As últimas visitas do dia 9 de julho feitas pelo SITRAEMG, representado nesta viagem pela coordenadora-geral Lúcia Maria Bernardes de Freitas e pela coordenadora de Saúde e Relações de Trabalho Débora Melo Mansur, foi aos servidores da Justiça Eleitoral de São João Del Rei e de Prados, município vizinho à cidade histórica. Dois pontos foram comuns nestas visitas e são constantes entre os servidores da JE no interior: a precariedade geral para trabalhar e a dificuldade em conseguir servidores para o quadro. A situação é alarmante, especialmente quando em comparação com as condições de trabalho em Belo Horizonte.
Em São João Del Rei, a Justiça Eleitoral tem dois cartórios, localizados no centro da cidade, que ficam a pouco menos de um quarteirão de distância um do outro, sendo que um deles já trabalha com a biometria. Todos os servidores foram unânimes em cobrar a urgente criação de cargos para o TRE-MG: “porque estão abrindo novas Zonas Eleitorais se não criam cargos para elas?”, questionaram. A falta de cargos inviabiliza, também, a inclusão da Zona Eleitoral em concursos de remoção. Lembrando que, em março deste ano, o SITRAEMG esteve no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tratando exatamente desta questão – veja detalhes aqui.
“Deveria ser pré-requisito para assumir cargo em Belo Horizonte passar um tempo trabalhando no interior, pois lá eles não têm nenhuma noção do aperto que passamos aqui”, reclamou um servidor, após contar todos os percalços pelos quais eles passam não só em época de eleições, mas durante todo o ano. “Acho um absurdo a Carmen Lúcia [presidente do Tribunal Superior Eleitoral] dizer que a Justiça Eleitoral está a postos para realizar o plebiscito, não tem nenhuma condição”, indignou-se outro, acrescentando que as propagandas do TSE pregam uma Justiça “pronta para o que der e vier”, mas que, na verdade, tais peças mostram pouco da realidade e confundem os eleitores – por conseqüência, os servidores precisam trabalhar dobrado para reverter os maus entendidos.
E, se alguém acha que a chegada da biometria facilitou a vida do servidor, engana-se. Segundo aqueles que lidam com a técnica, o sistema e os arquivos que eles precisam manipular ainda apresentam falhas e o atendimento agora leva muito mais tempo. “Só ficamos sabendo que um arquivo que enviamos para o TSE deu erro meses depois. Temos muitos eleitores idosos e da Zona Rural e, se isso acontece com eles, geralmente eles não voltam quando chamamos para corrigir, é muito trabalhoso para eles”, explicou um trabalhador de um dos cartórios, acrescentando que, segundo o TSE, o sistema “é para ser seguro, e não rápido”.
Prados precisa de uma nova sede
Na Zona Eleitoral de Prados, a 228ª ZE, trabalham dois servidores do quadro e um requisitado – que está ameaçado de ser devolvido devido a exigências sobre sua escolaridade que, curiosamente, só apareceram agora, depois de mais de cinco anos a serviço da Justiça Eleitoral. O chefe de cartório da ZE, Anderson Ladeira, inclusive prestigiou o Encontro Regional Zona da Mata, realizado em junho, na cidade de Juiz de Fora.
A ZE da pequena cidade é responsável por entre 13 e 14 mil eleitores e, novamente, o pedido por uma nova sede foi feito ao SITRAEMG. De acordo com os servidores, a infra estrutura é muito precária, mas o TRE-MG se recusa a comprar um imóvel – prefere esperar que a prefeitura ceda um ou pague o aluguel para o tribunal. Essa postura tem sido relatada em diversos cartórios do interior mineiro, o que deixa os servidores praticamente abandonados à própria sorte em imóveis muitas vezes insalubres e sem conforto para trabalhadores e população.
Na manhã de quarta-feira, 10, o Sindicato prosseguirá com a visita às cidades do Campo das Vertentes se dirigindo à Congonhas e Conselheiro Lafaeite. No entanto, há a possibilidade de mais cidades serem incluídas neste roteiro.
Janaina Rochido, de São João Del Rei