Terminada a primeira etapa (palestra e debate sobre “Introdução sobre a Auditoria Cidadã da Dívida Pública” – veja aqui) da assembleia geral extraordinária do último sábado, 19, na sede do SITRAEMG, o coordenador do SITRAEMG Célio Izidoro, presidindo a mesa composta também pelos filiados Luiz Fernando Rodrigues Gomes e José Francisco Rodrigues, passou para o segundo item, “Aprovação do calendário da Fenajufe”, definido na reunião ampliada de 7 de julho. Colocado em votação, o calendário foi aprovado pela maioria, com apenas cinco abstenções. O terceiro item da pauta, “Eleição de delegados para a ampliada da Fenajufe no dia 9 de agosto”, foi conduzido pelo coordenador geral Alexandre Marques, que, depois de dar os informes a respeito da mobilização em âmbito nacional, salientou que não está fácil a evolução do PL 6613/09 na Câmara, a PEC 59/13 no Senado ainda é uma ameaça aos servidores do Judiciário Federal e que o governo continua sendo duro em relação às causas da categoria. “Só com greve a gente poderá reverter essa situação”, alertou. (leia, aqui, matéria sobre as duas votações)
Aberto o debate, o ex-coordenador do SITRAEMG e da Fenajufe Hebe-Del Kader Bicalho acabou fazendo um comentário que agitou a assembleia. Na assembleia anterior, ele havia dito que as reuniões ampliadas da Fenajufe haviam se transformado em palco de discussão entre a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e CSP Conlutas. Desta vez, ele acrescentou que as mesmas ampliadas se tornaram espaço também para brigas entre partidos políticos. “As ampliadas estão ‘quebrando’ os sindicatos”, avaliou, acrescentando que elas “não estão levando (a categoria) a lugar nenhum” e sugerindo que se faça uma discussão pelo fim dessas reuniões da Federação.
O filiado Davi Landau pediu a palavra para chamar a atenção de todos para o fato de que alguns estados estão bem mais adiantados nas mobilizações pela construção da greve e que este é o momento de os mineiros, ao invés de fomentar essa divisão entre os servidores, discutirem a inserção de Minas nesse processo. Além disso, observou, não está em jogo somente a questão salarial, mas todas as dificuldades que estão sendo criadas pelo governo para não atender as demandas da categoria. “Eles (governo) se acham no direito de ‘ditar’ as questões relativas aos servidores. Nós temos é que nos mobilizar”, advertiu. E, contestando o colega Hebe, lembrou que, antes, as decisões da categoria em âmbito nacional eram tomadas pela Executiva da Fenajufe. Hoje, são os delegados eleitos, que representam os estados nas ampliadas. Além disso, apontou que o que está quebrando os sindicatos é a realização de eventos em locais turísticos. “Sempre defendi que fossem realizados em locais não turísticos”, reforçou.
O coordenador geral Alexandre Magnus defendeu veementemente a manutenção das ampliadas. Lembrou que em 2013, “felizmente”, a categoria aprovou a desfiliação da Federação à CUT. Isso, sim, pontuou, era um gasto questionável, pois transferia alto valor mensal para uma central sindical que, há muito, é atrelada ao governo. “As ampliadas democratizam muito mais as decisões da Federação, e é nessas decisões que vamos orientar os 120 mil servidores para o nosso futuro”, garantiu.
Gerson Appenzeller fez a indagação ao colega Hebe-Del kader: por que você não expressou a mesma posição contra as ampliadas quando esteve nas coordenações do SITRAEMG e da Federação, e agora, como oposição, as questiona? “Nosso sindicato não está ligado a nenhuma Central. Nossa federação também não. Temos que nos ater às questões de nossa categoria”, asseverou.
O coordenador Célio Izidoro ressaltou participação destacada dos servidores da Justiça Federal na última greve e os convidou a se unirem novamente aos demais colegas nessa tarefa de reconstrução do movimento grevista. Também sugeriu a constituição imediata de um comando de mobilização para visitar os colegas nos locais de trabalho. Em relação às ampliadas, reforçou os pontos de vista dos colegas Davi, Magnus e Gerson, de que o importante a ser levado em conta são as deliberações tomadas democraticamente pelas ampliadas, não os gastos com viagens a Brasília para delas participar. Propôs, inclusive, que essas viagens passem a ser feitas de ônibus, e não mais de avião, para reduzirem-se os gastos.
O ex-coordenador do Sindicato Hélio Ferreira Diogo propôs que a atual diretoria procure dialogar com os servidores para mostrar que a situação da categoria é “precária”. Dizendo-se contrário ao vínculo da entidade a partidos políticos, defendeu a aproximação apenas com os parlamentares que efetivamente estejam ao lado da categoria. Por fim, colocou-se à disposição para participar das atividade de mobilização e do diálogo com os colegas para convencê-los da necessidade de aderirem à luta.
Luiz Fernando Gomes fez uma crítica à repulsa demonstrada por alguns colegas em relação aos partidos políticos. Analisou que, depois da ditadura por que os trabalhadores brasileiros passaram, tendo seus direitos cerceados, conseguiram criar o PT, mas esse partido e os dois últimos governos eleitos pela sigla traíram a categoria. Além do mais, não há como os trabalhadores fugirem da realidade de que são os partidos de esquerda que estão ao seu lado, não os de direita. “Nós somos amigos. Temos que considerar os sindicatos os nossos representantes, assim como a Fenajufe, mesmo com todos os seus problemas”, conclamou.
Hebe-Del Kader pediu a palavra novamente para esclarecer que não é propriamente contra as reuniões ampliadas. Ao contrário, as considera “legítimas”. E, para resumir, convocou toda a categoria para a construção da greve.
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