O ministro da Economia, Paulo Guedes, está em sérios apuros. Enquanto defende redução drástica nos investimentos no setor público e a retirada de direitos dos trabalhadores, no Brasil, inclusive com congelamento e redução de salários, segundo ele, para equilibrar as contas do Estado e garantir saúde das empresas, ele mantém nada menos que US$ 9,5 milhões (ou R$ 35 milhões) em investimentos em sua offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, rendendo-lhe polpudos lucros de aproximadamente R$ 14 mil por dia.
O investimento era mantido em segredo por Guedes, que não o declarou em seu Imposto de Renda ou ao Banco Central, para não sofrer qualquer taxação no Brasil. Até que foi descoberto na investigação de um consórcio internacional de veículos de comunicação batizada de Pandora Papers, tornada pública na imprensa no último fim de semana.
Ontem (quarta-feira, 7), a Câmara dos Deputados aprovou, por 312 votos a 142, a convocação do ministro para dar explicações sobre seu investimento no plenário da Casa. E no placar da votação, chamou a atenção uma outra vertente da política brasileira que, como Guedes, defende, com eloquência, a austeridade e a moralidade na administração pública, o Estado mínimo, redução dos direitos trabalhistas, o abandono da população: o partido Novo. Assim como se posiciona em relação à Reforma Administrativa, o Novo “fechou” com Guedes, optando, todos eles, por livrar o titular da pasta da Economia da sabatina na Câmara.
Entre esses oito parlamentares, dois são mineiros. Confira a lista: Lucas Gonzalez (Novo-MG), Tiago Mitraud (Novo-MG), Marcel Van Haten (Novo-RS), Paulo Ganini (Novo-RJ), Gilson Marques (Novo-SC), Adriana Ventura (Novo-SP), Alexis Fonteyne (Novo-SP) e Vinicius Poit (Novo-SP).