plenária Nacional Extraordinária. O tema da mesa, organizada pelos diretores da Fenajufe Alisson Ribeiro (Liberta Fenajufe), José Aristeia (Democracia e Luta) e Saulo Arcangeli (Luta Fenajufe), foi a atualização da análise de conjuntura nacional, com o objetivo de armar o plano de lutas da Federação.
O primeiro momento da atividade foi dedicado a contribuição das forças políticas que compõem a plenária. Representantes de centrais e dos grupos e oposições foram convidados a dar suas contribuições sobre o tema. Se inscreveram os grupos Liberta Fenajufe, Base na Luta, Democracia e Luta, União por Justiça, Judiciário Progressista e de Luta e Luta Fenajufe. O Grupo Fenajufe sem Correntes não participou do debate. Confira abaixo a contribuição das forças.
Ranufo Faria – Liberta Fenajufe
O servidor falou dos projetos em andamento e destacou uma série de ações, em defesa da categoria, realizadas pelo seu grupo. Ao falar da PEC 55/2016 (antiga 241), o servidor disse que não é contra a limitação de gastos, mas que é preciso ter critérios claros para evitar o desmonte da saúde, da educação e da previdência. “Não sou contra limitar gastos, mas é preciso ter critérios claros para isso. É preciso debater também o imposto sobre grandes fortunas, que está previsto na Constituição Federal, mas ainda não foi regulamentado”, disse.
Paulinho e Laércio Bernardes – Base na Luta
Os servidores destacaram que a cúpula do Judiciário Federal foi conivente com o golpe institucional/parlamentar em andamento no Brasil. Entre as medidas citadas por eles que representam retrocessos, se destacam a MP da reforma do ensino médio e a PEC 55/2016, que limita os investimentos no serviço público nos próximos 20 anos. Além disso, repudiaram o avanço do conservadorismo na sociedade e o que eles chamaram de marcatismo nas entidades de base da Fenajufe. “Vivemos hoje uma grave criminalização dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais”, destacou Laércio.
Renato Moreira – CTB
O representante da Central dos Trabalhadores do Brasil iniciou sua fala saudando o comandante Fidel Castro, falecido na madrugada deste sábado, o que dividiu o plenário entre vaias e aplausos. O sindicalista falou que há um consenso sobre o caráter do atual governo e do cenário, e em nome desse consenso clamou pela unidade da categoria com os demais setores da classe trabalhadora, “Não é ficando numa bolha que resolveremos o problema do cenário”, disse. Renato fez uma defesa do Estado como peça fundamental na garantia do serviço público, e se posicionou contra as políticas neo-liberais afirmando que só unido com todos os trabalhadores será possível impedir o desmonte do estado brasileiro representado pela PEC 55, “as siglas A ou B não pode nos dividir, elas também são importantes, porque nos definem, mas temos que nos atentar para o que nos une”, concluiu.
Mara Weber – Democracia e Luta
Segundo a diretora da Fenajufe, já um assenso das forças neo-liberais no mundo inteiro, e o golpe em curso no estado brasileiro é consequência desse assenso. Segundo Mara, é fundamental entender que o governo Temer não é continuação do governo Dilma, pois eles não tem a mesma natureza. Mara afirmou que mesmo que o governo Dilma não tenha seguido a risca o projeto que a elegeu, aplicando medidas de ajuste fiscal, o governo Temer segue uma cartilha diferente, “baseada no neo-liberalismo, atuando na redução do estado e na truculência com os movimentos sociais”.
Gerardo Lima e Aldinon Silva – União por Justiça
O sindicalismo precisa se reinventar e buscar cada vez mais buscar a base. É preciso acima de tudo buscar a unidade dos que lutam, pois o governo se vale da fragilidade e divisão na categoria pra impetrar ainda mais ataques aos trabalhadores. Gerardo afirmou que é preciso fazer unidade com todas as centrais, confederações, federações e partidos políticos que quiserem se unir a luta contra a retirada de direitos. “Se existem servidores que ainda concordam com a PEC 241 e o plano desse governo, temos que nos aproximar desses servidores para abrir-lhes os olhos e mostrar que essa postura vai contra o seu próprio meio de sobrevivência”, e concluiu, reforçando a unidade “é importante que tenhamos clareza em nossa pauta de reivindicação, quem quiser vir conosco será muito bem vindo”.
Thiago Duarte Gonçalves – Judiciário Progressista e de Luta
O servidor de São Paulo caracterizou que apesar das contradições do governo do PT, que em suas prioridades se assemelha e muito ao governo Temer, eles se diferiram em sua essência. O PT priorizou o lucro dos bancos, mas se esforçou para diminuir as desigualdades sociais com programas sociais que embora limitados demonstraram resultados. Dessa forma, igualar o neo-desenvolvimentismo do governo anterior com o neo-liberalismo do atual governo é um erro. Thiago afirmou que a manobra parlamentar foi sim um golpe para aprofundar o desmonte do estado brasileiro.
Elcimara Souza e Cristiano Moreira– Luta Fenajufe
Em contraposição aos colegas que se posicionaram anteriormente, os representantes do grupo Luta Fenajufe afirmaram que é preciso caracterizar que o governo Temer é sim continuidade do governo Dilma. Os dirigentes da Fenajufe afirmaram que a política de ajuste fiscal, o PLP 257 e a reforma da previdência foram gestadas no governo anterior, que só não aplicou mais ataques porque caiu devido a sua falta de sustentação social.
Os servidores pontuaram que é preciso resistir a estes ataques independente de que governo vier, e citou o exemplo dos estudantes, que tem sido tem sido a ponta de lança desse processo de mobilização e resistência “essa plenária tem que ter muito claro qual o seu principal papel, é preciso se mobilizar e resistir contra os governo”. Cristiano ainda pontuou que, dentro da categoria há quem trabalhe contra a pauta dos servidores, “Os mesmos colegas que tentaram impedir a votação ontem, com inúmeras obstruções e questões de ordem, e por fim se retirando do plenário após serem derrotados, são os mesmo colegas que furaram a maior greve da história da categoria, e que se opõem a pauta da greve geral alegando que essa seria uma pauta político partidária”. E terminou fazendo um chamado, “Precisamos de uma Federação de luta, combativa e que seja capaz de enfrentar todos os ataques a nossa classe. Fora Temer e todos os corruptos e rumo a greve geral”, concluiu.
Após a contribuição das forças políticas, a mesa apresentou a atualização do texto base de conjuntura elaborado pela direção da Fenajufe e abriu o debate para contribuições individuais. A partir das contribuições foram elaboradas emendas ao texto, um acordo consensual suprimiu parte do texto, e as propostas sem acordo serão encaminhadas ao caderno de resoluções como contribuição das correntes.