Ouvidos por O TEMPO, 24 parlamentares prometem derrubar decisão e autorizar aumento no Judiciário
A bancada mineira no Congresso Nacional evita admitir a possibilidade de manter o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste do Judiciário, que varia entre 53% e 79%. A derrubada da decisão, segundo o governo, pode causar impacto de R$ 36,2 bilhões aos cofres públicos até o fim de 2019. A matéria é uma das que serão analisadas hoje por integrantes das duas Casas legislativas.
Levantamento realizado por O TEMPO com os 53 deputados federais mineiros e os três senadores do Estado apontou que somente seis deputados afirmaram que irão manter o veto. A consulta mostra que 26 congressistas preferem se omitir quando perguntados como iriam se posicionar diante do veto da presidente Dilma Rousseff. Dez desses parlamentares nem sequer retornaram as ligações feitas pela reportagem para seus telefones pessoais e para as assessorias de imprensa, que estavam cientes do assunto.
Outros 24 congressistas responderam que irão derrubar o veto do Executivo, incluindo os senadores Antonio Anastasia (PSDB) e Zezé Perrella (PDT). Principal liderança da oposição, o senador Aécio Neves (PSDB) não se manifestou.
Segundo o deputado federal Gabriel Guimarães (PT), votar para manter não é dizer que os servidores não mereçam aumento, mas, sim, que a situação atual não permite tal reajuste. “Tenho confiança nos profissionais do Judiciário, mas qualquer ajuste hoje precisa ser dialogado com Executivo para saber se há condições”, afirmou.
O deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB) afirmou que é a favor de manter a decisão do Executivo, mas o partido decidiu pela derrubada do veto. “Quero tentar convencer os líderes a liberarem a bancada a votar como julgarem mais apropriado”.
Já o deputado Zé Silva (SD), que votará pela derrubada do veto, disse que o problema do país é a falta de gestão. “Não será essa categoria que causará o desequilíbrio da máquina pública”.
Favorável à derrubada, Caio Narcio (PSDB) diz que o assunto está encerrado. “Já foi discutido e decidido o reajuste nas duas Casas. Não há motivos para a presidente vetar”, dispara.
A derrubada de um veto demanda o voto de 257 deputados e 41 senadores.
“Passou a ser questão essencial”
BRASÍLIA. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que a votação dos vetos presidenciais ao longo do dia de hoje é “a prioridade da prioridade” do governo. “Manter os vetos passou a ser questão essencial para o país”, disse.
Guimarães comentou ainda que, caso alguns dos vetos sejam derrubados, o impacto na política e na economia serão muito fortes.
“Qualquer passo em falso de hoje (ontem) até amanhã (hoje), pode haver processo de corrosão da situação econômica”, disse o representante do governo no Congresso.