A Fenajufe participou, na manhã da quinta-feira [10], da primeira reunião do grupo de trabalho instituído por iniciativa do presidente do STF, ministro Cezar Peluso, para discutir as mudanças no regime de previdência dos servidores públicos federais propostas pelo governo federal, previstas no PL 1992/07. O grupo é formado por especialistas em direito previdenciário e por representantes dos tribunais superiores, do Ministério Público da União [MPU], do Tribunal de Contas da União [TCU] e das associações de classe [de magistrados, membros do Ministério Público e de servidores]. O principal objetivo do grupo é examinar o PL, que autoriza a criação da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal [Funpresp] e, a partir das discussões, marcar a posição do Poder Judiciário a respeito do tema.
“Vamos discutir mais o projeto e ver se ele atende ao objetivo da Constituição Federal”, afirmou o ministro Marco Aurélio, que coordenou a reunião. “Nossa preocupação não é apenas com a situação dos servidores públicos que virão a ingressar no novo sistema, mas com a qualidade do serviço público de amanhã”.
Previdência complementar
O PL 1992/2007, de iniciativa do Poder Executivo, institui o regime de previdência complementar para os servidores públicos federais titulares de cargo efetivo da União, autarquias e fundações, inclusive membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e do TCU. Ele limita as aposentadorias ao limite do Regime Geral da Previdência Social [que hoje é de aproximadamente R$ 3.700], e condiciona a complementação à opção por participar da Funpresp – que, na prática, atua como um fundo de previdência privada.
O projeto de lei aguarda no momento parecer das comissões de Seguridade Social e Família, de Constituição e Justiça e de Cidadania e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Ele tramita em regime de urgência e, a partir de novembro, passará a trancar a pauta do Congresso Nacional.
O ministro observou que o novo sistema de previdência complementar a ser instituído a partir da criação da Funpresp é “uma incógnita em termos de parâmetros” e traz mudanças substanciais que podem afetar de forma significativa a qualidade do serviço público. Na sua avaliação, deputados e senadores “não estão atentos a essa problemática”. Por isso, afirma que é preciso “marchar com calma e segurança para ver todas as implicações do novo sistema, sob pena de se criar o caos”. Para ele, a matéria “não pode ser tocada com açodamento”, e a implantação do regime de previdência complementar “precisa ser arquitetada de forma a não haver prejuízos para os servidores e para o próprio serviço público”.
O coordenador Jean Loiola, que representou a Fenajufe na primeira reunião do GT, afirma a posição da Federação, contrária ao PL 1992. Segundo ele, a proposta tem vários problemas e vícios de natureza constitucional e “incógnitas do ponto de vista fiscal”. “Mas mesmo que isso fosse resolvido, a Fenajufe continuará com sua posição, por não apenas considerar que esse projeto abre portas para a privatização do sistema previdenciário, como também pela defesa intransigente do regime próprio de previdência”, afirma Jean, lembrando, ainda, que os vários fóruns deliberativos da categoria têm resoluções contrárias à previdência complementar e os fundos de pensão.
Fonte: Fenajufe