Em reportagem que foi ao ar ontem à noite pela emissora de TV Globo News (confira AQUI), em que foi feita uma análise sobre a votação de vetos no Congresso Nacional que os veículos de informação conservadores chamaram de “pauta bomba”, o jornalista Gerson Camarotti e o comentarista Merval Pereira preferiram atribuir a diferença de apenas seis votos em favor do governo na votação do Veto 26/15, na terça-feira, 17, no Congresso Nacional, à infidelidade da base aliada ao Palácio do Planalto. Esqueceram-se completamente do importante fato de que os 251 votos pela derrubada do veto foram conquistados graças a uma mobilização sem precedentes dos servidores do Judiciário que, nos últimos meses, se desdobraram em articulações e corpo a corpo junto aos deputados e senadores e “invasões” a Brasília nas diversas ocasiões em que o projeto da reposição salarial (PL 7920/14, na Câmara, e PLC 28C/15, no Senado) e o veto da presidente Dilma (no Congresso Nacional) estiveram pautados. Além disso, os sindicatos da categoria, incluindo o SITRAEMG, veicularam mensagens publicitárias nos diversos tipos de mídia, em todos os estados e na capital federal, com apelo aos parlamentares para que se sensibilizassem diante da situação da categoria de quase uma década de defasagem salarial.
O governo está passando por um momento de grande fragilidade política, sim, em razão da demonstração de incompetência de gestão e do envolvimento de figuras destacadas de seus mais altos escalões em esquemas de corrupção na Petrobras e outros órgãos oficiais federais. Fruto, também, do pragmatismo que o coloca em situação difícil quando os cofres não lhe permitem barganhar com os parlamentares que só votam de acordo com o que recebem em troca. E é verdade que, como salienta a reportagem, o sempre governista Renan Calheiros, na condição de presidente do Congresso e responsável pela condução dos trabalhos na sessão da última terça-feira, teve um papel fundamental na vitória – ainda que apertada – do governo federal. Mas, sempre inimiga dos trabalhadores da iniciativa privada e dos servidores públicos, a mídia submissa ao capital transnacional, que já não incluem em suas pautas as manifestações desses segmentos, ainda fazem avaliações distorcidas. Simples opção pelos interesses do capital e das políticas conservadoras. E, é claro, a escolha do mero jogo político como prioridade em sua pauta e como estratégia mais fácil de garantir altos índices de audiência em um país cuja população continua a preferir a TV como meio de informação, em detrimento dos jornais e revistas, sobretudo os alternativos, em razão, infelizmente, do baixo nível de leitura que ainda persiste no Brasil.
Coordenadores Gerais do SITRAEMG