Se por um lado o Congresso Brasileiro é denominado “casa” do povo brasileiro, por outro lado, aos oprimidos é negada sua participação efetiva nestes espaços. Entretanto, o SITRAEMG provou que com uma luta insistente é possível ter voz, e forçar o diálogo com os parlamentares para que intervenham no processo de desmantelamento do judiciário federal e derrubem o veto da presidente Dilma sobre o projeto de lei de recomposição salarial dos servidores deste poder.
Há cerca de dois meses o coordenador Sandro Pacheco tomou obstinadamente a tarefa de cavar este espaço para manifestar diante da bancada de senadores e deputados mineiros a urgência da luta dos servidores do judiciário federal. Mais que isso, conseguimos uma intervenção no início a realização de uma audiência pública sobre o novo código da mineração, em que foram convidados 108 parlamentares dos estados de Minas Gerais, Pará e Bahia. Feito excepcional no sindicalismo do judiciário federal, inclusive, articulado sem conchavos, de forma independente e autônoma, valores esquecidos ultimamente por muitos sindicalistas.
O coordenador geral do SITRAEMG Alexandre Magnus assumiu a tarefa de explicar aos aproximadamente de 40 parlamentares presentes – grande parte deles mineiros – sobre a importância da derrubada do veto 26, esclarecer as diferenças entre o PL 2648/15 e o PLC 28/15, ambos de autoria do Supremo Tribunal Federal – STF. O coordenador sindical explicou especialmente que o novo projeto do Supremo (PL 2648) não foi construído em conjunto com os servidores e não atende a seus interesses, em virtude das deliberações da mais de 30 Sindicatos do PJU.
Magnus fez um apelo, inclusive aos deputados do PT, que se sensibilizem a causa dos servidores e que não se rendam aos desmandos da presidente, já que o projeto contou com o voto de muitos deles e passou por todas as instâncias democráticas de deliberações, desde a comissão de orçamento da Câmara até o plenário do Senado. “Ser a favor do veto a um projeto que passou por todas as comissões das duas casas legislativas, Câmara (inclusive Comissão de Finanças) e Senado, e que foi votado por unanimidade na sessão do Senado é ser contra a democracia”, finalizou o coordenador depois de pouco mais de cinco minutos de fala.
Além desta conquista histórica, o sindicato impetrou e está sendo vitorioso no Habeas Corpus para que os servidores possam participar da sessão, afinal, o presidente do Congresso tem impedido que isso ocorra.
“Não restam dúvidas que a greve do judiciário federal é hoje a principal expressão de luta institucional por justiça, que ultrapassa as medidas burocráticas de políticos e magistrados sem escrúpulos, que reconstrói a ideia de república democrática através de ações ordenadas, e que dá uma lição de luta para diversas categorias de trabalhadores, ao demonstrar que não temos que pagar pela crise dos banqueiros, mas para isso é fundamental ousadia, união e independência dos governos e dos patrões”, ressaltou o coordenador Alexandre Magnus durante fechamento da matéria.