Arthur Lobato, psicólogo responsável pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral do SITRAEMG foi o segundo palestrante do Encontro Regional – polo Montes Claros, realizado neste último sábado, 7/11, que falou sobre “Saúde e Assédio no Trabalho”. Antes de iniciar sua palestra, Lobato parabenizou o trabalho da direção do Sindicato e disse estar muito satisfeito em trabalhar junto a esta gestão, pois a considera bastante combativa.
Ao iniciar sua apresentação, Lobato citou as inúmeras causas das doenças laborais, que vão muito além de apenas os trabalhadores envelhecerem. São situações diárias, como, exercício repetitivo, a utilização de mobiliário e tecnologia ultrapassados dentre outros, que também contribuem para o adoecimento do trabalhador. Dentro desse adoecimento, encontra-se também o assédio moral. Segundo Lobato, dados do Ministério Público do Trabalho mostram que o Brasil está em 4º lugar em números absolutos em mortes no trabalho, ficando atrás apenas da China, Estados Unidos e Rússia.
Arthur Lobato falou sobre os impactos à saúde do trabalhador no mundo globalizado, destacando as vivências em ambientes de competitividade, individualidade, produtividade, novas tecnologias e um novo mundo de trabalho. “Com tudo isso, precisamos cuidar da nossa saúde física e psíquica”, aponta o psicólogo, informando que os maiores problemas envolvendo o trabalho tanto na iniciativa privada, quanto no setor público são os planos de metas, que levam à pressão dos gestores e, como consequência, pressionam seus subordinados, gerando conflitos de tratamento também entre os colegas.
Assédio Moral
O assédio moral é um mal invisível no ambiente de trabalho, pois representa, segundo Lobato, “um conjunto de práticas perversas efetuadas ao longo do tempo de forma sistematizada, com a intenção de prejudicar uma ou mais pessoas”. No ambiente de trabalho, o conceito de assédio moral é definido como qualquer conduta abusiva, repetitiva, que visa diminuir, constranger, desqualificar psiquicamente um indivíduo.
E quem entra na luta contra o assédio moral? “Os sindicatos têm um papel fundamental nesta luta, tornando-se grandes defensores, ao lado dos colegas de trabalho, ao perceberem que alguém está sendo assediado”, informa o psicólogo, dizendo que o assédio é realizado de forma dúbia, maliciosa, dando margem a diversas interpretações, atuando no psicológico e emocional da pessoa. “Geralmente o assédio começa com problemas em relação às diferenças de gênero, idade, raça, religião, estética, competência etc.”, explicou Lobato, destacando os efeitos do assédio moral, que são o absenteísmo, presenteísmo, queda de produtividade, licenças médicas, mudanças de setor e distúrbios psíquicos, emocionais e somáticos.
Após a apresentação do psicólogo Arthur Lobato, vários servidores se manifestaram sobre o tema e até mesmo fizeram relatos de experiências já vividas. Vilma de Oliveira, também coordenadora do Sindicato, ressaltou que, assim como existe a Lei da Palmada, deveria ser criada uma lei que tratasse o tema, a fim de minimizar os casos de assédio moral nos locais de trabalho.
Departamento de Saúde e Combate ao Assédio Moral
Vale lembrar que o SITRAEMG criou a partir de uma deliberação no X Congresso da entidade, realizado em abril deste ano, em Juiz de Fora, o Departamento de Saúde e Combate ao Assédio Moral, que conta com a participação do psicólogo Arthur Lobato. Esse departamento tem a função de estudar os casos individuais e reforçar a solidariedade entre os servidores, buscando saídas coletivas. Além disso, visa buscar nos tribunais a existência de políticas de combate ao assédio moral em suas instituições. “O movimento do Sindicato está oxigenando os locais de trabalho”, pontua Lobato.
Alexandre Magnus, coordenador do Sindicato, informou aos colegas que já têm casos sendo avaliados por esse Departamento. Contudo, alerta que é necessário trabalhar preventivamente os casos.