Foi ao som de Geraldo Vandré que o ato público da tarde de hoje, 12, em frente ao prédio da Justiça Federal, em Belo Horizonte, começou. Ao convocar os servidores a deixarem seus locais de trabalho e juntarem-se aos colegas das Justiças Eleitoral e do Trabalho, a coordenadora-geral do SITRAEMG, Lúcia Bernardes, citou o músico que ganhou fama durante a ditadura brasileira: “colegas, é como diz a música – ‘quem sabe faz a hora, não espera acontecer’, então desçam e vamos participar da luta”. O ato também contou com a música do servidor do TRT Rubens Pinheiro, o Rubinho.
Como esperado, houve consternação a respeito da matéria publicada na edição de 11 de julho do jornal Correio Braziliense acusando os servidores Judiciário Federal de possuírem “supersalários”. A Fenajufe publicou uma resposta em seu site desmentindo as acusações – o texto foi lido pelo servidor da Justiça Federal e presidente da ASSOJAF-MG, Welington Márcio Gonçalves, enquanto Lúcia Bernardes comentou que tal matéria só podia ser “plantada” por setores interessados em desunir a categoria e denegrir a mobilização dos trabalhadores.
Para Hélio Ferreira Diogo, também coordenador do SITRAEMG, a matéria do Correio “nada mais é do que mais uma estratégia para travar o processo [de aprovação do PCS]”. O coordenador fez um apelo para que os servidores chamem uns aos outros para participar dos atos e deflagrar a greve quando for a hora: “não pensem que o reajuste virá de graça”, ressaltou Diogo, que é servidor do TRT.
Tal qual no ato anterior, na Justiça Eleitoral, o microfone foi aberto para quem desejasse se manifestar. Alexandre Brandi, servidor do TRE e ex-dirigente sindical, alertou para o fato de que o governo está conseguindo seu objetivo, que seria dividir a categoria e protelar o reajuste ao máximo – quiçá não concedê-lo: “não temos que aceitar o que o governo quer nos empurrar, temos é que lutar juntos e construir a greve, nossa única alternativa”, disse, conclamando os colegas a se engajarem.
Retomada do movimento em agosto
Hebe-Del Kader, que, além de coordenador do SITRAEMG, é dirigente da Fenajufe, colocou os participantes a par das últimas decisões da federação sobre a greve. Ele explicou que o Comando de Greve Nacional, após reunião, decidiu-se pela suspensão da greve para que o movimento não fosse esvaziado pelo recesso parlamentar e pelas férias de julho, momento em que muitos servidores estão ausentes. “Ainda assim, decidimos [em Minas] manter os atos agendados para passar informações sobre o movimento e mantê-los a par de tudo”, esclareceu.
O coordenador disse ainda que a Fenajufe irá se reunir para definir como será a retomada do movimento paredista em agosto e que é preciso lutar e fazer pressão sobre o Supremo Tribunal Federal – STF para que a verba necessária para o PCS seja incluída na rubrica da LOA 2012, pois, dessa forma, não há como o governo se negar a dar o reajuste. Hebe-Del ainda fez um chamado para que os servidores entrassem em contato com os parlamentares de sua região e pedissem apoio à aprovação do PL 6613/2009.
Modelo de remuneração
Novamente, a questão do modelo de remuneração a ser adotado – PCS ou subsídio – veio à tona durante o ato. Apesar dos questionamentos, a fim de que o ato não perdesse seu foco, Lúcia Bernardes limitou-se a lembrar as declarações do ministro Cezar Peluso, presidente do STF, a respeito da questão e lembrar que o SITRAEMG promoverá seminários na capital e no interior para esclarecer a categoria e debater as vantagens e desvantagens de cada escolha.
O chamado geral foi para que a categoria, independente do modelo de remuneração preferido, se unisse em prol do reajuste para todos. “Estamos todos engajados pelo PCS”, disse Etur Zehuri, aposentada do TRT e também ex-dirigente sindical, ao dirigir-se aos participantes do ato. Ela também chamou a atenção dos servidores para que não aceitassem “qualquer coisa” do governo: “não devemos pensar em ‘o que vier está bom’, pois não somos ‘qualquer coisa’”, salientou.
Confira galeria de fotos do ato na Justiça Federal:
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