Também na tarde do sábado (25), os participantes do X Congresso Ordinário do SITRAEMG assistiram à apresentação sobre “Política Nacional de Saúde do Servidor Público”, tema proferido pelo médico com residência em psiquiatria, servidor da Justiça Federal do Rio de Janeiro, Dimas Gonçalves, que é também diretor da Divisão de Atenção à Saúde do TRF da 2ª Região. O médico abriu sua palestra informando que a profissão da saúde não é muito fácil, “no Judiciário então, é muito complexa, pois o objetivo do Órgão não é a saúde”, declara.
Sobre o cenário da saúde dos servidores do Judiciário Federal, Gonçalves informou que esta população está “adoentada”. O médico falou sobre o crescimento das doenças laborais decorrentes da imposição de metas e a crescente utilização de novas tecnologias digitais, sobretudo com a implantação do PJe no Judiciário, que vem aumentando visivelmente os problemas de saúde dentro dos tribunais. Além disso, os novos meios levam os servidores a estenderem suas jornadas levando trabalho para casa, o que vem contribuindo, segundo o palestrante, para o aumento nos números de aposentadoria por invalidez (doenças laborais), afastamentos, dependentes químicos dentre outros.
Saúde X Trabalho
“O trabalho é necessário para as pessoas se manterem”, contudo, segundo o palestrante, há de se observar que o trabalho deve ser algo bom, prazeroso ao ser humano, acompanhado com boas condições de saúde e salariais. “Temos que buscar o melhor agora, aqui. Se não tivermos boa saúde, não conseguiremos fazer bem o nosso trabalho”, aconselha o médico.
Segundo o palestrante, inspirado no Executivo Federal, que experimenta um novo modelo de atenção à saúde, desde 2000, o CNJ vem tentando uniformizar um padrão de saúde para todo o Judiciário. “O ideal é que todas as unidades de saúde tenham um número satisfatório de profissionais da área, priorizando a saúde. Temos que ter metas de saúde”, aponta Dimas Gonçalves, lembrando que a política nacional de atenção à saúde do Judiciário Federal passa da questão administrativa para a política.
De acordo com o profissional, é necessário que se crie uma estrutura de atenção à saúde “que não se perca no tempo”. Um comitê gestor formado por conselheiros, magistrados e servidores para cobrar do CNJ o cumprimento da atenção ao bem-estar. “Cada tribunal tem que ter seu comitê local, dando continuidade para saber se a saúde dos servidores está sendo observada”, defende Gonçalves, na esperança de que o CNJ venha a editar normas para atingir “metas de saúde”, defende o psiquiatra, ressaltando que deve haver uma inversão das prioridades: “Não devemos ser saudáveis para trabalhar, mas sim, trabalhar com saúde”, indica.
Ao término da apresentação de Dimas Gonçalves foi aberto um debate acerca do tema, com inúmeras intervenções, sobretudo a necessidade da jornada reduzida de trabalho – 6 horas.