Governo Dilma diz: “não haverá reajuste” e trabalhadores organizam retomada da mobilização

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Corrosão salarial chega aos 30%. Conjunto do funcionalismo precisa estar unido para vencer o congelamento

O ano mal começa e o governo Dilma já dá o tom de como será a negociação salarial com o conjunto do funcionalismo: reajuste zero. A declaração foi dada pelo secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, ao jornal Valor Econômico de quinta-feira, dia 12.

Questionado sobre uma possível flexibilização da política de arrocho salarial por ser num ano de eleições municiais Duvanier respondeu: “O governo não faz concessão por ser ano eleitoral… os próprios sindicalistas sabem que o governo não vai ceder porque é um ano eleitoral. Isso é fetiche”.

A declaração do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento reafirma a política de congelamento salarial que está sendo imposta ao conjunto do funcionalismo.

Em 2011, havia certa expectativa em torno do governo Dilma, alimentada por ao menos dois fatores: parte da propaganda eleitoral de Dilma defendeu o serviço público e a sua qualidade, e no primeiro semestre do ano passado o Ministério do Planejamento fez incontáveis promessas ao conjunto do funcionalismo. Segundo a reportagem do Valor Economico: “Próximo ao prazo final, a mando do Palácio do Planalto, as entidades foram informadas de que não seriam contempladas com praticamente nada”.

Para Paulo Barela, um dos responsáveis da CSP-Conlutas para o funcionalismo, em 2011 os trabalhadores do setor público enfrentaram a política de arrocho salarial com greves e mobilizações, que culminaram em quatro marchas a Brasília. A última, realizada em agosto, conseguiu reunir importantes organizações do movimento sindical e popular, algo que não se via no país desde 2003, na luta contra a Reforma da Previdência.

O sindicalista opina que embora tenha havido importantes greves, como a do Judiciário e dos professores e técnicos das universidades e escolas técnicas federais, elas não conseguiram vencer o plano econômico do governo. “Para isso teríamos que construir uma poderosa greve do conjunto do funcionalismo”, lamenta.

Organização da luta conjunta para 2012

Se essas mobilizações e greves não foram suficientes, elas serviram para que os diferentes segmentos que compõem o funcionalismo acumulassem forças. Tanto que no dia 10 de janeiro, 15 entidades nacionais do funcionalismo estiveram reunidas em Brasília para debater mobilizações conjuntas nos próximos meses. “Estabelecemos uma pauta (reivindicatória) comum, que tem como carro chefe uma (efetiva) política salarial, além da luta contra os projetos de leis que atacam os servidores públicos”, explica Barela.

A resolução mais importante desta reunião, segundo o sindicalista, foi a indicação de um calendário de lutas para o conjunto do funcionalismo. Ele engloba o protocolo das reivindicações junto aos Três Poderes e uma jornada de mobilizações de 12 a 16 de março.

Além disso, a Coordenação Nacional das Entidades de Servidores Públicos Federais (CNESF) realizará um seminário sobre o PL 1992/07, que dá continuidade à Reforma da Previdência de 2003, instituindo teto do benefício ao servidor público aposentado e criando um fundo de pensão que será gerido por agentes do mercado financeiro. O Seminário será realizado dias 4 e 5 de fevereiro, em Brasília.

“Várias categorias já vêm acumulando uma corrosão salarial desde 2007, muitos servidores perderam quase 30% do seu poder de compra. Isso não dá para aceitar”, concluiu.

“Unidade dos servidores para enfrentar a política de congelamento”

O principal argumento do governo Dilma para tentar justificar a política de reajuste zero é o cenário econômico internacional. Na opinião de Ana Luzia Figueiredo Gomes, trabalhadora do TRF-3 e diretora da Fenajufe, “o governo está determinado a fazer com que os trabalhadores paguem pela crise, e escolheu como alvo principal os servidores públicos”.

Para ela, esse é um movimento que está acontecendo em vários países, principalmente na Europa. A sindicalista ainda afirma que os cortes orçamentários no serviço público representam uma piora no atendimento à população, principalmente a mais carente, por isso, “eles representam um ataque à toda classe trabalhadora”.

Diante dessa situação, os trabalhadores do serviço público precisam se unir: “Somente unidos poderemos enfrentar essa política de congelamento salarial”, afirmou.

FONTE: Sintrajud-SP, por Caê Batista

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