7º Congrejufe – Em plenária acirrada, delegados decidem pela permanência da federação na CUT

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Frente à maioria dos votos, delegados mineiros lamentaram a decisão, apesar de alguns terem votado pela continuidade da filiação. Ainda assim, é consenso que volta do SITRAEMG à Central está descartada
Aconteceu na noite de hoje, 30, talvez a mais acirrada plenária do 7º Congrejufe – aquela que votou as propostas de desfiliação ou não da Fenajufe da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Com o auditório lotado e com congressistas tensos e devidamente uniformizados – para uma corrente ou outra -, além de bandeiras, apitos e balões, a proposta que mantinha a federação filiada à Central Única dos trabalhadores venceu por 274 votos a 130, com 4 abstenções.
Apesar do SITRAEMG ter se desfiliado da CUT em 2008 e, desde então, ter se mantido sem nenhuma central, os votos dentro da delegação mineira não foram unânimes pela saída da Fenajufe, apesar da maioria ter sido favorável à desfiliação. Alexandre Brandi, presidente do Sindicato mineiro, foi um dos maiores entusiastas pela desfiliação e, logo, um dos congressistas que mais se decepcionou com o resultado. “Agora vai ficar muito mais fácil para o governo implementar os projetos do congelamento [PL 549/09] e da regulamentação do nosso direito de greve. E, se o congelamento passar, o PCS é ‘letra morta’”, desabafou Brandi, que é da opinião de que hoje a central tornou-se “um braço do governo Lula”.
Opinião idêntica tem Célio Izidoro, diretor, que acredita que “desde a posse do governo Lula e desde a reforma da presidência a CUT ficou ao lado do governo e contra os servidores públicos federais”. Nilson Joder de Morais, delegado pelo SITRAEMG, acha que é preciso ouvir todas as correntes, mas considera evidente que a CUT está nas mãos do governo, o que teria trazido o desmantelamento do sindicalismo no Brasil – “porque se manter filiado a uma central que não defende os interesses da categoria? Todos os planos que passaram contra os trabalhadores não tiveram resistência da CUT”, reclama.
Por outro lado, alguns delegados mineiros defenderam, por meio de seu voto, a continuidade da ligação entre CUT e Fenajufe – é caso de Lúcia Bernardes, que também já foi diretora do SITRAEMG. Lúcia explica que a federação precisa estar filiada a uma central sindical – por ser um órgão federal e congregar cerca de 30 sindicatos – e, já que atualmente ela está afastada da CNESF, à qual já foi filiada, ela votou pela continuidade da CUT. Mas frisa que o que mais deseja, acima disso, é ver a unificação das mobilizações nos estados e em Brasília, com a presença de todas as centrais, em prol das lutas dos servidores”, declarou.
Os delegados mineiros Áurea Maria Parreira de Almeida e Hebe Del Kader Batista Bicalho compartilham a opinião de que a desfiliação da federação da CUT não foi levada para discussão junto à base, por isso votaram pela permanência. “Eu tenho minhas convicções, cada servidor tem as suas, e isso hora nenhuma foi discutido”, afirma Hebe, enquanto Áurea atesta que votou da mesma forma que votou quanto à permanência da CNESF, em respeito aos outros sindicatos filiados e “porque é uma forma de estarmos participando do conjunto dos trabalhadores, privados ou não”, diz ela, que também é ex-diretora do Sindicato.

Contradição?

Algo que intrigou vários membros da delegação mineira, especialmente aqueles que votaram pela saída da Fenajufe da CUT, foi o fato de que pessoas que votaram a favor da desfiliação do SITRAEMG da CUT em 2008, hoje voltaram a favor da permanência da federação. Porque? O coerente, acreditam estes delegados, seria manterem seus votos. Questionada sobre isso, Lúcia Bernardes diz que o Sindicato pode continuar sem central sindical porque não há necessidade, ao contrário da federação, que conta com 30 sindicatos em seu rol.
Áurea Maria argumenta que, à época da desfiliação, a direção do Sindicato sentiu que a CUT estadual estava inoperante e não participava das lutas – ao contrário da CUT nacional. Já Hebe Del Kader, diz simplesmente que a questão também pode ser discutida, mas trata-se de instâncias diferentes. Apesar de alguns entrevistados, como Vânia Ribeiro da Silva, delegada e servidora do TRT em Guaxupé, no interior de Minas, acreditarem ser melhor o sindicato permanecer sem uma central definida, por não considerarem nenhuma delas preparada o suficiente para realmente fazer um bom trabalho na defesa dos interesses dos servidores, existe um consenso quanto à mobilização que a CUT é capaz de promover em determinadas lutas.

Volta à CUT é descartada

Este, talvez, tenha sido o único ponto no qual todos os delegados concordaram: não, o SITRAEMG não voltará a se filiar à Central Única dos Trabalhadores, a não ser que ela volte a ser, efetivamente, aliada dos trabalhadores. E, ainda assim, só após muito debate com a base e sem “correria” para se filiar a outra central sindical. Mesmo com todas estas variáveis, o diretor Célio Izidoro é enfático ao dizer que o Sindicato não voltaria, já que existe um “sentimento muito grande por parte dos servidores de Minas quanto a traição da CUT”, enquanto o presidente Alexandre Brandi considera “impossível” esta volta, e lamenta os acontecimentos do dia: “isso [desfiliação do SITRAEMG da CUT] foi decisao tomada pela categoria e eu não consigo entender como a massa de trabalhadores que esta aqui não tem a mesma visão lá da base, dos trabalhadores de nosso sindicato”, lamentou.

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