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12º Congrejufe: categoria derrota tentativa de golpe de ala da CUT

No 4º dia do congresso, servidores se mobilizam e barram tentativa de mudança estatutária que abriria caminho para perpetuação no poder na Fenajufe
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O 12º Congrejufe, que acontece em Foz do Iguaçu (PR) até o dia 1º de maio, teve nesta segunda (29) seu momento mais tenso – e mais vitorioso para a democracia sindical. A tentativa de suprimir do estatuto da Fenajufe o limite de reeleições para cargos na direção da federação, articulada pela ala ligada à CUT, foi rechaçada com veemência por delegados e observadores de diversas correntes sindicais de todo o país.

A proposta buscava eliminar o parágrafo 1º do artigo 21 do estatuto, que veda a reeleição de dirigentes por mais de uma vez consecutiva. Em outras palavras: pretendia-se permitir a perpetuação de um mesmo grupo no comando da Fenajufe – grupo esse que já detém 12 dos 17 cargos da direção atual e ocupa espaços centrais há mais de duas décadas.

Álbum de fotos do dia:
12º Congrejufe
A proposta de emenda supressiva chegou a ser defendida pelo ex-coordenador da Fenajufe e atualmente diretor do Sisejufe-RJ Valter Nogueira em plenária, com um discurso pouco convincente. E, ao final de sua fala, o próprio autor da proposta anunciou sua retirada – talvez reconhecendo o tamanho da indignação que ecoava no plenário. A “retirada estratégica” soou como ironia diante do clima de revolta coletiva, ainda mais porque a mesa diretora não cedeu o direito de fala às dezenas de servidores que desejavam vocalizar o absurdo da proposta.

O coordenador-geral do Sitraemg Alexandre Magnus celebrou a vitória e o recuo do grupo majoritário. “A proposta veio do campo da CUT, que já domina a Fenajufe há mais de vinte anos. Além de terem a maioria absoluta da direção, agora queriam institucionalizar a permanência indefinida nos cargos. Mas a categoria disse não. A pressão foi forte e eles tiveram que recuar”, disse.

Para o coordenador, o êxito da pressão pela renovação da Fenajufe oxigena o movimento sindical. “Queremos renovar os quadros, queremos novas lutas e queremos ação concreta – como a retomada do projeto de lutas para o desengavetamento da nossa pauta no STF – o Plano de Carreira – e a construção de uma greve nacional”, cobrou Magnus

A tentativa de golpe estatutário uniu representantes de vários sindicatos e correntes, como destacou Vicente da Silva Souza, do Sindicato dos Servidores da Justiça Eleitoral no Ceará (SINJE/CE):
“É um tremendo golpe. É inadmissível que se proponha perpetuar representantes numa federação democrática. Essa cláusula já foi um avanço quando foi conquistada. Hoje, tivemos uma vitória da lucidez e da unidade da categoria”.

Eliane Brito (Sinjufego/GO) também apontou o retrocesso embutido na proposta:
“Foi claramente uma tentativa de golpe. Conquistamos esse artigo no passado justamente para garantir renovação. A retirada foi uma manobra casuística, porque sabiam que iam perder feio”.
Henrique Sales (Sindijufe/SP) lembrou o motivo real por trás da proposta:

“É uma tentativa oportunista. Parte dos dirigentes da CUT que assinam essa proposta já está no segundo mandato e não poderia se reeleger. E se não conseguem formar novos quadros, isso não é problema da categoria.”

Magda Gonçalves (Sinjufego-GO) resumiu o sentimento geral da base:
“Tentaram usar a máquina da federação para se manter no poder. Foi uma vergonha. Mas a categoria, unida, impediu o golpe”.

O filiado do Sitraemg Kleber Aparecido dos Santos, servidor do TRE-MG em Candeias, foi o primeiro a se inscrever para argumentar contra a proposta, mas com retirada não pode expressar seu descontentamento.

Ele pondera que não classifica a proposta exatamente como um golpe, mas que há riscos claros. “Sem limite de reeleição, pode haver perpetuação de pessoas nos cargos, o que pode enfraquecer a renovação e oxigenação de ideias”, alertou. Kleber também apontou o perigo do surgimento de feudos e o desestímulo à entrada de novas lideranças, como ele próprio, que ainda buscam espaço na estrutura sindical.

Em sua avaliação, Kleber destacou que a regra atual já oferece um equilíbrio saudável entre continuidade e renovação. “Ela impõe um freio à perpetuação no poder, mas ainda assim permite uma reeleição consecutiva. Exigir renovação após dois mandatos seguidos fortalece a democracia interna”, afirmou.

A maioria dos filiados do Sitraemg presentes no congresso também manifestou seu repúdio à proposta. A reação firme e ampla demonstrou que o compromisso com a democracia e com a alternância de poder permanece como valor inegociável da base da categoria.

Aprovação das contas da Federação

Ao todo, foram inscritas 25 propostas de alterações estatutárias. A Fenajufe fará os ajustes no estatuto a partir das mudanças aprovadas, para divulgá-las posteriormente.

Ainda nessa terça-feira, mais cedo, os participantes do 12 Congrejufe aprovaram, por maioria, as contas da Fenajufe relativas ao período de (maio de 2024 a março de 2025.

Assessoria de Comunicação
Sitraemg

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